quarta-feira, 26 de outubro de 2011

ESTÁDIOS EM ÃO

Não é novidade para ninguém que todos os estádios brasileiros destinados ao futebol terminam em ão, como brasileirão. Só escapa dessa terminação o Maracanã. O brasileiro tem mania de grandeza e com ele tudo é grandão, bonzão, paizão, goleirão, até chegar no golaço.
Por isso, o megalomaníaco ex-presidente Lula se comprometeu a oferecer o Brasilzão para cenário da Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas, de 2014 e 2016. Serão investidos, oficialmente, R$ 11,2 bilhões em estádios que terão uso por dez dias. Que fazer com todos esses estadiões ao terminarem os jogos? Diante da indecisão e da covardia de nossos dirigentes esportivos comandados pelo PCdoB, dou aqui minha modesta e gratuita contribuição para futuras decisões.
– Transformar alguns estádios em prisões, uma vez que faltam 200 mil vagas para os candidatos que desejam cumprir dez a quinze anos de cadeia. Um estádio para 45 mil espectadores, comporta 10 mil presos, com direito a campeonatos em rodadas permanentes, de dia e de noite. O esporte é um saudável exercício para a saúde corporal e mental. Sairão desses novos ergástulos grandes estrelas que nos darão canecos até 2050.
– Alguns estádios podem ser adaptados em Centros Integrados de Ensino Fundamental, onde milhares de crianças do Bolsa Família podem estudar gratuitamente durante oito horas diárias e muitos deles podem dormir no local sem precisar enfrentar caminhões paus-de-arara para ir à escola.
– No caso de Brasília, diante da anarquia em que se encontra a administração da saúde, sendo o governador um médico, egresso do PCdoB, o nosso Pelezão poderá, com alguns ajustes, se tornar um dos hospitais mais eficientes do Planalto Central. Terá capacidade para 75 mil consultas diárias, desde que os médicos se prontifiquem a treinar três vezes por semana.
Em todos eles há banheiros em profusão, água encanada e farta iluminação. Senhores governadores, deputados, senadores, cartolas da Confederação Brasileira de Futebol, mãos à obra. Não deixem os estádios ociosos depois que a copa acabar.

26.10.2011

AMEI, AMEI, AMEI


AMEI, AMEI, AMEI

Saí à noite para ver estrelas
Abracei plantas estupefatas
Absorvi o perfume de flores boquiabertas
Ouvi o cantar de pássaros livres. 

AMEI, AMEI, AMEI 

Espelhei-me nas águas das nascentes
Molhei os pés nas águas do riacho
Sentei sobre rochas milenares
Respirei os ventos invisíveis.

AMEI, AMEI, AMEI 

O planeta Terra rodando no espaço
As galáxias anunciando o infinito
O universo apontando o eterno
A vida saudando o destino imortal. 

AMEI, AMEI, AMEI  

O grito do desespero vencido
O sorriso de todas as faces
As lágrimas de todas as dores
As palavras de todos os seres.

MÚLTIPLAS OCUPAÇÕES


Um cronista curioso quis saber como ocupo meu tempo e meus dias.

– Tenho múltiplas ocupações. Quando não escrevo, construo barragens para captar água da chuva num Sítio que comparto com plantas, pássaros e bichos. Nos momentos livres, cozinho por prazer de combinar sabores. Com frequência irregular, determinada por emergências, atendo aos requerimentos imperativos e inadiáveis de duas netas. Vou aos concertos das terças-feiras no Teatro Nacional e, às sextas-feiras, na Casa Thomas Jefferson. Quinzenalmente participo de reuniões do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal e da Associação Nacional de Escritores.

