domingo, 21 de maio de 2023

VISITA DE PROFESSORES AO SÍTIO DAS NEVES

 VISITA DE PROFESSORES AO SÍTIO DAS NEVES (70 ha)

A visita de dois professores ao Sítio das Neves, no fim de semana (20.5.2023), deu maior claridade à minha aprendizagem sobre os mistérios da natureza. O prof. Frederico Freitas é especializado em História Ambiental e Sociedade e ligado ã Universidade de Carolina do Norte, EU. A história ecológica da natureza se relaciona com os comportamentos da espécie humana, adjetivada de sociedade. Esta sociedade humana é um contrato não escrito administrado segundo normas de sobrevivência e reprodução. Para cumprir essas normas, os seres vivos humanos e não humanos usam os meios que a natureza oferece em seus biomas e ecossistemas. Ao longo dessa história há encontros e desencontros. A natureza silenciosamente a registra os fatos dos fenômenos físicos e atos da espécie humana. Os benfeitos e os malfeitos dos seres humanos são registrados pela natureza, acolhidos ou rejeitados.

O prof. Vagner Augusto, da UnB, Brasília, estuda a formação física dos solos, das rochas, dos minerais e as águas que brotam do chão. Quando se olha para a formação geográfica dos biomas, as paisagens que mais são admiradas mostram a relação entre árvores e água. As rochas profundas que recebem as águas das chuvas são invisíveis aos olhos comuns dos humanos. As gigantescas montanhas rochosas, com formações esculturais impressionantes, desenham a arquitetura geográfica em escala monumental.

Ao admirar este retalho de cerrado que me retém fascinado por 50 anos, e ao acompanhar os comentários do professor visitante, apreendi que há uma ligação umbilical entre as árvores, as águas e o solo. Ao preservar uma área apta a variados usos por seus habitantes, não basta salvar árvores que alimentam nascentes. Há que se proteger o solo. O desmatamento e o desnudamento ofendem de maneira contundente o solo. Uma área se degrada quando as chuvas correm sobre a terra nua e a levam aos rios e ao mar que, depois, a devolve sob a forma de dunas quase sempre inférteis. A erosão do solo e o assoreamento de rios são graves ofensas que a espécie humana comete contra a preservação da natureza.

Que quantidade de solo do Cerrado foi levada pelos córregos e rios aos oceanos? O volume de solo do Sítio das Neves arrastado aos córregos e rios, antes da construção de pequenas barragens, na década de 1980, para contenção das águas da chuva, pode ter chegado a 19.200 m3. O empobrecimento contínuo do solo privou a vegetação ─ gramíneas e árvores ─ de minerais e massa orgânica, resultando no rebaixamento das águas e na morte de nascentes.   

 

quarta-feira, 10 de maio de 2023

COMENTÁRIOS AO LIVRO

 

COMENTÁRIOS AO LIVRO

 

O CONHECIMENTO, ESSE DESCONHECIDO

Frederico Filgueiras Pohl

Roberta Horta Barbosa Filgueiras Pohl

Ler um livro é entrar numa floresta habitada por seres vivos. A leitura de O conhecimento, esse desconhecido foi um passeio filosófico físico e metafísico pela densa e imprevisível floresta humana em busca da essência dos seres vivos, humanos e não humanos e das coisas inanimadas. Os guias dessa floresta, Roberta Pohl e Frederico Pohl, deram o tom certo, a leveza dos passos e deixaram liberdade ao caminhante para observar, olhar, admirar, pensar e conhecer todas as paisagens que envolvem a vida.

DEFINIÇÃO. Na entrada da floresta há que definir o caminho, a direção a tomar, o que e como olhar para reconhecer os seres no vasto espaço em que se movem, como se relacionam, o que dizem, que respostas esperam. Numa caminhada há silêncios súbitos e interrogações inquietantes.

