quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A MORTE

Pertenço a uma geração que chega, passo a passo, ao limite de vida conseguido pela espécie humana. Uns, mais jovens e outros, mais velhos do que eu, já morreram.
Deste ponto limite, desta linha de chegada, como os corredores, pela lei da inércia, embalado pela velocidade, pode-se passar. O prêmio da competição é para quem chegar primeiro à marca estabelecida.
A marca da morte, porém, é invisível, inextinguível e intransponível. Quem a pôs naquele lugar e naquelas circunstâncias é um assunto do destino.
Alguém está preparado para morrer? Mente quem afirme que está e não tenha medo da morte.
Tenho voltado ao tema em conversas com Pedro de Montemor. Manifestei-lhe que encaro a morte em meus pensamentos e ela sempre me convence. Vejo-a a alguns anos na frente. O desejo de viver a empurra para diante. Aceito a contagem dos anos e admito que, dentro de 20 anos, estarei morto. Mas não estou preparado para morrer agora, nem quero preparar-me para uma luta e um debate do qual sairei perdedor.
Lamento apenas que a morte não seja um problema meu quando me cortar a vida. É para outros que se dá preocupações quando se morre. Além da tristeza, das lágrimas e do caixão, outros terão que enterrar-me ou cremar-me.

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