À noite, durmo.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

HORÁRIO DE VERÃO NA PRIMAVERA


Por decreto, o governo dispõe que o Sol se levante uma hora mais cedo e se ponha uma hora mais tarde. Conta, com esse truque, poupar R$ 75 milhões no período de quatro meses. Em um só assalto ao erário público, um ilustre senador por Brasília, proprietário de conhecida empresa de construção, em conluio com magistrados de São Paulo, arrebatou das economias orçamentárias o dobro dessa quantia: R$ 150 milhões. Ultimamente, a contabilidade da corrupção perdeu a soma de quanto alguns ministérios desviaram para contas pessoais de altos funcionários da república.
A economia de eletricidade é de responsabilidade dos cidadãos também ditos consumidores ou contribuintes. O governo, essa entidade sobrenatural, fictícia e ideológica não poupa energia. Todos os ministérios e edifícios públicos estão iluminados, à noite, por conta da faxina e, de dia, para iluminar as salas cujas cortinas se fecham para impedir a entrada do Sol. Além, é claro, dos aparelhos de climatização, que funcionam 10 horas diárias, mesmo durante a pausa para almoço quando as salas ficam vazias.
Com que artifícios o governo contabiliza essa economia de eletricidade sempre foi e será um mistério doloroso para as crianças das creches que, por decreto, são despertadas, no horário real de seu organismo, uma hora mais cedo. Para onde vai essa economia de R$ 75 milhões é outra incógnita, pois não vejo diferença de valores mensais na conta de luz que a Companhia Energética de Brasília me entrega no fim do mês. Como tenho hábito, consagrado em várias décadas, de levantar-me cedo, noto que preciso acender a luz da cozinha o que não ocorria no horário real de verão.
Na maior parte do Brasil continental, somos aquinhoados com um horário permanente de verão com quase 12 horas de luz solar, sem precisar dessa ficção que pode agradar aos habitantes dos países nórdicos.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

NEGRO É NEGRO

 Negro é uma dessas palavras postas sob restrição e vigilância. Antigamente, negro era negro. Hoje, em certas circunstâncias, deve-se optar, respeitosa e diplomaticamente, pela expressão afrodescendente. E os negros da África, são o quê?
Tenho um amigo, Rafael Sanzio, geógrafo, professor renomado da Unb, a quem jamais me ocorreria identificá-lo como afrodescendente, mulato, moreno ou, pior ainda, pardo. Rafael Sanzio é negro, de ponta a ponta. Tudo nele é negro: sorriso, expansividade, fluência verbal, ironia, sarcasmo, competência. A negritude de Rafael Sanzio luze em qualquer ambiente.
Dou outros exemplos em que a patrulha ideológica, racial e social não tem sentido de se levantar contra a beleza dessa palavra e a riqueza de seu significado. Há canções, lendas e expressões que perderiam toda sua força e inspiração sem a presença dessa palavra mágica.
– Índia, teus cabelos, nos ombros caindo, negros como a noite que não tem luar..
– A coisa aqui está preta, dizia Chico Buarque, há alguns anos. E continua.
– O Negrinho do Pastoreio poderia ser branco? E o Saci? E o meigo Preto Velho? Na África, o Papai Noel é negro.
Nossa cultura, na qual a mentira é oficial e os eufemismos floreiam a linguagem, prefere-se o subterfúgio e a hipocrisia. Nada mais robusto do que dizer nuvens negras, amedrontadoras. Trata-se de nuvens que despejam água e água é vida. É apenas outra maneira de ver e compreender o mundo.
Minha amiga V. S., carinhosamente, chama seu homem de Negrão e o amado esposo é branco. Quanta mulher branca, de cabelo louro, diz a seu homem branco: vamos neguinho.
Em alguns países latino-americanos as mulheres não dizem “mi esposo” e, sim, “mi negro”. Querem um negro ao lado, mas vivem com um branco espanhol.
Vamos soltar o negro sequestrado pela quadrilha semântica.
Não sou eurodescendente. Eu sou branco e não vai nisso nenhuma ofensa.
Caro amigo Rafael Sanzio, você é negro de corpo inteiro. Negríssimo e humaníssimo.

