terça-feira, 28 de julho de 2015

MANIFESTAÇÃO


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Hoje, sabemos quem são as elites do país, como funcionam e quem as prestigia. As ruas se encheram em junho/2013, em março/2015 e esperam multidão em agosto. A caixa preta está aberta. É preciso ter consciência de que a derrubada de um governo não tomba o sistema sobre o qual ele se edifica. A economia mundial está baseada no subsolo do combustível fóssil – petróleo e xisto – acolitada por bancos e indústrias de automóveis. O aquecimento global, a destruição dos ecossistemas, a redução drástica dos ciclos vitais do planeta, a desigualdade social e a discriminação sexual tornam desumana a convivência entre as pessoas.
Se a manifestação de inconformidade cidadã ficar apenas no curto e imediato resultado, os que vierem depois retomarão as mesmas armas e trocarão apenas a roupa do mesmo sistema espoliador das riquezas naturais.
Desinvestimentos nos projetos poluentes e investimentos em energias saudáveis são propostas para hoje e para o futuro. Manifestação a favor da vida, núcleo central do planeta, e contra a agonia e a morte da biodiversidade da qual fazemos parte.
Água e árvores são os pilares essenciais de um novo sistema de relações entre todas as vidas que respiram no planeta.

28.7.2015

domingo, 26 de julho de 2015

O ESSENCIAL

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A mídia, ao repercutir diariamente informações sobre delitos gravíssimos cometidos por administradores e lobistas no âmbito da Petrobras, faz-nos crer que o essencial é a corrupção.

O essencial não é a corrupção na Petrobras. A corrupção essencial reside na ideologia extrativista da Petrobras e empresas similares em todos os países petroleiros que têm por princípio econômico pilhar os ecossistemas e encher de lixo tóxico o planeta. 
A atmosfera, as águas, a flora e a fauna estão contaminadas. 

A regeneração da vida no planeta está comprometida.

O planeta é uma fonte, um curso de vidas e não um simples recurso a explorar ilimitada e insensatamente.
Este tema estará presente na COP/21, em Paris, neste ano.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

ÁREAS DE REPOUSO OU DEFAUNAÇÃO

(Foto: Eugênio Giovenardi, Buriti bebê, denominado Agojeretés que em guarani quer dizer gratidão. Gratidão da natureza)


A diversidade da vegetação e da arborização do Sítio das Neves, nesses 40 anos de preservação, se consolida. Gramíneas, arbustos, flores de muitas cores e tamanhos, árvores grandes e médias deixam a área coberta de verde.
O consórcio árvores e água trouxe o nascimento do buriti, habitante de veredas, que denominei Agojeretés (gratidão, em guarani) e expandiu a marcela chyrocline satureoides. Esta variedade de marcela aparecia em pontos isolados e em pequenos tufos. Hoje, ocupa uma enorme área em volta do brejo que dá origem à nascente Água Azul.
Uma área de preservação está em descanso, em pousio, para a regeneração da fertilidade depois de uso e desgaste agrícola. A preservação e o pousio, para produzir resultados eficazes, devem abranger uma área contínua, metro a metro. A natureza é um corpo orgânico e sistêmico, por isso deve ser tratada por inteiro.
O conjunto da área se beneficia harmônica e simultaneamente da incidência das chuvas, do sol, do vento, do orvalho. O período de pousio, que pode ou deve se estender por vários anos, depende da gravidade da degradação. Um tempo suficiente para regenerar as espécies sacrificadas pelo uso do solo.
O cerrado é abundante em leguminosas, normalmente consumidas por várias espécies de animais selvagens e domésticos ou destruídas por máquinas agrícolas e queimadas. No período de repouso elas reaparecem, como a fava-de-anta, o jatobá e muitas outras. São variedades, como ensinam os livros de agronomia, com capacidade de fixar o azoto, elemento essencial para a vida vegetal e o carbono que contribui a compensar as emissões atmosféricas. É a regeneração dos ecossistemas naturais.
Apesar da regeneração da flora, ainda que lenta e rodeada de obstáculos (queimadas, lixo, poluição atmosférica, irregularidade das chuvas) a diversidade da fauna, no Sítio das Neves, não teve o mesmo êxito. O uso intenso e invasivo da terra e as práticas primitivas da exploração do solo, como queimadas, aração, desmatamento, lixo, pisoteio de grandes rebanhos desequilibram o ecossistema natural. Ainda, em 2015, no Distrito Federal, capturam-se e matam-se pássaros pequenos e grandes.
A captura, a matança de aves e animais, ou a expulsão deles de seu habitat, dificultam a busca de alimentos e alteram o processo de reprodução. Rompe-se a cadeia trófica e o complexo equilíbrio predatório natural.
Não só morrem lobos-guarás, tatus, cobras, raposas atropeladas nas rodovias, como também algumas espécies diversificaram seu cardápio. Coatis, que se alimentavam tradicionalmente de frutas e brotos, atacam pintos, galinhas e ovos competindo com raposas e mãos-peladas. Os saguis, em falta de bananas e goiabas, roubam ninhos de pássaros e comem os filhotes. Gaviões sobrevoam as chácaras e agarram pintinhos distraídos sem medo das valentes mães, do cão vigilante ou do agricultor ocupado na limpeza da horta.
Suspeita-se que a extinção de pássaros e animais silvestres é acelerada pelo desalojamento, pela frustração das ninhadas, pela tristeza e desânimo diante da perda dos filhotes ou do companheiro. Essas circunstâncias adversas afetam o sistema nervoso, causam a perda da fertilidade e inibem o instinto da reprodução. Pode ser um dos caminhos da extinção de espécies.
A matança de machos ou fêmeas em postura, o desmatamento provocado pela urbanização rural, o ruído de tratores e carros, sons indiscretos de músicas tresloucadas são obstáculos que se associam para deter a diversidade da fauna e até provocar a defaunação criminosa. São insistentes os alertas da gradual perda da biodiversidade do bioma Cerrado.

