quarta-feira, 30 de novembro de 2022

O DEUS EGÍPCIO

 

O DEUS EGÍPCIO

 

Os egípcios, há muitos mil anos,

Deram à divindade imaginária

Um nome único: ÁGUA!

Deus é água da fonte e da nuvem.

É na água que se origina a vida.

É ela que sustenta a vida.

É ela que assegura a sobrevivência,

A reprodução de todas as espécies vivas.

O deus Água escolheu as árvores

Para garantirem a perenidade dele.

As árvores abrigam sob o manto virginal

A divindade. O deus Água está em todos,

Em tudo e em todo lugar.

O deus Água é o criador e o protetor da vida.

As blasfêmias ecológicas contra essa divindade

São punidas com fome e sede,

Com endemias, epidemias e pandemias.

Só restam as árvores para nos livrar

Das penas e da morte prematura.

As árvores adoram o deus Água.

As árvores e a água são o lado feminino

Da regeneração universal do planeta Terra.

 

30.11.2022

 

terça-feira, 22 de novembro de 2022

UM DESERTO É RESULTADO DE AÇÕES ORQUESTRADAS E INTERDEPENDENTES

 UM DESERTO É RESULTADO DE AÇÕES

ORQUESTRADAS E INTERDEPENDENTES

 

Eugênio Giovenardi,

Ecossociólogo, escritor

 

A alteração drástica e prolongada de um espaço físico, de um bioma e seus ecossistemas, com intervenção múltipla da espécie humana, descontrola o funcionamento regular das leis físicas. Redireciona o caminho dos ventos, modifica o regime de chuvas. Elevam-se ou reduzem-se as temperaturas. Tornados e tempestades inclementes assolam florestas e cidades nos 5 Continentes.

É acertado dizer que a insegurança climática afeta o comportamento natural de toda a biodiversidade. Os seres humanos e não humanos se defrontam com limitações biológicas, genéticas e orgânicas. Todas as formas de vida, atacadas por bactérias e vírus, tentam adaptar-se às debilitadas condições da natureza para reconquistar a continuidade da vida e a regeneração da biodiversidade, que é imprescindível à reprodução das espécies.

Os eventos internacionais promovidos pela Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (Conference of de parties – COP) alertam sobre os riscos letais do aquecimento global para a biodiversidade e, em especial, para a espécie humana. “Caminhamos aceleradamente para o suicídio coletivo”, afirmou Antonio Guterres, Secretário Geral da ONU. Anualmente, na Conferência do clima, em razão do aquecimento do planeta, mencionam-se, reiteradamente, as consequências do efeito estufa. São elas:

- Derretimento de grandes massas de gelo das regiões polares, resultando em aumento do nível do mar, atingindo cidades e ilhas, forçando a migração de seus habitantes.

- Fenômenos físicos extremos como inundações, tempestades e furacões.

- Redução da biodiversidade com extinção de espécies vegetais e animais.

- Desertificação de extensas áreas comprometendo o funcionamento natural de biomas e ecossistemas.

-  Episódios mais e mais frequentes de secas em muitas regiões do planeta.

- Áreas de produção de alimentos, severamente afetadas, resultam no desabastecimento de bens a mais da metade da população mundial.

 

Múltiplas peças interdependentes de um sistema, movidas no tabuleiro de um espaço geográfico pela energia da espécie humana, ao longo de séculos, podem produzir um deserto inabitável, como por exemplo, do Saara. Entre as principais ações antropogênicas, executadas há alguns milhares de anos e agravadas nos últimos 200 anos, destacam-se: o desmatamento seletivo para uso da madeira em construção de casas e feitura de móveis; o desflorestamento arrasador para produção de alimentos, assentamentos humanos e suas adaptações para não humanos;  a destruição de mananciais e consequente eliminação de córregos; a drenagem de pântanos, utilização extrema de água de lagos, alteração do curso de rios; o represamento de águas para abastecimento humano e geração de energia elétrica; as queimadas indiscriminadas de florestas; as terraplanagens para rodovias e cidades; a impermeabilização de grandes áreas urbanas e  abertura de vias superficiais e elevadas, que favorecem o escoamento de águas pluviais, causam assoreamento de rios e impedem a infiltração e a percolação hídrica, necessárias à recarga dos aquíferos subterrâneos.

