terça-feira, 8 de julho de 2025

Uma agroindústria ecológica

 

Uma agroindústria ecológica

 Fui presenteado pela Natureza, há cinquenta anos, com uma agroindústria de caráter entouceirante, do gênero guadua ou bambu, ambientalmente sustentável, renovável, autônoma, sem investimentos monetários, sem patrão, sem empregados. Produz utensílios auxiliares para conveniência de usuários, sem greves nem conflitos trabalhistas e previdenciários. Oferece gratuitamente canudos de longa vida, para sorver líquidos em substituição aos derivados de plásticos e papel. Se descartados por longevidade, retornam à natureza, ao solo, aos rios, ao mar sem poluí-los nem contaminam organismos vivos, humanos e não humanos.

Além da água da fonte, quanto se pode ter gratuitamente da natureza que espera pacientemente que os seres humanos aprendam a ser socialmente, economicamente e politicamente inteligentes para viver com sabedoria a felicidade de participar do milagre da vida e compreender a simples economia da natureza.

Imagens: Bambus e canudos de bambus. (Fotos, Eugênio Giovenardi, 91, Sítio Neves)

quinta-feira, 26 de junho de 2025

28.6.1934 – 91 ANOS

 

28.6.1934 – 91 ANOS

Ao completar 91 anos, agradeço a Ignez e Antonio pela vida, a Hilkka Mäki pela amorosa companhia de 56 anos, a minha filha Aino Alexandra e genro Ronald Neri, a minhas netas Luiza e Laura, pelos atenciosos cuidados diários; a meus irmãos Luís, Maria Celina, Celso, Ivo, aos irmãos que partiram ─ Nelson, Cláudio, Victor, Terezinha, minha perene lembrança. A primos e primas, sobrinhos e sobrinhas espalhados por diferentes terras brasileiras, a Dadá e seus filhos Jefferson e Ítalo minha gratidão. Aos amigos da natureza, das árvores, das águas e a todos os hóspedes do Sítio Neves minha felicidade vegetal. A todos os caminhantes que abrem caminho de liberdade e paz ofereço minha mão estendida e os pensamentos que a vida me revelou e registrados em algumas centenas de páginas nos 30 livros publicados.

 

OS FILHOS DO CARDEAL, Paralelo XV, 1997. 2a Edição -  2009 com novo título - O HOMEM PROIBIDO - Romance Movimento, traduzido ao espanhol – Los hijos del cardenal - Ed. Arte y Literatura, 2000. Ao finlandês – Kielletty Mies - Like, 2005. Ao inglês - The Forbidden Man - Kelps, 2019. Ao francês – L’Homme interdit  -  2020

POEMAS IRREGULARES, 1998 - Poesia

EM NOME DO SANGUE, 2002 – Romance,

 Prêmio Açorianos de Literatura, 2003.

Traduzido para o finlandês. 2005. -
VENTOS DA ALMA, Poesia, 2003

OS POBRES DO CAMPO, 2003 - Ensaio

SOLITÁRIOS NO PARAÍSO -  2004 Poesia

O RETORNO DAS ÁGUAS, NASCENTES, 2005, Bilingue - 2a edição, 2015 – KELPS ▬   Ensaio

A SAGA DE UM SÍTIO, 2007 – 2a edição, 2016 - Crônicas

AS PEDRAS DE ROMA, 2009 – Traduzido ao inglês – THE STONES OF ROME - KELPS - 2019-  Romance

HELIODORA, 2010 - Romance
SILÊNCIO,  2011- Romance
AS ÁRVORES FALAM - -- 2012 - Crônicas

O ÚLTIMO PEDESTRE -- -  2013 – Romance

SUTILEZAS DO COTIDIANO -  -2013 - Crônicas

ECOLOGIA - Nova forma de prosperidade - - 2014 - Ensaio

NO MEIO DO CAMINHO – 2014 – Ensaio

ANARQUISMO LITERÁRIO, 2014, KIRON - Ensaio

UMA OBRA EM VERDE -  KIRON – 2016 - Ensaio

RELICÁRIO, KELPS, GOIÂNIA, - - 2016 Poesia

REENCONTRO - O que aprendi da natureza - KELPS, 2017 – Ensaio

ALDEBARÃ E EU, Kelps, 2018 ─ Crônicas   

A VELHICE DO TEMPO - O TEMPO DA VELHICE, 2020, KELPS Ensaio

ECOSSOCIOLOGIA, ─ RELAÇÕES HOMEM/NATUREZA ─ KIRON – 2016 – 2a edição ampliada, KELPS, 2021 - Ensaio 

