domingo, 29 de novembro de 2015

BIODIVERSIDADE E MONOCULTURA


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(Não corte! Plante árvores!)

BIODIVERSIDADE E MONOCULTURA

Água e plantas são as raízes da biodiversidade. Com abundância de água e intensidade vegetal, a biodiversidade se ativa, se regenera e se multiplica.
A devastação do Cerrado e a consequente diminuição da água são o começo do deserto. Deserto e biodiversidade são antagônicos. A vazão do Rio São Francisco passou do conhecido volume de 3.000 m3 por segundo para os atuais 900 m3. Milhões de árvores tombaram e a principal nascente secou em 2014.
Essa forma eficaz de produzir desertos iniciou-se há 10 mil anos. A substituição de florestas por campos de cereais e a domesticação de animais inauguraram a era das monoculturas. E a mais desastrosa das monoculturas para a ecologia planetária é a da espécie humana.
Outra forma atualíssima de desertificação é a urbanização crescente para abrigar a monocultura humana. A população do Distrito Federal passou de 140 mil em 1960 para 2,9 milhões em 2014. Nascem 120 crianças por dia no DF e a população é acrescida anualmente de 45 mil novos habitantes, o equivalente a um Núcleo Bandeirante. É uma das razões do caos administrativo da cidade. Milhões de árvores deram lugar a casas e milhares de nascentes foram soterradas e extintas. O lixo se espalha por toda parte.
Onde se associam a monocultura vegetal, a animal e a humana, a biodiversidade diminui e a esterilidade ambiental se estabelece.
O desequilíbrio ecológico e ambiental afeta a interdependência dos seres vivos. Os predadores naturais, que garantem o equilíbrio biológico, são extintos. As bactérias e os vírus mais destemidos assumem o poder. O mosquito da Dengue espalhou por vários estados do Brasil o alerta da microcefalia.
No Distrito Federal, a monocultura é representada pelo superpovoamento humano e pela urbanização devastadora que são também causas da desigualdade ecológica com a extinção de espécies vivas.
O crescimento zero da economia, a racionalidade do consumo de bens oferecidos pela natureza e o caminho da prosperidade com preservação ambiental só são possíveis com o crescimento zero da população. Com menos população é mais fácil conservar as florestas, ter acesso à água e melhorar a qualidade de vida urbana.
Quer fazer?
Limitar criteriosa e severamente as áreas urbanizáveis do DF e apoiar um rígido e democrático planejamento familiar entregue à organização competente de mulheres.
Reorientar as empresas agrícolas e cooperativas para o uso de tecnologias de produção de baixo consumo de água e zero uso de produtos químicos tóxicos no cultivo de cereais preservando cortinas ou corredores vegetais nativos para assegurar a recarga dos aquíferos.
Desestimular a bovinocultura extensiva em razão dos danos causados ao solo do cerrado pelo pisoteio do gado e por serem as pastagens ineficientes na recarga dos aquíferos. O Planalto Central não é apropriado a grandes rebanhos e seu solo se esgota com animais consumidores de bilhões de metros cúbicos de água.
Dessa maneira, ataca-se a origem da desertificação e privilegia-se a biodiversidade, ao mesmo tempo especial e generosa, deste berço das águas.
As creches, as escolas, as universidades, as praças, os parques e as ruas são o espaço natural para se comprometer com o GRITO REVOLUCIONÁRIO DO SÉCULO 21: PLANTAR ÁRVORES!                                    29.11.2015




De Olavo Bilac

Velhas árvores
Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores mais moças, mais amigas:
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...

O homem, a fera e o inseto à sombra delas
Vivem, livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.

Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:

Na glória da alegria e da bondade
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!


quinta-feira, 26 de novembro de 2015

EMISSÕES DE GÁS CARBÔNICO (CO2e)


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( O Cerrado se vai)