A diversidade do uso do solo e dos elementos físicos, requeridos para a execução de atividades referentes à sobrevivência e reprodução, em razão do crescimento numérico da população, impulsiona a espécie humana a ocupar todos os espaços úteis do planeta. O controle dos meios de produção está distante de alcançar o grau de solidariedade que propicie bem-estar a toda a população de 8 bilhões de humanos. As decisões administrativas e econômicas estão concentradas em poucos centros decisórios de acumulação de bens, em âmbito nacional e internacional, estruturalmente inadequados para oferecer serviços de sobrevivência digna a grandes populações. 

A terra e o solo, as águas superficiais e subterrâneas, o ar que humanos e não humanos respiram, estão contaminados e disseminam doenças nem sempre possíveis e factíveis de serem tratadas em hospitais disponíveis. A queima de combustíveis poluentes e a devastação de três quartos da área emersa do planeta somam-se às mudanças físicas naturais do clima planetário.

A desertificação sistêmica do planeta se produz com fatos inter-relacionados, provocados por fenômenos físicos incontroláveis e/ou por atividades concebidas, desejadas e executadas pela espécie humana. Nem todos os benefícios das inovações humanas são socializados com o mesmo ímpeto dos malefícios. A desertificação se torna incontrolável quando se associam ações humanas intensas, indiscriminadas e fenômenos físicos provocados ou naturais.

As consequências mais gritantes se manifestam em três cenários: aumento do número de humanos e não humanos com deficiência alimentar e privados de serviços sanitários; difícil acesso universal à água potável; intenso trafego de populações migrantes em busca de ambiente social de sobrevivência. Estes cenários não são apenas uma equação de inequidade das decisões políticas, mas também, se referem aos obstáculos reais de administrar a sobrevivência pacífica de bilhões de humanos e outros bilhões de não humanos. A interação e a interdependência de todos os seres vivos são características   estruturais e funcionais que garantem a preservação da biodiversidade num planeta limitado.

A população mundial, conforme informações da “World Population Prospects 2022” (ONU), é de 8 bilhões de pessoas (e outros tantos bilhões de bovinos, porcinos, ovinos, caprinos, equinos, caninos, felinos, galináceos etc.) para habitar um planeta devastado. Segundo o citado relatório da ONU, um décimo da população mundial (800 milhões), em áreas rurais e urbanas, sobrevive em estado de fome crônica ou morre prematuramente e a metade dos 8 bilhões de pessoas é mal alimentada em razão da dificuldade de acesso aos benefícios que privilegiam a outra metade. Conclui-se que os responsáveis diretos pela desertificação do planeta são os 4 bilhões que desfrutam diariamente das riquezas acumuladas.

Não é, portanto, uma simples equação de inequidade das políticas intra-humanas de produção e repartição de bens. É um sistema de ocupação do espaço geográfico do planeta comandado pela espécie humana, segundo seus interesses, necessidades, intenções e exercício de poder que, a longo prazo, conflita e colide com as leis físicas do universo. Consciente ou inconscientemente, a espécie humana cria e determina as condições de sua extinção. Sua capacidade técnica e tecnológica, por mais avançada que possa parecer, é freada pelos limites de opções disponíveis nas prateleiras do planeta.

A desertificação de um espaço geográfico pode acontecer em poucos anos. Mas a regeneração biológica dos ecossistemas, que propícia à recomposição de parte da biodiversidade, pode demandar dezenas ou centenas de anos para repor as condições favoráveis à presença de vidas interativas e interdependentes. Diante de um deserto concretizado, os seres vivos humanos e não humanos se defrontam com opções drásticas ─ migrar para outro espaço geográfico ou reduzir o número de ocupantes de áreas habitáveis.

