domingo, 25 de outubro de 2009

O JUDAS DO LULA

Meu caro Pedro de Montemor, você não estava aqui quando o senhor Lula se excedeu na fala. Ultimamente, sua qualidade de boquirroto político surpreende a cada dia. O senhor Luiz Inácio não só imagina como tem certeza de que seus assessores mais próximos, a quadrilha de deputados e senadores que o apóiam, as grandes empresas e empresários a quem lhe dá contratos milionários para realização de obras, são tão belos e inocentes quanto os anjinhos de Rafael Sanzio.
Houve tempos, no século passado, em que ele afirmava haver “300 picaretas” no Congresso e que o senador Sarney era o “maior grileiro do Maranhão”. Apelava ao Tribunal de Contas da União para acabar com a farra às custas do orçamento e debelar a ladroeira pública.
Hoje, (não ria de mim) acha absurdo que o TCU fiscalize as obras impecáveis do PAC, sigla desagregada nas rodas íntimas da presidência como “programa de ajuda aos companheiros”. Em seu governo, a inocência, a pureza e a honestidade do enriquecimento estão acima de qualquer suspeita e de qualquer instituição pública que pretenda fiscalizar em favor do bem comum.
Faz poucos dias, invocou a autoridade de Jesus Cristo. Já o havia feito antes, há dois ou três anos, com menos arrogância, comparando-se ao Messias que veio para salvar o Brasil. Desta vez, sentiu-se ofendido da acusação infundada de ter levado para seu círculo administrativo e político a pior equipe de raposas políticas que vem atacando o galinheiro nacional todas as noites durante cinquenta anos. Mas todos eles têm historia e não podem ser tratados como homens comuns.
Em resposta a essas agressões, disse o senhor Luiz Inácio, depois de uma celebração política, que se Jesus Cristo viesse a ser presidente da Palestina teria que fazer aliança com Judas. Como é que ele sabe disso? Mas o que intriga os poucos que ouviram seu desabafo ético é saber quem é o Judas deste governo. Judas, segundo a lenda, era um dos doze que andavam com Jesus para cima e para baixo e lhe havia sido confiada a chave do cofre onde se guardavam as dracmas.
Com muita prudência lhe submeto algumas especulações. Será o Mantega? O Meireles? A Rousseff? (com esse nome!) O Zé Dirceu? O Palocci? O Genro? A Salviati? O Marco Aurélio? O Sarney? O Collor? Eis a delicada questão que ficou no ar. Eis a dúvida que paira sobre esses apóstolos que descobriram o Brasil em 2003 e inventaram a boa nova da roda redonda para multiplicar as moedas de ouro na ciranda financeira.
Quando a turba toda que comeu os pães e os peixes mandar para a cruz o senhor Luiz Inácio, aparecerá o Judas em todo o esplendor de sua traição.

