Amigos, mandem-me um pedaço de alma envolta num poema. Ou
numa palavra singela, verdadeira e única. Sinto falta de almas. A humanidade
está perdendo a alma dispersa entre as quinquilharias supérfluas. As mensagens
que recebo falam de tudo menos da alma de quem as manda. Guardem vivas a
ironia, o sarcasmo as farpas. Apontem a displicência e o descaso que se
derramam por toda parte. Ponham um pedaço da alma na indignação que parece
tomar conta das ruas.
Tenho saudade da alma das pessoas e das coisas, não de
palavras da moda impostas por costureiros de inutilidades. Tenho saudade da
alma que sorria de graça, que olhava nos olhos.
As grandes águas que arrasam cidades rio abaixo são torrentes
de lágrimas das montanhas que perderam a alma. Decepamos, arrancamos, queimamos
sem piedade as almas verdes das montanhas, das serranias, dos vales. Levantamos
cidades sem alma, sobre o cadáver da terra. As águas turvas que passam por elas
em corrida desabalada são torrentes desalmadas à procura da alma das montanhas.
Como as águas que vão e não voltam, as almas verdes das
montanhas evaporaram-se. Ao ver pessoas soterradas sob grandes pedras e casas
levadas pela corrente desalmada tenho infinita saudade da alma verde das montanhas.
Voltarão as almas verdes das montanhas? Alguma coisa que se foi ainda volta
neste nosso mundo? Percebo que, sem alma, a humanidade desaba.
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