É razoável e necessário, pois, diante das circunstâncias climáticas que afetam a biodiversidade no planeta, observar o princípio da precaução para orientar criteriosamente a reprodução da espécie humana. A alegria de viver e a confraternização social das pessoas e dos povos dependem da coparticipação no usufruto dos bens limitados do planeta. O princípio da precaução indica a possibilidade imediata de propiciar ao novo ser as condições físicas e humanas de dignidade requeridas pelo milagre da vida.

 

Para o Cerrado e, especificamente, para o território do Distrito Federal, as consequências diretas já estão percebidas, analisadas e sentidas ─ aprofundamento das águas superficiais e redução do afloramento de olhos d’água, morte de nascentes e córregos de ligação com rios receptores. Na ocupação crescente de áreas rurais e na periferia da Cidade-Parque proliferaram poços artesianos para usos múltiplos da água aos proprietários. A Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico (Adasa) detectou 1.015 poços artesianos irregulares na Bacia do Rio Descoberto. Com o tempo, secam-se os lagos interiores e restam caixas de água vazias. A irregularidade das chuvas se junta às demais condições de insegurança climática.

O Cerrado, o território do Distrito Federal e a população de 4 milhões de cidadãos, há algumas décadas, dependem das águas da chuva para reabastecer temporariamente os reservatórios semivazios. As condições, já constatadas e anunciadas de desertificação do Cerrado e de redução do fluxo dos mananciais, são alimentadas simultaneamente por atitudes e comportamentos lenientes da administração dos ecossistemas e de grande parte da população.

As propostas sensatas para redirecionar o sistema de ocupação do solo e administração inteligente das riquezas naturais do bioma Cerrado, um dos mais diversificados do planeta, ainda não comoveram nem comprometeram os centros de decisão a adotar o princípio da precaução no uso prudente dos bens naturais e na construção de um convívio satisfatório de interação e interdependência de todos os seres vivos da natureza.

 

 

15.11.2022

 

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

EGITO ─ COP27 ─ 2022

 

EGITO ─ COP27 ─ 2022

 

O que ouviremos durante a Conferência do Clima no Egito:

·       Altas temperaturas dos últimos 8 anos e degradação florestal, por duas grandes razões: produção de alimentos e urbanização, ambos forçando a queima de combustível fóssil.

·       Alto consumo de combustível fóssil e de produtos industrializados.

·       Lixo e agrotóxicos cobrindo grandes áreas do solo, do ar e das águas.

·       O crescimento econômico não será afetado pelas decisões ecológicas. A concentração de riqueza e de poder financeiro não sairá das mãos atuais.

·       Não haverá discussão sobre o contínuo aumento da população mundial, fator ativo que empurra ao extremo o uso dos bens do planeta, para sobrevivência e reprodução da espécie humana. Só planos ecológicos, sem mudança inteligente do modelo econômico atual, não bastam.

·       A COP/27 está diante de um dilema: a) preservar o crescimento econômico globalizado com algum eufemismo; b) garantir a dignidade da vida humana e não humana do planeta (biodiversidade) observando a sabedoria do princípio da precaução.

·      O que podem decidir os participantes da COP27 diante de uma guerra ecológica tridimensional operada por dementes da espécie humana?

BRAS'ILIA, UM DESERTO EM DUAS DÉCADAS

 

BRAS'ILIA, UM DESERTO EM DUAS DÉCADAS

 

Há 60 anos as nascentes do Distrito Federal eram suficientes para abastecer a população, então existente, de 12.000 pessoas. Nestas últimas seis décadas se ampliaram reservatórios, buscaram-se águas a mais de 100 km e não são suficientes para manter um clima saudável para os 4 milhões de pessoas que ocupam, hoje, o degradado ecossistema.

Há pelo menos dez anos, Brasília depende das águas da chuva para irrigar o cerrado desertificado. Brasília não será inundada como as ilhas Tuvalu do Pacífico. Mas terá as características de um deserto em 30 anos. Estudos atuais, com o fracasso da COP26, estimam que o planeta está caminhando célere para um aquecimento catastrófico que intensificará o número de refugiados do clima.