NÓS, BRASILEIROS

O brasileiro típico é sonegador de informações e de impostos, atrasa o aluguel, a conta da água, da luz e do condomínio. Não sabe o que é horário porque amanhã é outro dia. Se não é pressionado não faz. Sem polícia por perto, a lei não existe. Mente sempre que surge oportunidade, enrola o credor para não pagar, quer tudo gratuito, dinheiro sem trabalhar.
Enche os estádios e quer que seu time sempre ganhe de goleada. Para ele, vice-campeão e nada é a mesma coisa. Acha que torcer para seu time é um cansativo trabalho que merece entrada gratuita, pipoca e cerveja de graça.
Endivida-se acima da capacidade de pagar, gasta mais do que ganha, assina contrato sem ler, dá cheque sem provisão, espera sempre a ajuda de Deus para se sair bem de enrascadas que aprontou. Acusa o governo pelas dificuldades pessoais, pela chuva, pela enchente, pela seca e pelo engarrafamento no trânsito.
O brasileiro pobre gosta do luxo. Prefere as dificuldades da pobreza às vicissitudes da riqueza, Apieda-se do rico quando perde fortunas na roleta, mas se a enchente levar seus moveis e a casa junto diz ao repórter que o jeito é começar tudo de novo e que Deus há de ajudar.
Estaciona sobre a calçada, ultrapassa pela direita ou pelo acostamento. Fura fila com a maior cara de pau. Pego em alguma contravenção, dirá automaticamente que não sabia, ninguém foi à casa dele para informá-lo. Não lê jornal, não ouve noticiário de rádio ou TV, exceto futebol, novela e pegadinhas do Faustão. Não lê placas de trânsito, toma vaga de idoso ou de deficiente sem perceber e alega que tem pressa, é uma emergência.
Quer que a polícia prenda o filho dos outros e que o ladrão roube o vizinho. Está sempre pronto a subornar a polícia e a polícia a extorquir o cidadão. O ladrão rouba o banco e os que o prendem roubam o ladrão.
Joga lixo no chão. Latas e garrafas voam pela janela do carro ou do ônibus. Dirá que não foi ele, não viu, não sabe quem foi e tem raiva de quem sabe. É o Lula escrito e cuspido. Mente e gosta de ouvir mentiras. Acredita nas mentiras oficiais, extraoficiais, políticas e econômicas e não acredita quando lhe dizem a verdade. Rebate a mentira com outra. Todo brasileiro mente, do Presidente da República ao gari, do senador ao eleitor, do empresário ao sindicalizado, do patrão ao operário, do vigário ao coroinha, do bispo ao crente, da madame à empregada. Todos sabem que um mente ao outro porque a mentira se converteu em ordem.
Fala alto no restaurante, no celular, na rua, na sala de concerto, no cinema. Adora uma corrupçãozinha e a acha normal porque é pratica pelos de cima, do meio e de baixo. Faz negócios por baixo do pano, gruda-se no rico e no político para tirar vantagens pessoais.
O brasileiro não tem má fé, age retamente e as maracutaias as faz de caso pensado, sem segundas intenções. A falta de seriedade é de seu caráter meigo e cordial. É esse comportamento relaxado e irresponsável que o mundo admira e torna o Brasil o melhor dos mundos para se viver. Aqui temos as melhores e mais bem urdidas leis, mas raras são as que pegam. O mundo as copia, cumpre, as elogia e só não sabe fazer com elas o que nós inteligentemente realizamos. Eles as observam e o brasileiro passa o dia atrás do jeitinho para burlá-las.
Os brasileiros das Olimpíadas somos nós, campeões da Copa do Mundo de Futebol. Temos vocação para os extremos. Somos uma Belafra –Bélgica e Biafra – campeões da desigualdade e exportadores do bolsa família, sutil estratégia para movimentar o consumo em nome do combate à pobreza. O brasileiro é cheio de esperança, não desiste nunca e tem certeza que tudo se arranja e, no fim, tudo vai dar certo porque Deus é brasileiro, corta o bolo da festa e reparte alegremente a pizza.
Por isso, numa hora destas, olhando para as Olimpíadas de 2016, com lágrimas nos olhos e samba no pé, o carioca, cercado de 220 milhões de cidadãos astutos, se ajoelha ao pé do Corcovado e clama com voz embargada:
− Eu me orgulho de ser brasileiro.