sábado, 8 de outubro de 2011

RECEITA PARA A REDENÇÃO AMBIENTAL

A mesma inteligência usada para produzir bens, degradando as riquezas naturais, deve ser operada para preservá-las e facilitar a sobrevivência de todas as espécies vivas.
A receita para a longevidade de todas as espécies vivas, com ênfase na felicidade humana, consiste em diminuir gradativamente a emissão de CO2. Cada pessoa emite diariamente gás carbônico, o equivalente a 2,07/2,4 mil kg/mês, somando 24,8/28,8 mil kg num ano.
Como é sabido, os itens de consumo analisados que compõem a emissão de gás carbônico são: energia elétrica, gás de cozinha e tipo de transporte. Foram estabelecidas algumas médias de consumo para cálculo de emissão de gases: 100 KW por pessoa gera 0,32 t/mês ou 3,84 t/ano; três botijões por pessoa/ano emite 0,20 t/mês ou 2,4 t/ano; uso de transporte com combustível fóssil, rodando 850 km/mês, produz 1,55 t de CO2 no mês ou 18,6 t/ano, num total de 24,8 toneladas por pessoa, nos três itens, ao longo de um ano.
Um rigoroso e consciente controle do consumo desses três itens pode reduzir pela metade a emissão de gás carbônico no curso de um ano. É fácil calcular quantas toneladas a menos mandamos para a atmosfera no curso de 60 ou 80 anos. No Brasil, somos quase 200 milhões de pessoas. A economia de CO2 seria gigantesca.
Energia elétrica. Lâmpadas, chuveiro, ferro de passar, micro-ondas, aspirador de pó, rádio, TV, som, computador, telefone, geladeiras, freezer, máquina de lavar e de secar, parafernália de aparelhos de cozinha, secador de cabelo, umidificador, aquecedor, exaustor, ar condicionado são guerrilheiros que surgem inesperadamente em nossa vida e facilmente nos dominam. Reduzir de 100 KW para 80, ao longo de cem anos, não precisaríamos de muitas Belo Monte, nem os habitantes da selva amazônica seriam perturbados.
Gás. Os fabricantes de panelas e frigideiras têm apresentado modelos adequados à economia de gás de cozinha. A limpeza e a manutenção dos dutos de gás do fogão permitem maior eficácia e menos poluição ambiental.
Transporte. É o calcanhar de Aquiles da emissão de gases estufa e da qualidade do ar em nossas cidades. Para diminuir a quilometragem mensal:
·      Elabore um roteiro de todas as atividades que possam ser realizadas a pé.
·      Use a maior parte dos serviços próximos à sua residência. Nas pequenas lojas o contato pessoal faz bem a quem compra e a quem vende. Descubra os bons produtos que outras pessoas vêm comprar em sua rua e você desconhece.
·      Evite ao máximo os centros comerciais, especialmente os que exigem carro particular, estacionamento, engarrafamentos, nervosismo, impaciência. Poupar gasolina e tempo compensa o preço um pouco mais elevado das lojas de sua rua.
·      Use taxis que consomem biocombustível.
·      Reduzindo para 450 a quilometragem individual rodada no mês, a frota de 1,3 milhão de carros de Brasília faria uma economia de 520 milhões de quilômetros, em um ano, e uma diminuição de emissão de gases estufa de 11 milhões de toneladas. Os números são gigantescos e cruéis e nem por isso paramos para pensar.
Eliminar as queimadas, de qualquer proporção, reduzir a produção de lixo e, especialmente, levá-lo a seu devido lugar, contribui para diminuir a emissão de gases estufa e desacelera o aquecimento de nossas cidades e o do planeta.
A receita é esta. Com inteligência e olho no futuro de nossos netos e bisnetos é possível garantir a sobrevivência dos seres vivos e preservar a beleza de nosso planeta.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

