domingo, 30 de dezembro de 2018

CARTA AOS AMIGOS NOVOS E ANTIGOS

QUE O TEMPO, PARA TODOS, SEJA SEMPRE NOVO - 2019 -
CARTA AOS AMIGOS NOVOS E ANTIGOS
A vocês que não escrevem, não leem, mas vivem,
Estas maltraçadas linhas de um velho sonhador.
A você primeiro, Caliandra, solitária e formosa
A você, Cajazeira generosa que alimenta Quatis,
minúsculos Saguis, aninha Jacus e Aracuãs,
as matreiras, astutas e sagazes Can-cãs.
A você, frondoso Angico pioneiro
Ao Embiruçu altaneiro e ao modesto Carvoeiro
Que vigiam, pelas manhãs, o vale do Ribeirão.
A vocês Manacás floridos de tantas primaveras,
Companheiras dos Xaxins, ao pé do Olho d’Água.
A vocês Mirtilos silvestres, Chapéus-de-couro,
Curriolas e Bacuparis, Mangabeiras e Pequis,
A vocês, passarada feliz, a Seriema e a Perdiz,
O Urutau e o Pica-pau, o Beija-flor e o Sapo roncador
A vocês, Jararacas e Corais, ligeiras, de corridas rasteiras
Em busca da sombra de repousante alfombra.
A todos os amigos, os novos e os antigos,
Moradores deste Cerrado quieto e misterioso
Lhes desejo livres sejam de todos os castigos
E nesta carta, indelével deixo meu respeito carinhoso.

30.12.2018

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

PLANETA CANSADO


PLANETA CANSADO


Os dias são quentes. O corpo sofre, cansa.
Parece-me que o planeta Terra esteja zangado com o comportamento de uma espécie de passageiros que tumultuam a harmonia e a tranquilidade do voo desejadas por outros viajantes.
Mal se ouve a mensagem pacata das árvores, o murmúrio do riacho e o trinado do sabiá. O planeta está acostumado às tempestades, aos raios, aos terremotos, aos vulcões, ao gelo. Ainda não se adaptou à avalanche humana e aos delírios do homo sapiens.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

A CASA DOS HORRORES.

ALDEBARÃ E EU
LASCA 46 - A CASA DOS HORRORES.
Que espécie viva é essa minha, homo sapiens, Aldebarã, capaz de fazer poemas à Lua, cultivar flores, inventar máquinas, matar a tiros uma criança de cinco anos, degolar um jovem de dezesseis?
Que espécie viva é a minha, Aldebarã, capaz de se reproduzir, cortar árvores, secar nascentes, aprisionar e deixar morrer de fome milhões de aves indefesas?
Que espécie viva é a minha, Aldebarã, capaz de suspender o atendimento a doentes graves em salas de cirurgia?
Que espécie viva é a minha, Aldebarã, mais interessada na queima de óleo extraído de pedras profundas do que em desfrutar a beleza do universo?
Que espécie viva é a minha, Aldebarã, capaz de forjar o aço, construir armas e espalhar germes mortais pelo planeta?
Que espécie viva é a minha, Aldebarã, capaz de, há" 50 mil anos, extinguir Neandertais, escravizar e eliminar povos da África, das Américas e apavorar os excluídos das favelas modernas?
Que espécie viva é a minha, Aldebarã, capaz de espalhar o culto da morte, do assassinato diário, das guerras de horror entre seres sapiens?
Que espécie viva é a minha, Aldebarã, que, além de predadora das belezas do planeta, é autodestruidora contumaz?
"Entre as armas multipeças encontradas nos sítios dos Cro-magnon estão arpões, lanças, arcos e flechas, os precursores dos rifles, e outras armas modernas."
(Jared Diamond, Armas, Germes e Aço)