MITO DO DESENVOLVIMENTO RURAL

Leio na Folha de São Paulo (11.10.2009) a opinião do ministro do MDA, Guilherme Cassel, sobre Um novo modelo de desenvolvimento rural. Depois de apresentar alguns números extraídos do IBGE e cuspir percentuais a esmo, sem esmiuçá-los, consegue iludir-se com esse novo modelo: “O Censo Agropecuário 2006 mostra que está em curso uma nova dinâmica social e produtiva no campo brasileiro. Uma dinâmica em que pequenos e médios produtores viraram sinônimo de qualidade de vida”.
Qualidade de vida é um chavão estéril. É o uso de expressões cunhadas que nada significam. Utilizo os números que o senhor. Cassel oferece aos leitores para entender sua pífia conclusão. O ministro não se utilizou dos principais dados do Censo relativos à educação que revelam as causas do desastre desse modelo de desenvolvimento rural. Informa ele que a agricultura familiar emprega 75% da mão de obra no campo, incluindo todos os familiares, característica desse sistema produtivo. A Agricultura Familiar responde por 38% do valor (não diz se é bruto ou líquido) da produção. O valor anual é de R$54,4 bilhões. Ao mesmo tempo, nos informa que existem 4,3 milhões de estabelecimentos de Agricultura Familiar.
Ora, o resultado econômico anual de cada estabelecimento é de R$12 mil, aproximadamente, pouco mais de R$1.000 por mês, divididos entre os cinco, sete ou mais membros da família. Este resultado final da nova dinâmica social e produtiva alcança a estupenda soma de R$170 mensais por pessoa ou R$5 per capita/dia dependendo no numero de familiares e agregados.
Pedro de Montemor, ao lhe mostrar esse dado, assegurou-me que se trata apenas de uma ironia fina do senhor Ministro que ganha, num mês, sentado em sala climatizada, o que o agricultor familiar consegue no ano. Mas esse êxito do agricultor se denomina qualidade de vida. Se o campo contasse com boas escolas não haveria quase 40% de analfabetos que não podem ler as provocantes opiniões do ministro sobre sua qualidade de vida. E se todos tivessem água encanada, canalização de esgoto e casas confortáveis, os cinco reais por pessoa seriam aceitáveis no começo do século passado.
Na cidade, uma diarista brasiliense recebe entre 40 e 80 reais por oito horas de trabalho. Os trabalhadores rurais, no Distrito Federal, não trabalham por menos de R$ 20,00. Talvez seja por isso que, cansados de migrar para as cidades grandes, os pequenos agricultores migram para o Bolsa Família. Seria melhor que o senhor Cassel defendesse os agricultores da semiescravidão a que o sistema produtivo do novo capitalismo petista os está submetendo por meio de endividamento impagável, denominado crédito rural, base do novo modelo de desenvolvimento rural, sinônimo de “qualidade de vida”..

terça-feira, 20 de outubro de 2009

SETOR NOROESTE

“Dizer que o Noroeste é o primeiro bairro ecológico é apenas um elemento de marketing,” afirmam em artigo minucioso o coordenador do Setor Noroeste Paulo Zimbres e o professor da UnB Geraldo Nogueira Batista. O grosso caderno de publicidade, propaganda e marketing com 24 páginas do Correio Brasiliense (18.10.2009) vai além da afirmação dos arquitetos.
Assisti a conferências, discussões e seminários sobre a conveniência do adensamento urbano da capital. Participei de reuniões específicas sobre o Setor Noroeste, li entrevistas de autoridades governamentais, empresários e políticos em defesa da expansão e do crescimento de Brasília. Reiteradamente, cita-se em apoio ao novo setor, e só a ele, o relatório do Dr. Lúcio Costa – Brasília Revisitada. Parece que, nesse relatório, não há outro item importante à exceção da proposta da área noroeste para expansão da cidade.
Atrevo-me a afirmar que se as demais propostas e recomendações contidas no Brasília Revisitada tivessem sido tratadas com o mesmo emprenho governamental, o mesmo dinheiro, a mesma capacidade de engenheiros e arquitetos do projeto Noroeste, a diligência da Câmara Legislativa, a firmeza dos órgãos ambientais e a celeridade dos tribunais de justiça, Brasília teria um rosto melhor cuidado. Não seria essa terra de ninguém onde cada um faz o que bem entende, do puxadinho aos quiosques, das ocupações irregulares aos gabaritos de 30 andares.
Um bairro ecológico se caracteriza pela capacidade da natureza em repor com a mesma velocidade e intensidade a riqueza natural explorada e consumida pelos habitantes que ocupam uma área de terra. No cômputo desses habitantes não figura apenas o homem. Ele será, ali, minoria. Levará consigo poderosos artefatos que competirão com a maioria dos habitantes originais da área, atacados minuto a minuto pelo exacerbado consumo do homem. Água. Os 40 mil moradores tirarão dali 14 milhões de litros diários para uso direto. Milhares de árvores, plantas e arbustos com volume hídrico apreciável serão erradicados e deslocados para outras áreas. Pássaros e milhões de insetos compõem o equilíbrio biológico e ambiental. “Alguns” indígenas absurdamente considerados invasores das terras brasileiras, ali radicados, terão que buscar outro espaço para sobreviver.
O fato de serem instaladas facilidades do progresso e novos artifícios para o conforto humano não caracteriza ipso facto o estado ecológico do bairro. A solução técnica, por mais acabada e defensável, não é necessariamente ecológica. A arte e a beleza paisagística podem ser uma estética maquilagem se não equacionarem o equilíbrio entre a oferta e o consumo da riqueza natural. A impermeabilização do solo com a construção de edifícios, avenidas, ciclovias, exigirá cuidados especiais para garantir a infiltração de águas pluviais e assegurar a recarga dos mananciais e aquíferos subterrâneos da área, sob o risco de secamento das bacias do Bananal e do Paranoá.
Chegará o marketing às cabeças dos novos moradores ou produzirá apenas efeitos imobiliários, status social e enriquecimento de construtores?
Cientes da moleza de nossas instituições e da presença constante de interesses secundários, os autores de FRUTO DE MUITAS CABEÇAS esperam que as flexibilidades anunciadas não desviem nem corrompam a “proposta tão esmeradamente desenvolvida”. Águas Claras e centenas de condomínios irregulares sobre a frágil área do Cerrado são fatídicos exemplos que gritam mais alto contra a insensatez do crescimento que impõe impagáveis custos ambientais na conta do conforto urbano desejado e da saúde humana ameaçada.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