VIDA. A mais impactante realidade é o milagre da vida operado pela natureza. É o ponto alto desse passeio. Que quer dizer vida? Por que viver à espera do fim? Que recebemos com o milagre da vida e o que deixamos aos outros seres vivos? Ao terminar o passeio ficam as imagens e os encantos dos encontros com conhecidos e desconhecidos. Flores belas, árvores altas, riachos mansos, ruídos e gritos de espanto. Há planícies, há pedras no caminho, há precipícios a evitar. Ao longo da caminhada ficam as pegadas para os que vêm depois.

SER. Há seres por toda parte. Quem são? Somos todos, de alguma forma, desconhecidos neste admirável longo caminho. Abraçados pelo Cosmos enigmático, que verdades os desconhecidos nos comunicam? Todos os seres são verdadeiros na essência existencial. Haverá tempo para conhecê-los e dialogar com eles? Estamos todos no mesmo mundo desconhecido e jamais sairemos dele. Os seres vivos por serem diferentes uns dos outros expressam seu jeito próprio de viver. As diferenças dão o toque da beleza da vida e também das desigualdades.

CONHECIMENTO. O perfume da flor, o canto do sabiá, a Lua no céu, a fruta doce, a espinhada do cacto se refugiam no meu cérebro. Amanhã, ao ver a flor, o cérebro me lembra que ela é perfumada. Conheço uma parte da flor. Gosto da flor e a ofereço a outrem. A flor faz parte do diálogo da vida. Vou colhendo no passeio da floresta algumas certezas, muitas dúvidas, ignorância generalizada, o alerta silencioso do invisível, o natural, o sobrenatural. O físico e o metafísico estão na flor, nas folhas e nas raízes. O que é a auto-organização da natureza? Como expressar a outrem o que se aprende? A palavra diz o que se pretendeu conhecer. O certo e o errado. O verdadeiro e o falso. O discutível e o indiscutível. A caminhada pela floresta me encheu os olhos de tantas árvores, pássaros, pedras, águas e ruídos. Num momento de silêncio enigmático e pensativo perguntei-me: quem sou eu nesta floresta.

AUTOCONECIMENTO. Sentei-me, pensativo, num toco enfeitado de cogumelos brancos. Lembrei-me da resposta de Sócrates (1470-399 a.C.) ao aluno que lhe perguntou como chegar ao conhecimento da verdade, do certo e do errado. Respondeu o filósofo “Conhece-te a ti mesmo, antes de especular o desconhecido”. Quem quer se conhecer? Como? Por quê? Olho para mim. Não sei quem sou, onde estou e por que estou nesta caminhada. Tomo consciência de que sou diferente da flor, do passarinho que voa e do amigo que ontem me deu bom-dia. Eu não sou o outro.

PERIGO. Nesta caminhada cheia de incertezas, dúvidas e afirmações, “são grandes os perigos desta vida”, cantava Vinícius de Moraes. No passeio pela floresta filosófica e metafísica, veem-se borboletas, ouvem-se cantos de pássaros, voam insetos e arrastam-se cobras. Além dos carros que não respeitam pedestres. Os perigos vêm de cima, dos lados, de baixo e de onde menos se espera.

MORTE. Percebi, ao desviar um galho seco sobre a trilha, a asa caída de uma borboleta. A morte é a outra face do milagre. Se a vida é para participar do Cosmos, por que morrer? Morrem os humanos e os não humanos. A vida une. A morte separa. Toda separação é dolorosa. Anuncia-se o dia do nascimento. O da morte não será anunciado. Esse momento pertence ao ser vivo. Há 300 mil anos, os Neandertais tomaram consciência de uma certeza ─ a morte. Nos sepultamentos celebravam a memória da vida. A morte está no meio do caminho. É uma realidade sem tempo. O caminho do caminhante acaba. Fica a história singular de cada um.

MEDO. O medo da morte. O medo do invisível. O medo do desconhecido. A bactéria, sem vacina, chamada medo! Sempre ao lado, no começo, no meio e no fim do caminho. O outro, as outras coisas, as leis, as verdades impostas trazem o vírus do medo. O invisível e o desconhecido atuam como estimulantes do medo. A vacina que controla o medo é obra de cada um.

