segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Repensando Brasília

 

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Repensando Brasília

Crônica publicada na coluna de Manoel Hygino

Hoje em Dia - Belo Horizonte, 19/2/2022

Manoel Hygino

Se perguntarem sobre Eugênio Giovenardi, em Brasília principalmente, não se deixará de encontrar resposta nos meios intelectuais: ocupa a cadeira 19 da Academia de Letras do Brasil, de que é patrono Dyonélio Machado. Mais do que isso, é um ardoroso defensor do meio ambiente, da capital como sonhada por seus fundadores e construtores, e autor de vários livros sobre o tema.

E mais: hóspede da Biocomunidade Sítio das Neves, em regeneração, que não tem fins lucrativos ou comerciais, situada no km 26 da BR-060, ainda Distrito Federal, à margem esquerda.

Membro da Associação Nacional dos Escritores escreveu um livro sobre “Ecossociologia” e outro sobre “Ecologia”, nova forma de propriedade.

Por aí se terá uma ideia de quem seja, mas ele acrescenta muito com seu novo livro “À procura da Brasília perdida, cidades e ecossistemas”, recém-lançado pela Kelps. Em artigo de dois anos atrás, ele confessa inicialmente: “Comecei a amar Brasília antes de vê-la andar. Explica-se. Amei-a, quando a conheci, estendida sobre o tapete verde do Planalto Central cortado por riscos de terra vermelha, nas solidões das noites longas do sertão goiano, repousava Brasília à espera de seu futuro. Amei-a na superfície do Cerrado, sem conhecer o que se escondia debaixo dele".

A despeito desse amor pela nova capital que se implantou no planalto via Juscelino e seus denodados seguidores, nem tudo funcionou como deveria, na visão de Giovenardi, a desigualdade geográfica e ambiental, desigualdade na interdependência dos seres vivos, com atitudes e comportamentos irracionais da espécie humana, resultando na extinção de muitas delas atropeladas nas rodovias.

E há muito mais, que preocupa e deve merecer a atenção e as medidas competentes respectivas do poder público. Uma é a subtração de funções naturais dos 350 mil hectares desmatados do Distrito Federal, empobrecendo o ambiente em mais de 10 milhões de toneladas de oxigênio limpo diário. Nesta hora em que tudo se preocupa com a purificação do ambiente, não é lícito descurar.

Mas ainda não só: existe perda na diminuição dos volumes de infiltração de água no solo, em virtude do desmatamento e da urbanização intensa, que desrespeita a capacidade de suporte dos espaços físicos. Consequência: com menos vegetação, os períodos causam erosão do solo e assoreiam-se os rios.

Conclusão: temos de repensar Brasília, com urgência.

sábado, 19 de fevereiro de 2022

O QUE UM SOCIÓLOGO PODE FAZER

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À PROCURA DA BRASÍLIA PERDIDA (Kelps, 2022)
(Frágeis e indiscretas relações entre a cidade, os cidadãos e o ecossistema) Disponível na Banca de Serviços Culturais da 408 Sul, com Ubirajara Leandro, no horário comercial.
O que um sociólogo pode fazer para impulsionar a regeneração dos ecossistemas, favorecer o equilíbrio da biodiversidade e garantir a interação de todas as vidas humanas e não humanas?
Observar e compreender a sociabilidade da natureza expressa na interdependência de todos os seres vivos e ordenada pela auto-organização dos ecossistemas. Faço isso durante 48 anos, mais da metade de minha vida, numa singela área de Cerrado que se regenerou e regenerou meu DNA existencial.
Aberto aos amigos da biodiversidade.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

INVOLUÇÃO CEREBRAL

 INVOLUÇÃO CEREBRAL

Rússia, Estados Unidos, China, são grandes territórios num pequeno planeta, cujos chefetes encontraram um brinquedo perigoso para gastar o tempo da vida. Do estilingue, ao drone, da funda aos tanques, às bombas, aos foguetes, apenas para provar quem é o mais forte. Milhares de tanques apontados ao alvo não são para matar leões, chacais ou tigres. São para matar o homo sapiens. Insensatez!
Eis uma prova de que a evolução cerebral da espécie humana se desviou do caminho da convivência indicado pela essência da vida ou ela ainda não acabou de se configurar. O desgarramento se deu há 15 ou 20 mil anos, quando nossa espécie achou por bem modificar, alterar, ordenar o funcionamento da natureza. Destruir para construir.
Pode-se inferir, ao observar as decisões autoritárias dos chefes desses países, ou da Turquia, ou da Síria, ou do Brasil, que a anomalia negacionista, a imbecilidade e a miopia quase insana dos dirigentes indicam que o cérebro humano está na encruzilhada: aponta para a glória de sensíveis gestos humanitários ou para a queda humilhante. Ou será um estágio de involução cerebral? Como pode a grandeza da espécie humana depender de meia dúzia de chefetes esquizofrênicos e maníacos teratológicos?
NOTA: À PROCURA DA BRASÍLIA PERDIDA, ESTÁ NA BANCA DE SERVIÇOS CULTURAIS DO BIRA 408 SUL - ASA SUL.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

À PROCURA DA BRASÍLIA PERDIDA II

 À PROCURA DA BRASÍLIA PERDIDA

Dedicado aos Candangos vivos e falecidos.

ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE
A arquitetura, em sua evolução, ressalta a importância, a grandeza e a autoridade fascinante do Poder. Ao longo da história, engenheiros e arquitetos estiveram próximos do poder imperial, real, religioso. Na China, na Índia, na Grécia, na Babilônia, no Egito, depois na Rússia, São Petersburgo ─ PETERHOF─, na França ─ VERSAILLES ─, e mais tarde, no Vaticano, e outros mais atuais. Compreendi, de leituras e reflexões, que a construção moderna de uma cidade-capital é a extensão cultural da casa real, imperial, religiosa onde mora e é exercido o poder.
O desenho arquitetônico do Plano Piloto expressa a grandeza e o fascínio do poder. “A essência de Brasília estava na função de acolher os poderes constituídos da República."

Assim foi o começo. O restante veio em 62 anos. Majestosa Brasília!
Disponível na Banca Serviços Culturais do Bira, na 408 Sul - Asa Sul - ou SQS 406 T 101 Asa Sul. 

Ilustraçao: Fontenelle.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

BRASÍLIA PERDIDA TEXTOS DE LÚCIA HELENA SÁ

 

 À PROCURA DA BRASÍLIA PERDIDA.

EUGÊNIO GIOVENARDI

TEXTOS DA PROF. LÚCIA HELENA

1.

Neste livro, o leitor perceberá que nisto consiste a “ópera existencial” de Brasília: perdida no descompasso entre urbanização e regeneração não só das vidas não humanas como das humanas. Inserida na “sociedade de riscos”, que transforma em mercadoria tudo que toca, não deixa de ser uma versão moderna de Midas. De certo, sem vontade política há muito pouco lugar para a Capital da Esperança circunscrita apenas em sua área tombada como Patrimônio Cultural da Humanidade. Reduzida à sua cidade-parque ao Plano Piloto. Desfalcada de um modelo de administração capaz de aprimorar e consolidar relações de convivência: habitantes/cidade/natureza. Por isso, de maneira lúcida, objetiva, reflexiva, o autor insiste na importância da água, das árvores e de uma nova cultura não apenas no uso, mas na interação de todos os sujeitos do ecossistema.

 

2.

Neste livro, de cunho ensaístico (com passagem pela crônica, o que se permite dizer que se trata de uma crônica ensaística), o autor discorre a “ópera existencial” de Brasília com a interconectividade entre os seres vivos no meio ambiente do Cerrado. Apesar da integridade e especificidade temática dos capítulos, eles se interpenetram, sendo todos dialógicos em torno das “Cidades e Ecossistemas” da capital federal. Formam uma rede comunicativa que dispensa algum suporte teórico para que lhes decifrem. As ideias-chaves sempre são retomadas, dando ênfase à problemática revitalização (que deve ser simultânea) do ecossistema Cerrado e de Brasília (que daquele depende para melhor se estruturar).

 

 

 

3.

O ecossociólogo Eugênio Giovenardi discorre, neste novo livro, em tom crítico e, às vezes, irônico, sobre as decisões político-administrativas da cidade de Brasília que em nada contribuem para a convivência harmonizada entre ecossistemas e os serviços à população. O leitor verá que a repetição de referências e de temas em locais e ênfases diferentes, em circunstâncias específicas ao longo do livro, põem em relevo que “a grandeza da inteligência da espécie humana, na ocupação do espaço, está em preservar, interagir, unindo a natureza à urbe”.

 

 

4.

À procura da Brasília Perdida — fundamentada na ostensiva realidade dos fatos — evidencia que a cidade sonhada por Dom Bosco e concretizada por Juscelino Kubitschek está, há tempos, sob riscos ecológicos do desmatamento e da crise hídrica. Faltou, portanto, na concepção do projeto urbano de Brasília, propostas que garantissem, em simultâneo, a convivência humana com a biocomunidade e com a biodiversidade do bioma Cerrado, e, no ambiente compartilhado, a regeneração deste ecossistema.