BIOGRAFIA DO AUTOR DO ROMANCE

AS PEDRAS DE ROMA

EUGÊNIO GIOVENARDI

O grande marco da expressão literária do escritor Eugênio Giovenardi, reside na trilogia iniciada com o romance Os Filhos do Cardeal de 1997, atualizado e revisto com o nome O Homem Proibido de 2009, tendo continuidade com o romance Em Nome do Sangue de 2002 e fechada com o romance histórico As Pedras de Roma de 2009.

Em seu primeiro romance Os Filhos do Cardeal, o autor procura mostrar a luta entre o que ele foi, o que era e o que queria ser. Uma esgrima entre o frei Leonardo de Módena (nome dado pela ordem a qual pertencia aos 25 anos de idade) e o seu nome verdadeiro, ou seja, uma pessoa escondida, que estava na clandestinidade, um esquizofrênico literalmente. Fatos que demoraram mais de 20 anos para serem assimilados e tornarem-se neste livro. Um livro de um apóstata. O livro todo é uma luta pela libertação, contra todas as amarras. Pois ele, segundo filho de uma família de nove irmãos, é levado aos dez anos para o seminário da ordem dos Capuchinhos.

No início dos anos 60, alguns frades, entre eles o já ordenado frei Leonardo de Módena, são escolhidos para a formação em universidades laicas. O sociólogo formado pela UFRGS, o frei, é expulso de Porto Alegre por Dom Vicente Scherer e segue para realizar o curso de pós-graduação na Universidade de Paris. Ali, abandona a ordem e a Igreja, sem se submeter aos processos canônicos, tomando o caminho da apostasia em pleno maio de 68, na Revolução Estudantil francesa, quando todas as pessoas saiam para dizer não para alguma coisa ou sim para outra. Nesse movimento ele se integrou e ficou esperando a imprevisibilidade da vida acontecer, que de fato aconteceu.

Estes relatos abaixo, refletem a intensidade e a pujância do trabalho literário de Eugênio com sua obra Os filhos do cardeal

“Os filhos do cardeal, é um relato realista e pungente da experiência pessoal de uma criança ingênua que é envolvida inadvertidamente num mundo religioso cheio de preconceitos, distorções espirituais, autoritarismo, opressões que acabam por constituir um regime repressor que perturba o crescimento natural da pessoa.” ISABEL MARIA VIEIRA, psicanalista

“Este es un libro de fe. Fe en si mismo ante un destino por cumplir. Este relato alcanza momentos de intensidad ejemplares. Se lee como una novela que no nos importa a veces si es verdad lo que acontece. El personaje de LOS HIJOS DEL CARDENAL logra dar un paso hacia una libertad que constituye la plenitud vital, el ejercicio de su libre albedrío. Giovenardi logró un magnífico libro. Hermosa lectura universal.” VIRGILIO LOPEZ LEMUS, poeta e ensaísta cubano

Tendo muito ainda a dizer, o segundo livro Em Nome do Sangue, aproveitou a história de um frade conhecido seu. Neste livro o autor desejou mostrar a hipocrisia estrutural da Igreja, que ao condenar o homossexualismo, condenar as mulheres, vive cercada de dogmas, que não abrem sequer a possibilidade de uma discussão dialética sobre a possibilidade de que um dogma não ser tão irremediável a inteligência humana. Essa degradação da inteligência humana é o que levou o autor a mostrar esse mosaico que se transformou as Igrejas de hoje.