CALIANDRA- ouvindo a natureza –  2020 - KELPS –– Poesia

CARTAS DA PRISÃO –– KELPS – 2020/2021 – Crônicas

À PROCURA DA BRASÍLIA PERDIDA – KELPS, 2022 – Crônicas

O CERRADO E NÓS ─ Escritos Ecológicos ─ KELPS, GO, 2022)

OUVIR AS ÁRVORES ─ Crônicas ─ KELPS, GO, 2023

SEGREDOS MILENARES DO CERRADO ─ Fotolivro ─ Athalaia Gráfica e editora, Brasília, 2024.

OS FUGITIVOS DA ÁGUA ─ Romance ─ KELPS, GO, 2025.

UM OLHAR ECOAMBIENTAL SOBRE BRASÍLIA ─ Artigos ─ KELPS, GO, 2025

A)      BRASÍLIA, A TERRA PROMETIDA ─ Livreto ─ Discurso de posse no Instituto Histórico e Geográfico - Distrito Federal - Cadeira 94 - Gilberto Freire, 2008.

 B)     DYONÉLIO MACHADO ─ Livreto ─ Discurso de posse na ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL Cadeira XIX, 2019

segunda-feira, 16 de junho de 2025

PONHA-SE NO SEU LUGAR

 

PONHA-SE NO SEU LUGAR

 

A ordem foi dada por um senador, contaminado pelo escravismo, à ministra Marina Silva. A ex-senadora estava no lugar errado. Foi alertada e saiu. Marina Silva, embora o próprio governante não saiba, é Ministra da Natureza, para proteger a biodiversidade. Este é seu lugar, mesmo contra a ignorância senatorial. Marina Silva se alfabetizou com a letra “a” de árvore, de água, de amor à vida que pulsa nas florestas, nos rios e nas terras do planeta.

Seu legislador á a natureza cuja constituição não requer nem precisa de emendas parlamentares. Ministra Marina Silva defenda, com o apoio de milhões de vozes libertas, seu privilegiado lugar habitado por vidas humanas e não humanas, impulsionadas por contagiantes energias que falam, cantam e alegram o planeta.

 

quinta-feira, 5 de junho de 2025

 

CHUVAS DE MAIO  ▬  ANOS 2013 a 2025

SÍTIO DAS NEVES – BR 060 – KM 26 – DF -

Em milímetros ─ 1 mm = 1 litro/m2    

 MÊS                                      MM/MÊS           TOTAL/ANO/ MM

 

2013                               –         25,3               2.255,6

2014                               –         26,0               1.677,5

2015                               –         42,0               1.642,7

2016                               -          38,9               1.921,7

2017                               ─         64,2               1.478,7

2018                               –            9,1               1.760.5

2019                               –          16,3              1.069.3

2020                               ─         17,7                1.787,8

2021                                ─        00,0               1.710.8

2022                               ─           6,3               1.279,2 

2023                               ─          00,0               1.323.4 

2024                               ─          00,0               1.770,9

2025                                         00,0                   510,8 (no ano)

 

Durante 156 meses (doze anos), registro e publico os volumes de chuva, captados pelo pluviômetro autorizado pela Agência Nacional de Águas, na área da Bacia Hidrográfica do Ribeirão das Lajes. É lamentável que mais da metade do bioma Cerrado esteja sendo desvirtuado. A regeneração de uma área, para o bom funcionamento de uma floresta, leva mais de 50 anos. Nos últimos 13 anos, o volume de águas do período chuvoso vem diminuindo alarmantemente, acompanhado de tempestades arrasadoras e letais.