PODER. A certa altura da caminhada, diante de árvores altas, iluminado pelo Sol, perguntei-me desolado: que poder tenho eu neste passeio existencial? Vi, ontem, o Palácio da Alvorada e, mais adiante o casebre de um mendigo. Quem pode sobre o outro, se todos podem? Há equilíbrio no poder? Quem faz as leis para o mendigo? E para os que têm poder? O que é o poder? Quem julga? Quem condena? Quem premia? É possível desligar-se do poder? Quem obedece a quem? Como livrar-se de controles?

SEXO. Quem escolhe o próprio sexo? Ser masculino ou feminino? Fecundar ou ser fecundado? Este momento faz parte do mistério e do milagre da vida. Qual dos sexos atrai o outro? Impulsos existenciais? Negociação inconsciente? Diálogos inaudíveis? Um contrato não escrito da natureza? E o caracol hermafrodita, de longos sensores, que vejo levando lentamente sua a casa nas costas, rompeu essa dualidade? Uniu o que os outros seres vivos separaram? O sexo não tem fronteira de espaço nem de tempo. Seu uso é criativo. Faz parte dos prazeres, das dores, da vida e da morte dos seres humanos e não humanos.

RELIGIÃO, ESPIRITUALIDADE E MILAGRE. O que embaraça o repouso do cérebro humano na busca do conhecimento é o invisível metafísico, o desconhecido impenetrável que se esconde por trás do fim do caminho. Quem ou o que está além do ponto ômega. As conjeturas do cérebro não trazem tranquilidade ao ser pensante. É um passo no escuro iluminado por um sentimento vago na esperança de encontrar a epifania do milagre da vida. Tito Lucrécio Caro (90 a.C.), no poema A natureza das coisas, cunhou a palavra superstição (supersticio) para significar o que está além, por cima das coisas e da percepção dos sentidos. Aderiu à opinião de Epicuro que resumiu a vida “ao prazer de viver”. Uma espiritualidade provisória sem medo do invisível. O medo dos ancestrais mortos cria administradores do invisível que falam por ele e dominam os vivos por ele.

FELICIDADE. Neste passeio pela floresta física, paro, olho, percebo, de repente, um silencio pensativo, sereno, imóvel e sinto um prazer indizível que me faz exclamar ─ que paz? Um momento apenas de felicidade vegetal no meio da floresta habitada por desconhecidos, por seres que lutam pela vida. Há momentos em que o cérebro compreende o mistério da vida e aceita sem medo as circunstâncias momentâneas da alegria de viver. Nesse breve instante existencial percebe-se a liberdade de ser, de pensar, de agir, de se reconhecer como ente único e livre de qualquer dominação. No fim deste passeio filosófico e metafísico, percebo que tenho em mim parte do vegetal, do animal não humano e do mineral que pavimenta meu caminho. Precisei chegar aos 88 anos para conhecer a melhor parte de mim: a curiosa ignorância investigativa.

 

12..3.2023

segunda-feira, 8 de maio de 2023

EQUÍVOCOS DA URBANIZA;CÃO E USO DO SOLO

 

EQUÍVOCOS DA URBANIZAÇÃO

E DO USO DO SOLO

 

Eugênio Giovenardi, Sociólogo

 

Os primeiros assentamentos humanos de que se tem notícia se construíram, aproximadamente, há 4.000 anos (a.C.) nas proximidades do Rio Eufrates, na Mesopotâmia. As terras férteis eram cultivadas, de tempos em tempos, segundo as estações do ano, para alimentar povos seminômades, em fase de organização sedentária estável. A fixação dos assentamentos fez brotar a semente da organização da sociabilidade, da ajuda mútua, da cooperação e, acima de tudo, o poder dos anciãos e dos patriarcas.

 O uso da pedra e da madeira levou à construção de casas, muralhas, pontes, castelos, templos. A engenharia floresceu. A organização social gerou normas e códigos. O poder de comandar tomou as rédeas para conduzir os súditos. Como construir e administrar uma cidade capital, caput e centro de decisões? Como construir e administrar uma cidade para abrigar pessoas, vidas humanas? Como construir uma cidade sobre um espaço geográfico ecossistêmico ocupado por vidas não humanas e que é seu habitat natural?