Com este livro o autor foi agraciado com Prêmio Açorianos de Literatura, concedido pela Prefeitura de Porto Alegre no ano de 2003, como melhor Romance.

Agora em 2009, será lançado o livro As pedras de Roma, um romance histórico ambientado no século XVI da era cristã, que narra à vida de Giovanni de Médici, mais conhecido como papa Leão X. Revelando os pensamentos ocultos do Soberano Pontífice. O romance entremeia relatos confidenciais de um humanista agnóstico que se expõe como homem, no posto eventual de papa. É o homem atrás da cortina do inquestionável poder religioso. É um relato transparente de como se fala, se comenta e se vive o papado na Renascença.

As pedras de Roma sobre as quais, segundo promessa evangélica, se fundaria um novo império, escurecidas sob o peso dos séculos, acompanharam o esplendor da arte e das letras. Os pensamentos cotidianos e as confidências de um papa agnóstico, retratam momentos e memórias, na forma de quadros e pinturas dependurados nas paredes do tempo. Como numa pintura, a ficção imita e recria a realidade, empresta-lhe vida nova. Quadros, memórias, imagens permanecem além da vida curta do homem passageiro.

O romance se baseia em fragmentos da vida do primeiro papa florentino, irrequieto, indeciso, mecenas da arte e da literatura. Mostrando que a linguagem assim como os fatos, revelam que o passado ainda se faz presente.

EUGÊNIO PEDRO GIOVENARDI - Nasceu no município de Casca, colônia italiana, no Rio Grande do Sul, em 28 de junho de 1934 e reside em Brasília desde 1972. É teólogo, sociólogo, filósofo e escritor. Licenciado em Ciências Sociais, pós-graduado em Desenvolvimento de Cooperativas e Grupos Associativos, pela Université de Paris, Ecole Pratique de Hautes Etudes; na França, e em Desenvolvimento Econômico, na Inglaterra, pela Loughborough University of Technology. Desempenhou no Brasil várias funções técnicas relacionadas ao fomento do cooperativismo e à capacitação de técnicos e produtores em assentamentos rurais. Como consultor da OIT (Organização Internacional do Trabalho), foi diretor e formulador de projetos de erradicação da pobreza em Países Andinos e América Central.

Transitando com desenvoltura pelo português, espanhol, francês, inglês e italiano escreveu as seguintes obras:

AS PEDRAS DE ROMA (romance histórico) maisQnada editora, Porto Alegre, 2009;

O HOMEM PROIBIDO (romance) Editora Movimento, Porto Alegre, 2009. Edição revista e atualizada do primeiro romance de Eugênio, Os Filhos do Cardeal;

A SAGA DE UM SÍTIO (novela) Editora LGE, Brasília, 2007;

O RETORNO DAS ÁGUAS (ensaio ecológico) edição bilíngüe (português/espanhol), Editora SER, Brasília, 2005;

SOLITÁRIOS NO PARAÍSO (poesia e prosa) Editora Movimento, Porto Alegre, 2004;

VENTOS DA ALMA (poesia) Editora SER, Brasília, 2003;

OS POBRES DO CAMPO (ensaio) Editora Tomo, Porto Alegre, 2003;

EM NOME DO SANGUE (romance) Editora Movimento, Porto Alegre, Ganhador do Prêmio Açorianos de Literatura, Secretaria de Cultura de Porto Alegre. Traduzido para o finlandês, Editora LIKE, Helsinque, Finlândia, 2005;

POEMAS IRREGULARES (poesia) Paralelo 15, Brasília, 1998;

OS FILHOS DO CARDEAL (romance) Paralelo 15, Brasília, 1997, traduzido para o espanhol (Los Hijos del Cardenal) - publicado em Havana, Cuba em 2000 e para o finlandês (Kielletty Mies, publicado em Helsinque, Finlândia em 2001); a tradução para inglês, Forbidden Man, feita em 2006 aguarda publicação.

