quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

CAUSAS MÚLTIPLAS DA FALTA DE ÁGUA




As dificuldades de acesso à água na região Sudeste e outras regiões do país são consequências de muitas causas.
– Mudanças climáticas não previstas ou mal interpretadas que interferem no regime de chuvas, não necessariamente na quantidade.
– Localização dos lagos de reserva e armazenamento sem rede de conexão entre eles.
– Desmatamento progressivo das áreas de recarga, queimadas, redução da umidade do ar e desvio de ventos que conduzem os rios voadores (nuvens carregadas de água).
– Urbanização densa por crescimento da população e aumento gradativo do consumo diante da oferta fixa e limitada.
– Impermeabilização de extensas áreas, obstáculos diversos para escoamento e direcionamento das águas produzem inundações sem armazenamento aproveitável.
Em conclusão: há uma oferta anual fixa da chuva e de mananciais para abastecer uma demanda múltipla crescente pelo aumento da população urbana, dos serviços inerentes à sua sobrevivência e a de todos os demais seres vivos vegetais e animais. A biodiversidade e a interdependência dos seres vivos são afetadas causando dificuldades a todos as espécies da biocomunidade.
Não sendo possível reduzir em curto prazo a população ou removê-la para outras regiões, a medida imediata é o racionamento universal (individual e coletivo) da água.
A medida racional é a captação da água da chuva em pontos diversificados e com técnicas adequadas aplicáveis a casas, prédios e ruas, no campo e nas cidades.
Os custos serão variáveis, mas enormes, em consequência das práticas de produção de alimentos, do estilo e modelo de urbanização agravados pelo aumento da população.


28.1.2015

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

CHUVAS 2013 E 2014

Contrastes ou contradições do tempo.
Chuva e falta de água ao mesmo tempo. Conta da luz mais cara.
Vejam os números coletados no pluviômetro que a Agência Nacional de Águas instalou em meu Sítio das Neves (DF).
Volume de chuva de janeiro a dezembro de 2013: 2.391 mm
Volume de chuva de janeiro a dezembro de 2014: 1.677 mm
Diferença a menor em 2014: 714 mm
1 mm equivale a 1 litro por m2.
Quer dizer que em 2014 cada m2 deixou de receber 714 litros de água.
A água que falta aqui no Planalto Central e as trombas de água que caem sobre S Paulo fazem parte das mudanças climáticas.
É tempo de acordar, pátria amada.
O ministério mais ausente é o do meio ambiente.
Neste ano, na COP/PARIS, a delegação do Brasil será a maior.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

NÃO VERÁS NENHUM PAÍS COMO ESTE


Vivo num país onde ninguém mente. O que é estranho: ninguém fala a verdade, do presidente da república ao síndico do bloco. Ouço meias verdades, ditas com constrangimento. Às vezes, ouço algum crítico impaciente a afirmar com autoridade: a grande verdade é esta... e se esquece de dizer qual é a pequena verdade.
Vivo num país onde tudo funciona exemplarmente sob rajadas de críticas amargas. Nossas invenções são referência mundial, não só para países bananeiros como também para o Canadá, a Suíça e a Noruega.
Telefono para o HOB e pretendo marcar consulta para correção de vista. A voz virtual de mulher séxi pede para marcar o ramal desejado. Marco. Ela diz: aguarde! Aguardo há 24 horas e nada acontece. O sistema caiu no espaço interestelar.
Ligo de meu celular da operadora Vivo para outro Vivo. Ouço: o número discado está programado para não receber “este tipo” de chamada. Volto imediatamente a ligar. Minha filha atende. A ligação é gratuita, mas se interrompe. No visor, aparece: “chamada retida”. Ela me liga de volta. Depois do olá! a ligação cai. Várias tentativas e uma desistência. Finalmente consegui saber que todos estão bem, menos a Vivo.
Vivo num país onde a felicidade é geral. Todos estão otimistas. Todos estão satisfeitos. Todos choram. Todos riem. Todos criticam. Todos têm razão. Todos dizem que assim não vai. “Este país é uma merda”. Nada funciona.
Vivo num país onde a população é, sem saber, anarquista. O brasileiro é um anarquista simplório. Não gosta de chefe. Elogia o chefe. Dá presentes ao chefe. Trai o chefe na primeira esquina.
O brasileiro é, por natureza, um furtador. Furta o que pode. Quando pode. Onde pode. Placas de trânsito desaparecem. Painéis advertindo que não se jogue lixo à beira das estradas se transformam em canil para o cão de guarda. Se for pego com a mão no alheio, nega. Se bebeu, diz que não bebeu.
No ramo do furto há classificação: grandes e pequenos, especialistas e generalistas. O prêmio ao furto milionário é a delação. Ninguém é culpado mesmo que devolva parte do furto. Longe das grades da prisão, os advogados afirmam que o furtador de nada sabe, nada viu. Uma inocência comovente.

É por isto que me ufano de meu país. Caro turista recém-chegado, não verás nenhum país como este.

O ATRASO DOS CORREIOS


MENINO DE RECADOS

O que é importante no complexo sistema de comunicação, de relações pessoais e sociais? Enviar ou receber a mensagem? Um gaiato diria: depende.
Quem é o intermediário desse processo? Lembremos o mais antigo e histórico: o menino de recados ou o porta-voz do rei. Essa simples forma de transmitir recados evoluiu para o serviço de Correios. (Correios vem de correr) Um posto de Correios recebe e outro, à distância, entrega ao destinatário.
Entre um posto de Correio e outro há um meio de transporte. Em 1500, uma carta expedida pelo papa, em Roma, viajando em carroça de cavalos, chegava ao rei Luis XII de França, em Paris, no prazo de 15 dias. Kafka, longe de Praga, no começo do século XX, escrevia diariamente cartas de amor a Milena que as recebia e lia no mesmo dia.
No século XXI, a madrinha de minhas netas, como faz todos os anos, postou em Helsinque, Finlândia, um pacote de chocolates, devidamente registrado, no dia 29 de novembro de 2014, com destino a Brasília. Segundo o rastreamento do envio registrado, o pacote foi recebido pelos Correios do Brasil, no dia 3.12.2014. Nesse mesmo dia, o pacote foi entregue à Unidade de Tratamento de São Paulo e logo remetido para a Unidade de Tratamento de Curitiba (PR). Nessa Unidade está retido desde o dia 17 de dezembro, 2014.
Hoje, é dia 7 de janeiro de 2015. Passaram-se 39 dias desde a partida do pacote em Helsinque.
Perguntei aos Correios, em Brasília, por que da demora de 40 dias entre Finlândia e Brasil se o transporte é aéreo. A resposta da funcionária veio sem pestanejar: “Ah! O atraso deve ser lá na Tailândia”! Não, é Finlândia, corrigi. Sem constrangimento, a funcionária olhando para a tela do computador disse: “É igual”!
Desci os degraus da escada do posto dos Correios com o cérebro e a esperança em pedaços.

O pacote, hoje, está em Curitiba, identificado como “objeto com atraso de entrega”. Informação complementar, para ânimo do usuário do serviço de Correios, diz: a mercadoria será entregue em 50 dias úteis, depois de liberada pela alfândega. 7.1.2015