Os engenheiros habilidosos foram convocados para gigantescas construções cuja memória ainda persiste. Torre de Babel, Acrópoles da Grécia, Muralha da China, Pagodes da Índia e da China, lugares sagrados dos Incas e dos Maias, castelos dos príncipes e reis da Europa, catedrais da Idade Média e da Renascença, Catedral de São Pedro, Vaticano/Roma, Palácios de Versailles/França e Peterhof em São Petersburgo/Rússia, Casa Branca/Washington, Casa Rosada/ Buenos Aires, Palácio do Catete/Rio, Palácio do Planalto/Brasília são alguns exemplos. A ousadia construtora dos engenheiros e arquitetos esteve, historicamente, harmonizada com os requerimentos do poder político da organização social.

A evolução das técnicas de produção agrícola, com a domesticação de cereais e animais, o aumento vertiginoso da população e distintas formas de organização social, religiosa e política, movidas por processos de cooperação e competição, fomentaram diferentes modelos sedentários e facilitaram o exercício do poder, com laivos autoritários ▬ feudos, burgos, cidades, metrópoles, estados/nações.

Engenheiros, arquitetos, urbanistas, geógrafos, geólogos, administradores públicos, planejadores sociais, nos últimos duzentos anos, incorreram em graves equívocos ao traçarem a construção de cidades sobre espaços geográficos pouco estudados. O crescimento demográfico incontrolado produziu o fenômeno do enchimento das cidades, onde se concentram múltiplos serviços públicos e privados que atendem as mais variadas necessidades humanas físicas e culturais requeridas ou desejadas.

O primeiro equívoco aparece na decisão de construir um assentamento urbano direcionado prioritariamente ao conforto e bem-estar de uma população humana, parcialmente indefinida, embora livre para habitá-lo. Uma arena urbana onde só podem jogar os atletas humanos. O conceito de biodiversidade e de ecossistema natural fica obnubilado pela arquitetura urbana dominante. Arquitetos e engenheiros que projetam cidades ou ocupam cargos de administração urbana, na prática, separam o ecossistema natural em duas partes - o ambiente físico (clima, ar, água, solo) e o ambiente biológico, constituído de vidas interdependentes e inter-relacionadas (biodiversidade). Nesse espaço geográfico ocupado por seres há milhares de anos por seres vivos protegidos pelo ecossistema agrega-se, de maneira impositiva, um novo e poderoso usuário com interesses determinados e conveniências próprias. O primeiro conflito, silencioso ou aberto, com essa separação, se produz entre os seres vivos humanos e os não humanos. O ecossistema reflete visivelmente a auto-organização da natureza, cujo princípio fundamental é a cooperação orgânica no processo de simbiose universal, definida por Pietr Kropotkin como mútua ajuda − mutualismo − no longo e lento processo evolutivo das espécies.

O planejador urbano precisa conhecer o funcionamento da auto-organização desse sistema antes de decidir como pode utilizar um espaço geográfico e garantir um alto grau de interdependência e inter-relação dos habitantes humanos e não humanos do mesmo ecossistema. É estrutural o intercâmbio social, biológico e ecossistêmico de todos os seres vivos que ocupam o mesmo espaço. As vidas se alimentam de vidas num caldeirão simbiótico.

O segundo equívoco se concretiza na modificação dos milenares cursos de água, para uso exclusivo dos habitantes urbanos em detrimento dos seres vivos não humanos vegetais e animais. Todos os agrupamentos humanos se assentaram às margens de rios, lagos ou mares. Nas urbanizações contemporâneas, a consequente impermeabilização do solo, com a eliminação parcial ou total da vegetação, impede a infiltração das águas pluviais, canaliza esgotos, lixo e sedimentos infectados que contaminarão córregos, rios, lagos e longínquos mares. A construção urbana de edifícios sobre uma área pode ser projetada de maneira a canalizar as águas pluviais para recarga dos aquíferos, fortalecimento dos mananciais, manutenção do fluxo das nascentes e os cursos de água. A canalização das águas usadas e esgotos tóxicos devem ser desviadas para recipientes adequados à despoluição e desinfecção antes de seu reuso e não diretamente aos córregos e lagos.