MESA TEMÁTICA: Romancistas Históricos e suas Criações Literárias
EVENTO VICULADO A PROGRAMAÇÃO DA 55ª FEIRA DO LIVRO DE PORTO ALEGRE

CONVIDADOS: Eugênio Giovenardi (lançando "As pedras de Roma") e Sérgio Luiz Gallina (lançando "O cavaleiro do Templo II")

PAUTA: Neste encontro os escritores debateram sobre o processo criativo, definição de roteiro e personagens e a dedicação para estudar períodos da História, a base para a fundamentação de um romance histórico.

DATA: 31 de outubro de 2009 - das 17h às 19h

LOCAL: Centro Cultural Érico Veríssimo 4º andar - Sala: "O Retrato" Rua dos Andradas, 1223 - Porto Alegre - RS

APOIO: Câmara Rio-Grandense do Livro

CURADORIA: maisQnada administração cultural

INFORMAÇÕES: EGÍDIO FERRONATTO – FONE: (0**54)3313-6303

NELCIR ANTONIAZZI – FONE: (0**54)9937-6504

Parte superior do formulário

CONVITE LANÇAMENTO DE LIVRO

CONTAMOS COM SUA HONROSA PRESENÇA NO

LANÇAMENTO DO LIVRO

“AS PEDRAS DE ROMA”

“As pedras (de Roma) são pedras simbólicas. Entre a astúcia, a sorte, a força, a autoridade, a firmeza da ambição, o fascínio do poder e da riqueza, a vaidade, o prazer da mesa e da cama, a arte das cores e a da guerra, a animalidade cruel do homem-lobo, qual dessas pedras é mais consistente para manter o poder?”



Data: 04 de novembro de 2009 - Quarta-feira

Local: Livraria Nobel – Shopping Bella Città

Horário: A partir das 19h

Autor: Eugênio Giovenardi

Editora: maisQnada



EDITORA maisQnada LIVRARIA NOBEL PORTO ALEGRE – RS SHOPPING BELLA CITTÀ





ACADEMIA PASSO-FUNDENSE DE LETRAS



LANÇAMENTO: PORTO ALEGRE - RS: 31.10.2009 PASSO FUNDO – RS: 04.11.2009





AS PEDRAS DE ROMA

EUGÊNIO GIOVENARDI

A eleição dos papas, à época do Renascimento, era um negócio de famílias. Comprava-se, apostava-se e ganhava-se. Preservava-se a fortuna familiar que se consolidaria com parte da riqueza acumulada pelo Estado do Vaticano. Era um dos requisitos para manter-se no poder.

O Florentino Giovanni de Medici (1475-1521) assume o poder no Vaticano. Agnóstico, humanista, interessa-se mais pela arte e literatura do que pela prática da religião. Convive com Rafael, Michelangelo, Machiavelli. Condena Lutero por razões de Estado

A compilação da teologia, a proclamação de verdades inquestionáveis em forma de dogmas, o código canônico que determina condutas e sanções, a moral que vacila ao sabor das épocas, conservadora ou liberal, são ações que exigem organização, burocracia, dinheiro, estratégias, governo.

Pela primeira vez, na literatura ficcional brasileira, se revela o código de fianças da venda de indulgências para obter a absolvição antecipada de pecados e crimes. O dinheiro seria empregado na construção da Catedral de São Pedro, em Roma.

Art. I − O eclesiástico que incorrer em pecado carnal, seja com monjas, primas, sobrinhas, afilhadas, ou com outra mulher qualquer, será absolvido, mediante pagamento às arcas papais, de 67 libras ouro e 12 soldos.

Art. V − .Os sacerdotes que quiserem viver em concubinato com suas parentas pagarão 76 libras e 1 soldo.

Art. X − Se o assassino deu morte a dois ou mais homens num mesmo dia, pagará como se tivesse assassinado a um só.

Art. XXXIII − Os eunucos que quiserem entrar para as Ordens sacras pagarão a quantidade de 310 libras e 15 soldos.

As pedras (de Roma) simbolizam a perenidade, a resistência, a dureza sobre as quais repousam edifícios. Que pedras são essas que suportam o peso das ambições humanas políticas e religiosas? São pedras simbólicas. Entre a astúcia, a sorte, a força, a autoridade, a firmeza da ambição, o fascínio do poder e da riqueza, a vaidade, o prazer da mesa e da cama, a arte das cores e a da guerra, a animalidade cruel do homem-lobo, qual dessas pedras é mais consistente para manter o poder de um papa? Sobre quais colunas de mármore se sustenta a sociedade humana e o poder que a dirige e domina?