Os dados apresentados pelo Observatório do Clima, rede de organizações não governamentais, constantes do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), são preocupantes, além de incompletos, como destaca Marina Piatto, coordenadora da iniciativa de Clima e Agricultura do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora). Segundo a especialista, a metodologia utilizada não computa o carbono emitido e sequestrado pelo solo. Esta omissão pode mascarar a veracidade dos dados apresentados. As emissões do Brasil alcançaram, em 2014, 1,558 bilhão de toneladas de CO2e de efeito estufa.
Os três maiores emissores responsáveis por esse volume são: a) queima de combustíveis num montante de 456,0 milhões de toneladas; b) produção agropecuária, 423,1 milhões de t, das quais 237,1 provenientes da fermentação entérica, isto é, gases e esterco liberados por 198 milhões de cabeças de gado. Os estados que cheiram mais, nesse contexto, são Mato Groso, Minas Gerais e Rio Grande do Sul; e 152,9 milhões de t originados de fertilizantes químicos. c) desmatamento (denominado Mudança no Uso da Terra) com emissão de 486,1 milhões de toneladas.
Reduziu-se, entre 2013 e 2014, em 18% o desmatamento, insuficiente para atingir as metas de desaquecimento global. É uma redução pífia quando se põe esse percentual em números reais. Na verdade, esse percentual significa que de cada 100 mil hectares desmatam-se 72 mil.
Regiões de cerrado, que abrangem os estados de Rondônia, Tocantins, Maranhão, Piauí, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Paraná e Distrito Federal, têm os incêndios naturais como parte de sua dinâmica. Porém, as queimadas constituem as principais causas do desmatamento nesse tipo de vegetação. O fogo não só elimina espécies da flora. Milhões de vidas perecem. A biodiversidade se recupera lentamente e a interdependência dos seres vivos se torna cada dia mais difícil.
Segundo o IBGE, em 2008, o cerrado já tinha 48,37% de sua área original desmatada. Em números absolutos, o cerrado teve sua cobertura reduzida de 2.038.953 km² para 1.052.708 km², com área desmatada de cerca de 901 mil km² (44,20%) até 2002, e de mais de 986 mil km² até 2008. As Unidades da Federação que possuem maior área de cerrado original são Mato Grosso (17,60%), Minas Gerais (16,37%) e Goiás (16,16%).
O mais grave é que, segundo Carlos Rittl, do Observatório do Clima, “todo o planejamento de investimentos para os próximos 15 anos não é de baixo carbono”. E acrescenta: “Temos argumentos demonstrando que a redução de emissões não representa obstáculo de crescimento, não exige sacrifício”. Pode-se acrescentar que tecnologias mais avançadas e aplicadas proporcionariam economias limpas e mais eficientes.
Há muito que fazer para que a espécie humana use a inteligência e a ciência para encontrar seu espaço e se integrar na natureza como parte do corpo orgânico do universo. O primeiro passo é liberar áreas para que a vegetação nativa reconquiste seu território. Todos os seres vivos ganharão com essa reconquista.

26.11.2015

terça-feira, 24 de novembro de 2015

OFERTA DE ÁGUA

(Terceiro elemento. As próximas postagens se referem às AÇÕES relativas a cada elemento.)

