Quando você está com os nervos à flor da pele, sem
razões evidentes ou com elas;
Quando você não suporta mais o barulho musical da
noite estendendo-se pela madrugada;
Quando você perde sem mais nem menos a paciência com
os filhos pequenos ou adolescentes;
Quando você discute por nada com o companheiro ou
companheira;
Quando você é levado a criticar todo o mundo e acha
que todos estão errados;
Quando a falta de educação no trânsito, nas filas de
espera, nos restaurantes lhe dá ganas de vomitar lições de moral ou usar a
força bruta;
Quando o enfurecem os preços do supermercado, da
gasolina, do seguro do carro, do convênio de saúde, da passagem aérea, do
condomínio ou as taxas bancárias e a mordida do Imposto de Renda;
Quando você constata que nada funciona ao seu redor e
tem que ouvir justificativas, anúncios de novos programas e promessas de
bilhões para resolver problemas insolúveis;
Quando você já sente náuseas matinais ao ver que a
corrupção não tem fim e a incompetência se avoluma;
Quando você não suporta a violência da polícia
supostamente paga para garantir a segurança dos cidadãos;
Quando você reiteradamente sente ímpetos de matar
assaltantes, ladrões de carros, de bancos ou estupradores de crianças;
Quando você está a ponto de mandar para o inferno ou a
outro lugar o síndico de seu edifício;
SAIA da cidade por um dia. Caminhe por entre as
árvores do cerrado, embrenhe-se na densa galeria que circunda o córrego ou o
ribeirão. Sente-se numa pedra milenar e ponha os pés na água. Escute o
farfalhar das folhas e o ronco dos troncos. Ria e chore sem medo de ser visto.
VOCÊ sairá curado sem consultar médico, psicólogo,
psicoterapeuta, psicanalista nem tomar remédios inócuos e caros.
VOCÊ sairá curado do bosque ao perceber que as águas e
as plantas são velhas, antigas e sábias. Durante milênios, elas suportaram ventos,
sol, chuvas, raios, tempestades e a insensatez humana.
25.7.2013