Minha neta, daqui a três décadas, terá apenas 53 anos e testemunhará o fato de estarem semivazios nossos reservatórios.  Verá a triste fuga de milhares de brasilienses do deserto que se tornará a cidade-parque, Patrimônio Cultural da Humanidade.  

A tradicional política administrativa do DF se concentra na urbanização física da cidade e descura da interação e interdependência dos seres humanos e não humanos deste ecossistema sensitivo que abriga a mais rica biodiversidade do planeta.

 

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

ADVERSIDADES DO REFLORESTAMENTO

 

ADVERSIDADES DO REFLORESTAMENTO

 

 

Uma análise ecossociológica de relações possíveis entre comportamento de plantas introduzidas em ecossistemas degradados e vegetação nativa remanescente.

 

Três quartos da área emersa do planeta estão desflorestados. Os sinais se manifestam pelo aquecimento global, pela emissão de carbono de efeito estufa. As Conferências sobre Mudanças Climáticas (COP’s) se repetem anualmente e medidas são ensaiadas em todos os países do globo. O grito revolucionário do século XXI não é para derrubar presidentes de repúblicas. É para proteger o que resta de florestas e plantar árvores para reavivar a regeneração de ecossistemas ao longo e largo do planeta.

O reflorestamento de áreas degradadas por fenômenos naturais ou pelo uso inadequado do solo para agricultura ou bovinocultura é uma forma de contribuir ao esforço natural da regeneração de um ecossistema. O processo de regeneração é uma atividade natural dos ecossistemas, sem necessidade de intervenção externa programada. O tempo da regeneração natural ou sistêmica depende da gravidade da degradação e do comportamento histórico da vegetação original. A semeadura de sementes variadas, próprias dos ecossistemas, é uma das medidas que podem, ao longo do tempo, recuperar um habitat devastado. Vários agentes semeadores, além de pessoas ─ aves, roedores, vento ─, podem promover e ativar a regeneração de uma área devastada.

Outra forma de apoio à recuperação de terras cansadas é o transplante de mudas preparadas em ambientes artificiais e levadas a um novo solo. Esta modalidade de reflorestamento é estimulada por organismos públicos e organizações não governamentais. Milhões de mudas foram transplantadas com relativo sucesso e transformaram áreas devastadas pela agricultura ou bovinocultura em florestas artificiais. Reabilitaram parcialmente o habitat de antigos habitantes que voltam para se readaptarem ao novo ambiente de sobrevivência.

Têm-se observado em áreas de reflorestamento com espécies nativas e/ou alienígenas dois resultados distintos. O plantio de eucaliptos e pinos para uso comercial e industrial cobriram áreas contínuas, auxiliaram na retenção parcial de águas pluviais, sombrearam o terreno, mas o esterilizaram atraindo pouca diversidade de vidas que nessas terras virgens viviam. Esse tipo de reflorestamento altera o ecossistema original. Os benefícios podem ser econômicos, mas não essencialmente ecológicos.

O plantio de mudas diversificadas, nativas ou alienígenas, enfrenta algumas adversidades e nem sempre responde às expectativas dos reflorestadores quanto ao desenvolvimento das plantas e ao tempo de adaptação delas ao novo lar. A preparação de mudas se dá em ambiente artificial, previamente preparado, com técnicas de adubação e controle das condições ambientais favoráveis ao crescimento. O solo degradado que vai receber essas mudas bem alimentadas não apresenta as mesmas condições do ambiente artificial. O oferecimento de água e de nutrientes às mudas transplantadas não se repetirá com a mesma regularidade e intensidade nos novos procedimentos.

As mudas replantadas se ressentem das condições de que gozavam no berçário da estufa. Nasceram e prosperaram, durante meses, socialmente integradas na comunidade artificial. Com o transplante são individualizadas e separadas do convívio vegetal em que se desenvolveram. Seus vizinhos são desconhecidos e nem sempre dispostos ao diálogo vegetal.  A hostilidade invisível do solo, a presença de outros componentes da biodiversidade, como predadores vegetais (arbustos mais competitivos) e animais (formigas, cupins, roedores) podem dificultar o desenvolvimento dos novos habitantes. O controle dessas adversidades, quando a extensão da área é grande, se torna difícil e o tempo da regeneração e da integração de novos habitantes vegetais nem sempre é previsível. Agro é paciência e constância.