O terceiro equívoco, em consequência, se manifesta na ocupação do espaço, ao ignorar ou desconsiderar a biodiversidade original que o habita. Expulsa-a pela destruição de seu habitat ecossistêmico no qual vivia e se reproduzia. A expansão urbana, em razão do aumento da população, adota esse princípio da ocupação do solo, dito vazio, logo sacramentada por serviços públicos de água, energia, saúde, educação, transporte, segurança. A limpeza urbana, a canalização do esgoto líquido e o recolhimento do lixo se mantêm como ações retardatárias, fomentando a difusão de bactérias, insetos e vírus que infectam a saúde de vidas humanas e não humanas.

O quarto equívoco se realiza na arborização estéril, privando as árvores da reprodução natural e da sociabilidade vegetal de que gozavam no sistema de biodiversidade original, tornando-as apenas objeto de embelezamento artístico do ambiente, alinhadas segundo estética definida pelo olhar humano. As árvores têm identidade. Não são objetos inanimados. A função das árvores, em qualquer espaço, se cumpre na limpeza do ar, na captação e no armazenamento subterrâneo de carbono, no sombreamento para conforto de todos os seres vivos, na detenção e infiltração das águas, no período chuvoso, para recarga dos aquíferos.

O quinto equívoco é o cerceamento estrutural da mobilidade das pessoas. O conceito de separação aplicado à estrutura urbana torna desconfortável e esgotante o trânsito de cidadãos para beneficiar-se dos serviços da organização social.  A manifestação pública ou privada da sociabilidade humana expressa sentimentos afetivos e culturais. Busca socorrer-se de serviços de saúde, educação e lazer. Indica a vontade de participação ativa na produção de bens necessários ao conforto múltiplo de todas as pessoas, em diferentes idades e gênero. Essas múltiplas manifestações de sociabilidade são restringidas fortemente pela estrutura viária de locomoção. O sistema de transporte das grandes cidades é cruel, insano, insalubre e desumano.

O sexto equívoco, igualmente grave, é desunir drasticamente a vida da cidade do ecossistema natural que a recebeu.  A natureza é percebida como periferia ameaçadora a ser dominada. Os temidos desastres naturais atingem centenas de cidades no Brasil e alhures. As mudanças climáticas, que nos últimos duzentos anos, estão estreitamente associadas ao uso humano indiscriminado e intenso dos espaços urbanos e rurais, avisam que com a natureza não se negocia. A guerra contra ela é um desatino e está, para a espécie humana, de antemão perdida.

Um novo olhar sobre a realidade urbana e sobre a realidade dos ecossistemas do planeta, em perturbadoras mudanças climáticas, auspicia-se que levará a espécie sapiente a produzir modelos arquitetônicos urbanos, densamente humanos e harmoniosamente ecossistêmicos, imitando a genialidade da natureza. Exemplos de novos assentamentos urbanos, estreitamente vinculados ao ecossistema, com base na mobilidade humana inteligente para participação dos serviços sociais e culturais, florescem na Itália e Estados Unidos. Com o lema ─ Voltando aos povoados ─ (À PROCURA DA BRASÍLIA PERDIDA, Giovenardi E. Kelps, 2022), enfatiza-se a glocalização para fortalecer as iniciativas locais, oferecendo inteligentes soluções de dificuldades estruturais da comunidade relacionadas com o conjunto de situações globais.

 

"Reconhecer a ideia do Antropoceno é reconhecer o impacto irreversível das atividades do homem, que afetam não somente os sistemas de água e recursos naturais do planeta, mas também o que essas ações significam no futuro das espécies". (Prof. Janos Bogardi, vice-reitor da Universidade da ONU, 2022).

“Pietr Kropotkin (1842-1921- Mutualismo) es evidentemente un precursor de la actual antropología política de Pierre Clastres. (1934-1977 - A Sociedade contra o Estado). Concede gran importancia a la comuna aldeana, institución universal y célula de toda sociedad futura, que existió en todos los pueblos y sobrevive aun hoy en algunos, afirma.o biólogo Ashley Montagu (1905 -1999). (In Simbiosis, Lic. Eng. Agron. Jaime Llosa Larraburu, Lima, Peru, 2023).