O desequilíbrio e a desestabilização devem ser corrigidos com a preservação, o repouso e o pousio de grandes áreas contínuas por longos anos para a regeneração dos ecossistemas em benefício da biocomunidade da qual a espécie humana é apenas um integrante.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

CONFLITOS






A comunidade das aves nativas ou domésticas, bem como a de animais da selva ou do curral não estão isentas de conflitos. Lutas corporais e até mortes são frequentes por diversas razões. Os tribunais de conciliação nem sempre funcionam. Numa refrega, o mais fraco por ser jovem ou velho acaba cedendo o lugar ao mais forte e se afasta deprimido.
Raras vezes assisti a apartação de lutas de galos que reivindicavam o governo do terreiro e o direito sobre as fêmeas. Um frangote de caráter mais pacífico tenta o “deixa-disso” para atrapalhar o boxeio dos contundentes. O pacifista nem sempre sela o armistício.

Lumi, meu cão que morreu em idade avançada, 15 anos, não tolerava, por sua índole cordata, as esporadas de um galo na cabeça de outro. Aquela norma proverbial do gaúcho parece predominar nesses conflitos de governança: “em briga de macuco, inambu não pia”.

(Capítulo do livro em preparação PORQUE ME TORNEI ECOSSOCIÓLOGO, previsto para 2016)

quinta-feira, 16 de julho de 2015

TEMPO E PACIÊNCIA



Regenerar uma área degradada e preservar suas características naturais requerem tempo, trabalho, paciência e investimento. Em resumo: tempo e dinheiro. Para cada real de degradação, há que se investir cinco para regenerar o bioma. O que se desfaz em poucas horas, levam-se anos para refazer.
Em quarenta anos – metade de minha vida – tive tempo para conhecer as coisas da natureza, o funcionamento das leis biológicas e o sentido da ecologia.
Com a ajuda de erros de iniciante, a natureza me ensinou gradualmente a estabelecer com ela critérios de equilíbrio para a convivência e sobrevivência das múltiplas vidas que respiram o mesmo ar.
As normas da biocomunidade se consolidaram. Estabeleceram-se entre mim e ela laços de convivência e ternura.
Creio que a relação árvore-água seja o toque mágico da regeneração biológica e o caminho para o equilíbrio natural da interdependência das espécies vivas.
A domesticação de animais pode ser tão prejudicial quanto a não educação de crianças. Transmite-se aos domesticados o mesmo pacote de comportamentos que os humanos impõem à natureza. Os domesticados precisam dos mesmos cuidados oferecidos a seus donos.
No Sítio das Neves, as aves nativas se misturam com as domésticas em livre circulação, na busca de alimentos e na escolha de lugar para se aninharem e reproduzirem. Todas têm em comum o risco de predadores que compartem com elas o mesmo espaço.
Das frutas que aqui se adaptaram, sem alterar em nada o funcionamento da preservação – dito sustentável –, além de alimentar-me delas, as transformo em farinhas, sucos, licores, compotas, pastas e geleias: pitangas, jabuticabas, goiabas, bananas, mangabas, bacuparis, mirtilo, limões, acerolas, jamelão, jerivá, cajá, jatobá.
É uma fonte minúscula de sustentação financeira da regeneração e preservação ambiental.

Aprendi, nesses 40 anos, que o olho d’água forma o riacho e a gota d’água se soma ao mar. As árvores do Sítio das Neves fazem parte das remanescentes florestas do planeta e os olhos d’água daqui namoram as estrelas-do-mar.

sábado, 11 de julho de 2015

COP/21 PARIS

COP/21 PARIS / DEZEMBRO 2015
CONFERÊNCIA DAS PARTES

Há que estar preparado para um enfrentamento de gigantes na COP/21. Tigres, hipopótamos e elefantes, isto é, as empresas de extração de petróleo e xisto betuminoso versus mudanças climáticas.
Elas atuarão, nos bastidores e abertamente, junto aos representantes políticos dos 190 países que debaterão as mudanças climáticas.
Centenas de ONG’s e Fundações de proteção ao ambiente, à biodiversidade, à saúde pública estarão nas ruas para propor alternativas ao combustível fóssil.
Os maiores aliados dos extrativistas poderosos são os não menos potentes fabricantes de automóveis que financiam a mídia internacional e partidos políticos em todos os países.
Até agora, só o The Guardian e o Le Monde se propuseram a apoiar os movimentos de proteção à vida no planeta. Criaram em seus jornais um caderno específico para o debate ecológico.