O Sitio das Neves (700.000 m2) registrou, ao longo do mês de maio, 00,0 de litros. Nesses doze anos, apenas em três meses se registrou mais de um litro/dia. A partir de 2021, a mudança do clima não é apenas um alerta. É uma realidade! O acumulado de chuvas do ano de 2025, é de 510,8 mm (ou litros por m2,) na região da microbacia do Ribeirão das Lajes, no Distrito Federal.   

quinta-feira, 29 de maio de 2025

"SENATUS" ou VELHOS GAGÁS

 

"SENATUS", de origem latina, significa "conselho de anciãos", ora direis!!!

Ao ouvir um senador repreendendo a ministra do Meio Ambiente com estas palavras: ─ ¨A senhora está atrapalhando o desenvolvimento do país¨ ─ compreendi minha intuitiva decisão de respeitar, ao longo de 51 anos, a lenta regeneração de setenta (70) hectares de Cerrado. Sou hóspede desta biocomunidade que abriga generosamente seres humanos e não humanos, alegra a biodiversidade e sustenta a teia da vida.

700.000 árvores, milhares de arbustos e gramíneas são antidesenvolvimentistas. Os 70 hectares, se libertaram da ganância humana. Não alimentam possíveis 70 bovinos.  Não produzem 350 ton. de soja. Não exportam jacarandás, cajazeiras, angicos, copaíbas, embiruçus, guapevas, jequitibás.

Corajosa e eficazmente, recebem e retêm, cada ano, 840 milhões de litros de água para revigorar nascentes e recarregar aquíferos. Os 70 hectares antidesenvolvimentistas podem reter 2.240 t de CO2 e devolver, diariamente, outras tantas de oxigênio limpo.

A natureza das coisas e da vida mostrou-me o caminho da felicidade possível. O capitalismo inadministrável aprisionou a teia da vida, humana e não humana, num labirinto político-econômico. 

Para Marina Silva

A natureza te abraça.

 

 

REALIDADE AMBIENTAL E URBANA

 

REALIDADE AMBIENTAL E URBANA

Até quando o Cerrado vai resistir à realidade da devastação ambiental? Até quando Brasília vai aguentar a realidade urbana de milhares de automóveis poluidores do ar, do fogo criminoso e do ataque sorrateiro às invasões de áreas de proteção permanente? Os apelos, gritos e as inócuas boas intenções de órgãos públicos, os alertas da especialista professora Mercedes Bustamante, em defesa e proteção da privilegiada biodiversidade do Cerrado, exemplificam a realidade ambiental e se perdem na indiferença do cidadão e na ausência de fiscalização educativa. Bilhões de metros cúbicos de águas pluviais, anualmente, são expulsos pela impermeabilização. Esta é a realidade urbana. Lixo esparramado à beira das rodovias do DF contaminando as heroicas nascentes desfalecidas. Esta é a realidade ambiental. Protejo, há 51 anos, a regeneração de 70 hectares de Cerrado, no Distrito Federal, declarados pelo Ibram/Sema, primeira reserva distrital do patrimônio nacional, em caráter perpétuo, como presente aos 65 anos de Brasília. Esta é a realidade pela qual viveu o fotógrafo humanista Sebastião Salgado.         

Eugênio Giovenardi, Sítio Neves,  DF.


 

sábado, 17 de maio de 2025

EUGÊNIO GIOVENARDI por Gilberto Cunha

 EUGÊNIO GIOVENARDI

Gilberto Cunha

 Eugênio Giovenardi tem 90 anos e é natural de Casca, RS. É filósofo, sociólogo e escritor. Vive em Brasília desde 1972. Foi consultor da Organização Internacional do Trabalho (OIT/PNUD/ONU) e teve destacada atuação na América Latina, especialmente na Colômbia, onde trabalhou na promoção do desenvolvimento agroindustrial de pequenas comunidades rurais marcadas pela presença das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e do Exército de Libertação Nacional (ELN). Integra o Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal e faz parte da Academia de Letras do Brasil. Escreveu centenas de artigos e publicou 28 livros. Tem um sítio nos arredores da Capital Federal e é casado com a jornalista e tradutora finlandesa Hikka Mäki, uma filha, Aino Alexandra, e duas netas, Luiza e Laura.