OS CAMINHOS DE LULA

Poucos presidentes do Brasil tiveram tamanha visibilidade no mundo. Inteligência, experiência e astúcia venceram as barreiras que poderiam tê-lo confinado à condição de simples metalúrgico sindicalista. Lula é o homem que se fez por si.
Não contente de governar o país por 8 anos, continua como cérebro cinzento da atual presidente, senhora Dilma Rousseff.
Hoje anda pelo mundo como conselheiro econômico e político de países desenvolvidos, recebe títulos de doutor honoris causa de celebérrimas universidades de Portugal, França e Bahia. Promove o avanço de nossas empresas em países da América Latina, da África e da Ásia.
Bancos, como o Citybanc, o convidam para proferir palestras a remuneração de R$ 200.000 reais. É um gesto de reconhecimento pelo muito que vez em prol dessas entidades filantrópicas.
MARIA FERNANDA RAMOS COELHO, ex-presidente da Caixa Econômica Federal, desembarcou em Caracas para prestar consultoria a Hugo Chaves. Sua contratação foi avalizada por Lula quando este visitou Chaves, no dia 3 de junho, 2011. O propósito é desenvolver programa semelhante ao MINHA CASA, MINHA VIDA, com assessoria brasileira (leia-se petista) e implantar agências bancárias em locais onde se vendem loterias e em postos de correios. No rastro dessa consultoria, virão as construtoras brasileiras cujos proprietários gozam da amizade particular do Sr. Lula.
A empresa brasileira OAS está construindo uma rodovia que corta o Território Indígena e o Parque Nacional Isidoro Secure, na Bolívia, com financiamento do BNDES. Um grave conflito se revelou entre os índios do Altiplano e os da Amazônia cujos interesses contradizem a proposta de benefícios a eles apontados.
Diante do enfrentamento entre os dois grupos, a OAS contratou o ex-presidente Lula para proferir palestras aos movimentos sociais e empresários bolivianos, em Santa Cruz de la Sierra, sobre a integração regional na América Latina, ideologia instrumentalizada pela rodovia. O conferencista chegou a Santa Cruz de la Sierra em avião particular da empresa OAS.
Uma reunião reservada entre o ex-presidente Lula e o presidente da Bolívia Evo Marales foi agendada para o dia 29 de agosto, 2011, na qual se propunha suavizar a postura do governo boliviano em relação aos índios amazônicos que protestavam contra a rodovia.
Lula, com sua inteligência, experiência e astúcia de sindicalista se tornou o maior promoter das multinacionais brasileiras em “países periféricos” no velho estilo do império americano no tempo em que as esquerdas combatiam o imperialismo ianque.
Mudaram os tempos? Mudamos nós? Mudou Lula? Mudaram as esquerdas?

RECEITA PARA O DESASTRE


Segue uma lista básica de ingredientes que garantem a manutenção da meta de emissão de CO2, por indivíduo humano, hoje calculada em 28.000 kg anuais. Neste ritmo não estaremos destruindo o universo nem o planeta Terra. Estaremos praticando o suicídio lento, gradual e seguro e a morte de milhares de espécies vivas com redução drástica das condições favoráveis à vida. O planeta continua rodando com ou sem vida. Não se trata de salvar o planeta e, sim, de proteger a vida humana e a de todos os seres vivos.
·      Estimular a fabricação, venda e compra de automóveis, aviões e todo tipo de veículo que use combustível fóssil.
·      Usar intensamente o carro individual, forçando a administração pública a abrir estradas, duplicar avenidas, levantar viadutos, perfurar túneis, sinalizar vias, colocar placas, semáforos e controladores de velocidade.
·      Apoiar os projetos de construção de estacionamentos subterrâneos ou em edifícios de muitos andares no centro das cidades,
·      Multiplicar postos de gasolina e serviços mecânicos, lava-jatos com produtos químicos e água potável.
·      Lavar calçadas e ruas com água tratada e canalizar o lixo de superfície para os córregos e lagos. Regar jardins com águas subterrâneas extraídas de poços artesianos. Crer piamente na produção química de água em laboratórios gigantescos a preços escorchantes.
·      Depositar lixo à beira de estradas, em córregos, rios ou lagos, entulho, papel, plástico, restos de comida, fraldas e absorventes, garrafas plásticas ou de vidro, pneus, móveis.
·      Desmatar, desertificar áreas para urbanizações, aterrar nascentes e mananciais, impermeabilizar o solo e assegurar inundações, tornados, ventanias descontroladas.
·      Queimar, sistematicamente, florestas, bosques, parques e campos.
·      Consumir modernos aparelhos eletrônicos, renováveis de três em três meses, TV digital, Led, Ipad, Iphone, etc., produzindo lixo técnico e tecnológico para as gerações futuras.
·      Intensificar a frequência a centros comerciais gigantescos e eliminar mercadinhos, quiosques de frutas, armarinhos e pequenas lojas de nossa rua.
Seguindo com independência e determinação individual a Receita para o Desastre, estará garantida a emissão anual de 28.000 kg de CO2 por pessoa.

Nota: Receita para a Redenção será publicada em breve.