Brasil, Rússia, Canadá, China, Indonésia e Colômbia abrigam metade da água doce do planeta. Só o Brasil possui 12% de toda a água doce. Por ironia da natureza ou por sua sabedoria, há muita água onde pouca gente mora e pouca água nas regiões mais povoadas.
Esta distribuição geográfica da água é um risco permanente. Qualquer erro humano que cause dificuldades ao curso das águas, as populações são afetadas por secas, por inundações ou por degeneração da qualidade da água. Em São Paulo, 6 a 7 milhões de pessoas ficaram, em 2014, sem água por longo período. Em Minas Gerais, a atividade da mineração por empresas ligadas à Vale causou não só a morte de pessoas e animais como a degradação quase mortífera do Rio Doce. A lama dos minérios foi semeando a morte ao longo de vales e rios. Conclui-se que não é suficiente ter grande quantidade de água. É preciso que ela chegue igualitariamente, todos os dias, a todas as pessoas e que sua qualidade garanta a saúde da população.
De onde vem a água? O ciclo da água é uma rotina da natureza: evaporação do mar e das florestas, formação de nuvens e chuvas que se armazenam nas nascentes, nos rios que voltam ao mar para retomar o ciclo.
A oferta de água é um ato exclusivo da natureza e obedece ao funcionamento do ciclo antes descrito. O que todas as formas de vida necessitam é a disponibilidade diária de água. Como todos os seres vivos, a espécie humana se fixa nas proximidades das fontes, cursos ou reservas de água.
As árvores penetram suas raízes na terra em busca de água, mas também abrem caminho para a infiltração das águas da chuva que reabastece os aquíferos. As águas dos aquíferos brotam nas nascentes e formam riachos, rios e lagos. É das florestas e das águas que milhares de espécies de animais obtêm seu sustento para a reprodução da vida.
O abastecimento de água oferecido à população pelos órgãos públicos se origina de represas ao longo de rios ou diretamente deles. A espécie humana, principalmente nos últimos 15 mil anos, aprendeu a construir reservatórios de água. E, nas últimas décadas, monstruosas barragens mudaram o fluxo natural dos rios. Vastas regiões foram inundadas, causando alterações no clima com frequentes desastres ambientais. O crescimento explosivo da população e as formas diferentes de organização social desembocaram em estratagemas econômicos para a alimentação e reprodução da espécie humana.
As florestas, os rios e o mar se revelaram insuficientes para alimentar a vida no planeta. A devastação das florestas para produzir alimentos em favor da espécie humana extinguiu a fonte nutritiva de muitas espécies que, há milênios, constituíam a base da interdependência dos seres vivos.
No entanto, foi com o advento da produção agrícola irrigada – Revolução Verde – que grandes, longos e caudalosos rios passaram a correr secos em alguns períodos do ano e até para sempre. O Indus e o Mekong, na Ásia, o Colorado e o Rio Grande, nos Estados Unidos da América, e dezenas de rios, no Brasil, correm secos por longos trechos ou simplesmente desapareceram.
Hoje, no Brasil e em outros países, há regiões que dependem quase só da água da chuva. E a principal oferta de água continua sendo a chuva. A estratégia mais inteligente que se possa administrar para garantir a disponibilidade de água é captá-la no período chuvoso. Mas, para isso e ao mesmo tempo, reflorestar intensa e ordenadamente os espaços para que parte das águas voltem aos aquíferos de reserva subterrânea.
Há que distinguir, no manejo da água, aumento da oferta de aumento da disponibilidade da água com qualidade necessária à saúde humana.
A oferta da água é inelástica e está a cargo da natureza. O ciclo das águas e o regime de chuvas é variável, mas a quantidade é a que o planeta guarda em seus armazéns sem intervenção humana. A oferta de água não tem mercado cativo. Destina-se indistintamente a todas as espécies vivas. A espécie humana é única que pode alterar o uso dessa oferta e causar a morte de outras espécies pelo direcionamento exclusivo a seus interesses. A mão humana, na prática de suas atividades econômicas, sociais e de saúde, é capaz de construir reservatórios para facilitar a distribuição da água aos usuários. Para essa função de levar água a quilômetros de distância, o ser humano abre poços a grandes profundidades, interrompe o fluxo dos rios ou os desvia. É de se notar que essas represas monstruosas não se destinam só ao abastecimento de água. Geram eletricidade. São áreas de lazer e esporte e fontes de alimentação humana.
Sobre as consequências ambientais e ecológicas dessas barragens há estudos científicos e manifestações de habitantes expulsos de suas terras que demonstram a atitude autoritária da espécie humana sobre si mesma e outras formas de vida.
A mais complicada dificuldade humana de prover-se regularmente de água é o próprio crescimento da população ao longo e largo do planeta. A sobrevivência e a reprodução da espécie humana dependem de sua limitada capacidade de abastecer-se de água a qualquer distância em que dela se encontre. Em segundo lugar, dependem de sua limitada capacidade de produzir, sem água, o variado cardápio de alimentos necessários à manutenção de suas funções orgânicas. As proteínas e vitaminas animais e vegetais demandadas pela população mundial dependem fundamentalmente do uso de água.
No Brasil, não são só os 204 milhões de habitantes que usam diariamente água potável. Os 198 milhões de bovinos, outros milhões de ovinos, caprinos e aves domésticas juntos consomem rios de água que ingerimos na forma de carne. (Alguns milhões de bichos de estimação requerem importante volume de água para distintas finalidades.) O que sobra para plantas e para toda a variedade da fauna é cada vez menos.
Qualquer ação destinada a compreender e respeitar a essência ecológica do planeta – água – deve incluir medidas que controlem o crescimento populacional da espécie humana. Em consequência, diminuir-se-iam milhões de consumidores de água mantidos vivos para desfrute humano. Em outras palavras, com menos consumidores de carne animal teríamos menos rebanhos secando florestas e rios. É bom lembrar que para produzir um quilograma de carne bovina se necessitam 15 mil litros de água. Compra-se água virtual e invisível extraída de fontes desconhecidas da maior parte dos que clamam por água na torneira.