Eugênio Giovenardi (61) 9981-2807 http://www.eugeObservador.blogspot.com

O AUTOR

EUGÊNIO GIOVENARDI, natural da Cidade de CASCA, RS é sociólogo graduado na UFRGS e Pós-Graduado em Sociologia do Desenvolvimento na Sorbone, Paris. É especialista em Cooperação Agrícola e Organizações Rurais, às quais dedicou 35 anos. Reside em Brasília, DF desde 1972.

Publicou o primeiro romance Os filhos do cardeal (Paralelo 15, 1971), traduzido ao espanhol (Ed. Arte e Literatura, 2000), ao finlandês (Ed. LIKE, 2001). O segundo romance, Em nome do sangue (Ed. Movimento, 2002), ganhou, em 2003, o PRÊMIO AÇORIANOS DE LITERATURA em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Traduzido ao finlandês (Ed. LIKE, 2005), com edição de bolso, em 2006. Outros títulos: Ventos da alma (poesias, Ed. SER, 2002, Os pobres do campo (ensaios, Tomo Editorial, 2003), Solitários no Paraíso (prosa e verso Ed. Movimento, 2003), O retorno das águas (ensaio, Ed. SER, 2005). É colunista do Jornal mensal Ciência e Cultura, desde 2001.

INFORMAÇÕES: EGÍDIO FERRONATTO – FONE: (0**54)3313-6303

NELCIR ANTONIAZZI – FONE: (0**54)9937-6504

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

MEGASSALÁRIOS

É comovedora a atenção que certos setores da República dão à justa remuneração de seus funcionários. Cuidam não só dos excelentes salários que recebem – vinte mil reais ou mais − por mês, como das várias aposentadorias adquiridas de poderes distintos. Com esses dignificantes prêmios por inigualáveis serviços prestados ao povo e ao país, nossos personagens ilustres, entre eles os atuais presidentes da Câmara e do Senado, podem gozar do bom e do melhor, sem precisar, no fim do dia, contar as moedas que sobraram depois do jantar no Piantella.
Esse cuidado de pagar bem, não digo 25 mil reais, mas ao redor de 12 ou 15 mil, deveria ser estendido a todos os trabalhadores, do metalúrgico ao gari, do professor da escola primária à empregada doméstica.
Uma das preocupações do presidente da República, dos Ministros da Fazenda e Desenvolvimento Econômico, é a expansão do consumo que, por sua vez, estimula a indústria a produzir mais e mais, engrossando a barriga do PIB ao infinito. Ora, a fórmula para se conseguir o nobre intento do crescimento econômico é o bom salário. Com 15 mil reais no bolso todos os meses os cem milhões de trabalhadores não deixariam uma só geladeira nas lojas, arrebatariam todas as televisões e aparelhos de som, esvaziariam as agências de automóveis, limpariam todas as prateleiras de carnes e vinhos, esgotariam, num só dia, essa miudeza barata produzida na China. Além disso, se extinguiria o déficit habitacional.
Chegaríamos, assim, ao outro lado da pobreza por excesso de consumo. Seríamos pobres por excesso de bens dentro de casa, na rua, no mar e no ar. Não haveria mais estoques, nem oferta, nem competição. Total ausência de produtos. Filas intermináveis de consumidores com dinheiro no bolso diante de lojas e supermercados. Frustração geral.
Expressei essa sugestão a Pedro de Montemor. Criterioso, leitor das peças de Brecht, levou caridosamente seu pensamento aos futuros pobres e infelizes de um sistema econômico igualitário que pagasse os mesmos salários obtidos por ilustres personagens do país: os banqueiros. Não teriam a quem emprestar e, sem cobrança de juros e taxas, iriam à bancarrota.
Por estas últimas razões, as diferenças de salários não só se justificam como se impõem. Parte dos cidadãos pode consumir quanto queira. Outra parte, só o estritamente necessário para que não falte nas gôndolas, nas prateleiras e nos caixas-fortes dos bancos o imprescindível para continuar consumindo, sem perturbar a vida dos funcionários e executivos detentores de magassalários, obviamente merecidos.