4.4.2023

segunda-feira, 1 de maio de 2023

CHUVAS DE ABRIL DE 2023

 

CHUVAS DE ABRIL  ANOS 2013 a 2023  

Em milímetros ─ 1 mm = 1 litro/m2

ANOS      MÊS ▬             TOTAL ANO/ MM

2012 −           ******                        ******

2013 –      554.5                    2.255,6

2014 –      371.9                    1.677,5

2015 –      299.4                    1.642,7

2016 -           8.0                    1.921,7

2017           56.7                    1.478,7

2018 –      111.3                    1.760.5

2019 –      180.1                    1.069.3

2020 -       149.1                    1.787,8

2021 –        62.2                    1.710.8

2022 –        74.5                    1.279,2 

2023 -         74.5                       680.3 (Neste ano)

 

SÍTIO DAS NEVES, BR 060, KM 26, DF, EM REGENERAÇÃO DESDE 1974. SOU IRMÃO DAS ÁRVORES. ELAS VIVEM EM MIM E FALAM COMIGO.

Aos que seguem o movimento das águas pluviais durante o ano, ofereço os dados pluviométricos do mês de abril dos últimos 11 anos. Volumes coletados pelo pluviômetro, instalado no Sítio das Neves pela Agencia Nacional de Aguas (ANA), refletem a situação pluviométrica de parte da Bacia do Descoberto e Micro Bacia do Ribeirão das Lajes, DF. No Sítio das Neves, a vegetação e as nascentes mantêm boa umidade do solo e do ar, detêm três terços da água da chuva, contribuem para a recarga dos aquíferos e regulam o curso dos dois córregos que nascem na área. O acumulado de chuvas, neste ano, é de 680.3 mm/ ou litros por m2, na região da microbacia do Ribeirão das Lajes. O Sítio das Neves foi agraciado, no mês de abril, com 51 mil metros cúbicos de água.

Como se observa no quadro, a média de chuvas mensais, nos ONZE anos registrados, foi de 176.5 mm ou litros por m2. Como indica o quadro, em 7 anos houve precipitação mensal menor do que a média. O DF depende da irregularidade das chuvas e o mês de abril não é exceção. A irregularidade das chuvas não é apenas no volume, mas também na distribuição geográfica. Neste abril, choveu mais intensamente em áreas urbanas, grande parte impermeabilizadas, sem grande efeito na recarga dos aquíferos do DF. Nas áreas desnudas ou recamadas de cimento as águas correm diretamente aos córregos, rios e lagos e levam toneladas de terra, detritos e lixo com destino ao mar. Nas áreas densamente florestadas, como o Sítio das Neves, as árvores administram com grande sabedoria a captação e a retenção das chuvas, mantendo a transparência cristalina das águas.

Os ecossistemas que mantêm vegetação densa resistem melhor às variações do tempo e às severas mudanças climáticas. A preservação das nascentes e o incentivo ao florestamento nativo são ações prioritárias para a regeneração dos ecossistemas, captura e retenção de carbono no subsolo. Esta função do Cerrado só acontece se mantida a floresta original. Os 70 ha do Sítio das Neves, há mais de 20 anos, não emitem carbono de efeito estufa, pois os retêm no solo. As árvores estão felizes e transmitem felicidade a quem as respeita.

ESTÁ EM ANÁLISE FINAL, NO IBRAM, PARA APROVAÇÃO, A PROPOSTA DE CONCESSÃO DE CERTIFICADO DE RPPN (RESERVA PARTICULAR DE PATRIMÔNIO NATURAL) OU SERVIDÃO AMBIENTAL, AO SÍTIO DAS NEVES, 70 HECTARES, COMO ÁREA NÃO COMERCIAL, PARA MELHORAR A SAÚDE DO CERRADO DO DISTRITO FEDERAL AOS SOBREVIVENTES.