A preservação do ambiente não corre risco por parte de beija-flores, borboletas e peixes do mar e dos rios. O risco e o fato de se extinguirem vidas se originam na espécie humana. A busca do equilíbrio populacional é uma obrigação da espécie humana consciente e deve ser de seu interesse. A interdependência de todos os seres vivos é uma lei natural compreendida por todas as espécies que formam a cadeia trófica. 

sábado, 21 de novembro de 2015

CONSUMO DE ÁGUA

(Continuação do texto População e Água)

O consumo de água, na cidade, varia de lugar para lugar e depende fortemente da renda dos consumidores. A variação dos volumes consumidos é demonstrada por região, bairro e atividades sociais e econômicas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece 110 litros/dia como valor mínimo para satisfazer às necessidades de cada pessoa.  Na cidade de Brasília, segundo estatísticas da CAESB, o consumo varia de 90 a 640 litros por habitante, discrepância que demonstra a desigualdade ecológica da população. O consumo estimado da população de Brasília (2,9 milhões/hab.) é de 640 milhões de litros diários. A extração e o consumo de água proveniente de poços artesianos estão fora de controle. O número de poços artesianos autorizados e os não autorizados pode chegar a 40 mil cujo volume utilizado pelos usuários é ainda desconhecido. Não foram encontradas informações sobre a profundidade dos poços para atingir os aquíferos, nem medidas compensatórias para a recarga dos armazéns interiores.
O consumo de água é medido basicamente pela quantidade distribuída e pelo volume consumido registrado nos relógios. É estimado um percentual de perdas no trajeto feito pela água na intrincada rede de distribuição. A margem de erro nessas medições pode não dar o volume realmente utilizado pela população em suas diversificadas atividades. Estima-se uma perda diária de líquido maior que 30%, o que revela deficiências das redes de distribuição.
As estatísticas demostram um consumo estático previsível, com variações medíveis que flutuam entre um máximo e um mínimo. O teto recomendado pela OMS nem vale para os que consomem mais nem para os que não atingem esse volume. É um indicador político da administração para diferentes usos em documentos e programas de governo. Nem o governo nem a sociedade civil determinaram, diante do crescimento da população e da escassez da distribuição de água potável um consumo diário com critérios ecológicos e de bom senso.
Os órgãos ou empresas de captação e distribuição de água no meio urbano registram o consumo estático por bairros, por grupos, por firmas industriais e comerciais. O uso de água na agricultura irrigada com captação em rios ou poços artesianos é medido por outros critérios: vazão por hora, volume por m2 ou hectare.
O volume de água embutido no consumo de energia é raramente divulgado. Especialistas apontam um volume de 6.660 litros para gerar um KW de energia. Dependendo das regiões onde estão localizadas as represas e da irregularidade das chuvas, o consumo de energia pode esvaziá-las ou deixá-las com menor capacidade para rodar as turbinas geradoras. Um consumo de 3 KW por pessoa/dia requer a disponibilidade de 19.900 litros que se somam ao volume de água consumida pelo cidadão a cada dia. Umas das formas de poupar água é apagar lâmpadas e aparelhos eletrônicos.

É necessário informar permanentemente a sociedade sobre o uso e o consumo de água por pessoa/dia, por empresa industrial ou comercial e por unidade produzida em suas diversas formas de uso: volume de água por kg de soja, kg de carne, montagem de um carro, construção de um edifício de 10 andares, um km de asfalto, um m2 de jardim ou parque.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

ÁGUA LIMITADA



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Para onde caminha o planejamento e a gestão da água que temos no DF e arredores?
Destaco três elementos fundamentais para esse trabalho administrativo que envolve a sociedade civil e os administradores delegados por ela para aplicar os impostos e o dinheiro arrecadados em favor da coisa pública.