Ainda que aparente, a breve síntese do parágrafo anterior, ao estilo “eis o homem”, na tradução das palavras latinas, “ecce homo”, usadas pelo governador romano Pôncio Pilatos ao, lavando as mãos, apresentar Jesus de Nazaré à multidão que selaria o seu destino, não diz nada (ou muito pouco) sobre o principal legado intelectual deixado por Eugênio Giovenardi.

Quanto à sua relação com Passo Fundo, além da proximidade da terra natal, Casca, Giovenardi mantém laços fraternos com o Professor Egídio Ferronatto, principal entusiasta local da sua obra, iniciados no Seminário Seráfico da Ordem dos Frades Capuchinhos, em Veranópolis, e que acabariam reatados 50 anos mais tarde. Inclusive, Giovenardi esteve na nossa cidade, algumas vezes. Lançando o livro “As pedras de Roma”, no dia 4 de novembro de 2009, na extinta Livraria Nobel do Bella Città Shopping Center, ou para visitas ao amigo Egídio Ferronatto. Numa dessas, em 11 de janeiro de 2017, tive o privilégio de ser agraciado com exemplar, autografado, do livro “Uma obra em verde”, cujo título foi inspirado no livro “Obra em negro”, da escritora Marguerite Yourcenar. E, para minha satisfação, mais uma vez por intermédio do Professor Egídio Ferronato, recebi, recentemente, também com dedicatória muito amável, o novo livro do Eugênio Giovenardi, “Os Fugitivos da Água”, lançamento de 2025.

Eugênio Giovenardi é um dos pioneiros, quem sabe o pioneiro, no Brasil, no trato da relação, nem sempre percebida e aceita, que há entre a sociedade humana e o ambiente natural, que se entende por ecossociologia. Quando os pressupostos da sociologia e da ecologia, simultaneamente, devem ser levados em consideração, a partir da complexa interação que há entre as ciências naturais e as ciências sociais. E Giovenardi faz isso com maestria, tanto nos domínios teóricos, a partir da sua formação em Sociologia pela UFRGS, aperfeiçoada na Universidade de Paris (antiga Sorbonne), quanto práticos, com a experiência que, desde 1974, tem levado a cabo no Sítio das Neves, atualmente convertido em Reserva Perpétua do Território Nacional. Não obstante esse reconhecimento, o Sítio das Neves não está imune à ameaça dos incêndios que atingem o bioma Cerrado. Apenas como exemplo, do tipo de coisa, quando envolve a ação humana, que trata a ecossociologia.

Na obra “Os Fugitivos da Água”, Eugênio Giovenardi põe em evidência a sua bagagem cultural e de conhecimento sobre acordos diplomáticos e programas globais para o meio ambiente, nem sempre factíveis no mundo real, ao tratar da mudança do clima global e das responsabilidades humanas. As diversas nuanças do tema foram postas nesse romance, muito bem-escrito, de leitura agradável e que se passa no ano 2140. Infelizmente, nem ele, nem o colunista e nem você leitor estará por aqui para saber se, realmente, aconteceu daquela forma. Mas, atenção, muitas das coisas postas por Giovenardi para o século XXII poderão acontecer antes, uma vez que, como destaca ele, não temos nos mostrados capazes de qualquer razoabilidade diante da realidade!

O enredo de “Os Fugitivos da Água”, por criar um futuro (quase) distópico, é um alerta de que o estado de emergência climática, que ora assola o mundo, apesar de negado por muitos, não pode ser mais ignorado. No caráter de distopia, lembra os clássicos “1984”, de George Orwell, e “O Conto da Aia”, de Margaret Atwood, que se prestam, em meio à cegueira que acomete muita gente, para iluminar o que poderia acontecer quando se flerta com o autoritarismo e a democracia é deixada de lado.

Não é difícil, com certa atenção, identificar a relação que há entre personagens fictícios, criados por Eugênio Giovenardi, e reais. Apenas como exemplo, o narrador “Seven Oitis”, naturólogo e licenciado em Inteligência Ambiental, é o Sítio Neves. O professor Egfer, licenciado em Artes da Natureza, é o Professor Egídio Ferronatto. O físico nuclear Nosrac Lechar é a bióloga e escritora Rachel Carson. E o seu livro “Outono sem fim”, publicado em 2119, seria a versão futurística do clássico “Primavera silenciosa”, de 1962.

30,4,2025