A adaptação das mudas ao novo solo, às características vegetais estabelecidas do ambiente desconhecido, às condições diferentes do clima vigente na área degradada, exigirá delas o consumo diário de energias acumuladas durante a primeira fase de crescimento. A sociabilidade compartilhada no viveiro se reduz à individualidade despida e solitária diante de inumeráveis vizinhos desconhecidos. As reações mais enérgicas da muda transplantada são gastas para sobreviver com alimentos diversificados que as raízes possam achar em sua nova aventura subterrânea.

As facilidades anteriores para transformar os ingredientes brutos em açúcares, graças à água oportuna e adequada então recebida, já não existem nas mesmas proporções e horários. O ecossistema artificial socializado se rompe para jovens plantas que enfrentam outro ecossistema, onde a luta pela sobrevivência é individualizada. A resistência do ambiente para recompor as condições ecossistêmicas anteriores à degradação se prolonga por anos ou décadas. O tempo da natureza não é o tempo de horário marcado. As adversidades que atingem as novas habitantes se agravam em face da competição vegetal, pois todas as plantas comem na mesma mesa armada com iguarias dispersas e em estado bruto. Este conflito vegetal entre os habitantes alienígenas transplantados e a organização do ambiente estabelecido pode se prolongar no tempo e até levá-los ao definhamento.

A aceitação ou rejeição às imigrantes inexperientes, manifestadas pela vegetação estabelecida e experiente, são comportamentos que exigem do transplantador percepção e cuidados, conhecimento e assistência, para integrar as novas plantas à organização social e vegetal do ecossistema alterado. A regeneração espontânea de um ecossistema é uma função orgânica estrutural permanente. Qualquer intervenção de caráter auxiliar há de colaborar com as energias do processo natural da auto-organização do ecossistema.

Um plano técnico de plantio impositivo rompe e altera a estrutura de relacionamento de um ecossistema em curso há milhares de anos. Um ecossistema pode ter sido alterado por diferentes fenômenos ou intervenções ─ desmatamento, queimadas, métodos de produção inadequados. É prudente, ao traçar um plano de reflorestamento, conhecer a história do ecossistema degradado. Este ecossistema está vivo e vem continuamente tomando medidas orgânicas para se recompor lentamente e dar guarida à biodiversidade que reflete sua identidade local e regional.

Há um diálogo silencioso e constante, no ecossistema, entre a experiência da comunidade arbórea estabelecida e a inexperiência das individualidades introduzidas, ainda infantes, abandonadas à própria sorte. O tempo será lento para a restauração do ecossistema. Os humores climáticos ao longo dos dias e das estações se revelam durante os períodos diurnos e noturnos. Dependem dos ventos e das chuvas e não têm compromissos com os planos humanos de intervenção utilitária nos ecossistemas para satisfazer necessidades e interesses econômicos. A espécie sapiente é a parte populacional menor da biodiversidade, mas importante nos resultados de suas ações e interações com o ecossistema.

Um dos aspectos determinantes do comportamento humano, no âmbito da biodiversidade, se refere ao conceito de sujeito e objeto. A interação e a interdependência dos seres vivos refletem a linha existencial que une os sujeitos e determinam sua sobrevivência e reprodução. Todos os seres vivos têm identidade. São sujeitos pertencentes a um ecossistema e não podem ser tratados como simples objetos pela espécie humana. A interação e a interdependência fazem parte do princípio da precaução que orienta inteligentemente as relações da espécie humana com todos os componentes da biodiversidade. 

O princípio da precaução é um princípio moral e político que determina que se uma ação pode originar um dano irreversível público ou ambiental, na ausência de consenso cientifico irrefutável, o ônus da prova encontra-se do lado de quem pretende praticar o ato ou ação que pode vir a causar o dano. (O princípio da precaução no Direito Ambiental)