População

População é a razão de ser da administração pública. É ela, em nossa organização social e econômica, que oferece os meios financeiros para criar as condições de sobrevivência, reprodução e convivência social com o objetivo de trazer felicidade à espécie humana.
O aumento quantitativo da população está diretamente ligado à quantidade e variedade de alimentos que podem ser obtidos da natureza. Esses bens e riquezas naturais – água e alimentos – são limitados. Esses limites naturais indicam limites na reprodução de todos os seres vivos. Interdependência de todos os seres vivos – plantas e animais - é uma lei da natureza. Quando esta lei é rompida, todos os seres vivos são solidariamente afetados.
Está implícita na execução biológica de todos os seres uma taxa variável de reprodução. A taxa de reprodução pode ser intensa, em determinadas circunstâncias e precisa ser controlada em outras condições de escassez de bens naturais.
Tendo como critério a precedência ecológica – limites de bens e riquezas naturais – o crescimento da população humana, em todas as regiões do planeta, precisa ater-se à taxa simples de reposição. A taxa de crescimento demográfico não pode ser, hoje, igual à de épocas em que a abundância de bens convidava à reprodução generosa. Uma taxa de crescimento, hoje, acima da simples reposição, amplia a necessidade de maior ocupação dos espaços e intenso uso de bens e riquezas naturais.
A água é um dos elementos vitais mais frágeis da natureza e dela depende a sobrevivência e a reprodução de todas as espécies vivas. Não é igualitário nem democrático o acesso à água. A gestão pública e privada da água é discriminatória. Para planejadores e gestores a ecologia, na prática, está subordinada à economia. O racional é inverter a ordem do planejamento e da gestão dando precedência à ecologia como determinadora do que pode ser feito segundo o princípio da precaução.
(Continua no próximo número)

terça-feira, 10 de novembro de 2015

COLUNA DO EUGÊNIO XVI

 – MANIFESTO ECOAMBIENTAL

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Fixou-se na sociedade a expectativa de que o governo e suas instituições são responsáveis pelo atendimento a todas as necessidades da população. Por esse equívoco, a sociedade, isto é, o conjunto de cidadãos, aceita as decisões de cima, vindas de especialistas que não vivem as realidades dos de baixo.
Em ecologia e preservação da biodiversidade, baseada na água e nas plantas, as ordens de cima não atendem às necessidades vitais da população. É necessário despertar a sociedade. É necessário despertar-se para libertar-se. Libertar a sociedade para se governar é avançar em benefício da população, das árvores, das águas e dos animais. Há um grito revolucionário no ar: PLANTAR ÁRVORES! O Cerrado está sendo devastado. As invasões acontecem por minuto. Quem assalta o Cerrado no DF? Nós, os componentes da sociedade. Quem pode deter a devastação? Nós, os cidadãos. O erro é nosso. A força da mudança também é nossa e está em nós! Quem se dispõe a libertar-se e a libertar a sociedade? Há mais de 40 organizações não governamentais no DF. Por que não saímos pelas rodovias, pelos bairros, à beira das nascentes a plantar árvores? Todos gostam da sombra de uma árvore. Por que não produzimos mudas no apartamento, em casa, nos clubes para encher o cerrado de suas plantas perdidas? É a sociedade que preserva ou extingue a biodiversidade. Educação ambiental começa em casa. Vamos convidar os outros a plantar árvores. Vamos plantar árvores e as árvores nos educarão. Plantar árvores é o grito revolucionário da ecologia e da preservação da biodiversidade. Nós precisamos do Cerrado.
Na BR-060, km 26, Sítio das Neves, já começamos.

10.11.2015

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

ENQUADRAMENTO DE ÁGUAS


COLUNA DO EUGÊNIO  XV - 


Em 1974, quando visitei pela primeira vez o Sítio das Neves com a intenção de me tornar hóspede daquela biocomunidade, bebi a água fria e limpa do Ribeirão das Lajes. Podiam-se contar os calhaus a meio metro de fundura. Em 2015, já é temeroso tomar banho nessas águas. Piora a qualidade das águas do Distrito Federal.

O latifúndio que se estendia de Luziânia a Santo Antônio do Descoberto, por trás do Gama, antes da nova capital, havia deixado quase deserta a bacia do Ribeirão das Lajes. Em 40 anos, mais de 200 casas e 1.500 moradores, com pequenas lavouras, gado solto nos pastos, pocilgas, aviários e açudes de pesque e pague mudaram a destinação da área e modificaram o ambiente. Toneladas de lixo são lançadas ao chão. As águas da chuva arrastam grande parte dos detritos, metros cúbicos de areia e sedimentos ao Ribeirão. Animais mortos, esgotos dos condomínios, esterco dos animais domésticos, plásticos, latas, garrafas, sacos de fibras rolam pelo Ribeirão até a represa de captação e tratamento da Caesb que abastece de água o povoado do Engenho das Lajes. Nessa microbacia hidrográfica, o Sítio das Neves é uma das raríssimas áreas de limpeza da água e proteção das árvores do Cerrado. Os moradores preferem o poço artesiano ao cuidado das nascentes.

MAPA DO SÍTIO DAS NEVES - BR-060 KM  26 - ;Área protegida

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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

COLUNA DO EUGÊNIO XIV - PITANGA E CAJU




(Curriola, Pouteria ramiflora)

É tempo de pitanga e caju. Cajueiros enfeitados de centenas de cajus amarelos como lâmpadas de Natal. Quilos de doces de caju e litros de licor de pitanga. Mangueiras carregadas. Jamelões em flor. Caminhando pelo Cerrado, encontrei uma fruta amarela, saborosa, com nome esquisito: mama-cadela. Os mirtilo florescem. A curriola (Pouteria ramiflora) já tem frutos pequenos e as mangabas estarão prontas para meados de novembro. O buriti- bebê põe folhas novas e, em cem anos, estará quase adulto. O chapéu-de-couro (bate caixa) explode em flores amarelas. Saguis, pássaros, mãe-da-lua (urutau), cantam, chiam, assoviam. A jaó chora sem parar. A seriema acorda o dia. Grandes lagartos devoram ovos das galinhas e das patas. A natureza, com a chuva de novembro, está em festa.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

COLUNA DO EUGÊNIO XIII


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Desde 1987, brasilienses lutam desesperadamente em círculos acadêmicos e organizações comunitárias para manter incólume o glorioso prêmio conquistado pelo Plano Piloto de Brasília: Patrimônio Cultural da Humanidade. O Brasil se orgulha, por conveniência, em rodas oficiais e políticas. Brasília foi concebida como cidade-parque. Uma cidade dentro de um parque. Tenho fundadas suspeitas de que uma quase invisível minoria de brasilienses defende e propõe ações inteligentes para aperfeiçoar o desenvolvimento urbano de Brasília como cidade-parque. Isto quer dizer transformar todas as “cidades-satélites” numa imensa cidade-parque. O sonho da prancheta do Dr. Lúcio Costa parece irrealizável. Algumas forças organizadas desde o início de Brasília, corroboradas por agências de pseudoplanejamento urbano, determinam a forma, a arquitetura, a estética e o tamanho de Brasília. O Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF, as incorporadoras, os proprietários de terras, os grileiros acima da  lei, os movimentos organizados sem-teto e sem-terra, os funcionários de turno de órgãos e secretarias superpostas, um grupo legislativo sem compromissos públicos e a indiferença displicente e generalizada do brasiliense são forças sinérgicas que agridem não só a cidade-parque como também o Plano Piloto. Não há dia em que a guerrilha antibrasília não atente contra a urbe e a civitas com o sacrifício de seus cidadãos, das árvores e dos animais. A biocomunidade cidade-parque transita tristemente da biodiversidade para a monocultura esterilizante do homo sapiens.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

FINLÂNDIA E O CERRADO



COMITÉ DO MEIO AMBIENTE DO PARLAMENTO DA FINLÂNDIA



Ontem, 21 de outubro, o Commitee of Environment do Parlamento da Finlândia, composto por dez deputados, com a coordenação da Embaixada desse país, visitou o Sítio das Neves, biocomunidade da qual minha família faz parte. O objetivo imediato foi o de conhecer uma área recuperada de 70 hectares de Cerrado e o criativo sistema de barragens de captação de águas da chuva implantado no Sítio há 30 anos. Impressionaram-se com o material usado para construir as barragens: pedras, madeira seca, folhas de catolé e terra de cupim, amalgama que resiste a fortes aguaceiros. Estou orgulhoso de ter mostrado à Comissão de Parlamentares do Meio Ambiente da Finlândia, país mais florestado da Europa, a recuperação de um milésimo de área do Distrito Federal destruída pela insensatez da ocupação rural e urbana. É um fio de esperança que se espalha pelo planeta ao proteger nascentes, árvores e animais. Buda sorriu feliz! Um dos pontos que mais impressionaram os visitantes foi o lixo depositado ao longo das rodovias. Realmente, a atitude educada do brasileiro frente ao lixo líquido e sólido ainda não faz parte do pacote cultural de respeito ao ambiente em que vive.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

COLUNA DO EUGÊNIO XII



 (Foto Eugênio Giovenardi. Construção de barragens para captação de águas da chuva, Sítio das Neves.)


Os brasilienses estão sentindo na pele o calor de 37º. Pelas ruas, no supermercado, na farmácia as pessoas se abanam com o ar escaldante. De onde vem tanta secura? No mês de agosto de 2014 e de 2015 não caiu uma só gota de água no Distrito Federal. No mês de setembro de 2014, o tempo nos brindou com 31 mm e, em setembro de 2015, com 39 mm. No mês de outubro, até hoje, nenhuma gota. Essas águas do período chuvoso foram insuficientes para recarregar os aquíferos. A escassez de chuva e o alto consumo da população fazem os córregos correrem secos e as represas baixarem o volume a menos de 20% de sua capacidade. Enquanto a ordem oficial é poupar água da torneira, a Geodril Poços Artesianos, a Fluxor Poços Artesianos, a Capital Artesiano, a Alberton Poços Artesianos, a Hidroluz Poços Artesianos perfuram a rocha em busca de água para atender os que podem pagar 20 a 30 mil reais por ponto. A Adasa, dados de 2011, indica que dos 36.500 poços artesianos, 6.500 estão registrados no órgão fiscalizador e 20 mil são ilegais, em condomínios piratas e em invasões, ameaçando os aquíferos do DF. Se a Adasa sabe que são ilegais e onde estão, por que não foram interditados e os solicitantes multados?

Nem os consumidores clandestinos de água, nem os perfuradores de poços artesianos obedecem às normas de outorga estabelecidas pela Adasa. A fiscalização ao cumprimento das normas é uma deficiência crônica do serviço público. A indisciplina, a desobediência e indiferença do cidadão contribuem para a situação caótica do acesso à água. E a complicação não fica por aí. Brasília cresce na proporção de um Núcleo Bandeirante ao ano. Quem, em sã consciência, se diz capaz de administrar uma cidade que a cada ano aumenta em 44 mil habitantes? O tema superpopulação continua sendo um tabu cultural.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

COLUNA DO EUGÊNIO XI

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A COP/21, logo mais em Paris, primeira semana de dezembro/2015, aguarda propostas de países com desânimo antecipado. Água escassa em mais de 30 países. Córregos e ribeirões do Distrito Federal correm quase secos. Aumento implacável de CO2. Queima de combustível fóssil – petróleo e derivados. Fenômenos naturais devastam cidades que devastaram seu palco de manifestações. Esses velhos fenômenos continuarão presentes pela combinação de vários elementos: água, sol, derretimento de geleiras, ventos, calor, velocidade do planeta, evaporação dos mares, zonas desertificadas, rios desviados e represados, rompimento do sistema de inter-relação entre água e florestas. Administrar esses elementos parece estar fora da capacidade normal da espécie humana que prefere separá-los em departamentos e ministérios indialogáveis.
A COP/21, espera por metas de redução de CO2 olhando para 2030. Há, no ar, uma expectativa de milagre. 196 países estabelecerão, ou não, suas metas em percentuais de redução do CO2 com a esperança de que o milagre seja operado em 2030. Há inundação no Sul. Calores insuportáveis no Centro-Oeste. Enquanto isso, o governo e as empresas privadas do Brasil promovem a venda de automóveis e eletrodomésticos. Estimulam a agricultura superdependente de água bombeada de rios ou de fontes subterrâneas. Incentivam metrópoles antiecológicas sufocadas por gases de efeito estufa. O hoje fica para 2030. A consciência ecológica do cidadão não liga o hoje com 2030. Se o cidadão não administrar, hoje, sua própria meta de redução de emissão de gás de efeito estufa, o majestoso percentual que o governo pretende levar para a COP/21 será uma colorida fantasia.