segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

ÁGUA E OXIGÊNIO


Perguntam-me, frequentemente, qual é o produto cultivado no Sítio que preservo no perímetro do Distrito Federal. A exploração da terra, para arrancar dela algum produto, é uma preocupação atávica. Originou-se, há dez mil anos, quando os seres humanos começaram a desenvolver a ideia de propriedade, isto é, um lugar fixo para sobreviver cultivando a terra.
Evoluí desse ponto atávico para um entendimento mais universal das propriedades oferecidas pelo planeta Terra. Os fatores e as condições essenciais de sobrevivência dos seres vivos, como água, carbono e oxigênio, perderam espaço de importância na exploração desses mesmos elementos com o fim de produzir alimentos e riquezas. O resultado tornou-se mais importante do que os elementos necessários para produzi-lo. Só o fato de que dois bilhões de pessoas não tenham acesso à boa ou à suficiente comida para sobreviver demonstra que a prática agrícola atual não é a mais acertada. É preciso produzir mais com menos água e com menos agressão à natureza.
No Sítio das Neves (70 ha), invisto parte de meus rendimentos na proteção das condições e elementos físicos para a biodiversidade vegetal e animal. É simplesmente inumerável a quantidade de espécies vivas da fauna e da flora que sobrevive ao refrear o assalto da exploração agrícola desordenada e irracional. Da quase invisível gramínea ao frondoso jatobá vivem, nessa área protegida, milhares de espécies cujo papel é nada menos que a vital transformação de carbono em oxigênio e proteção de nascentes de água.
Quanto custa aos seres vivos, pessoas e animais, a produção permanente de milhões de metros cúbicos de oxigênio? Quanto custa para eles a manutenção de milhares de metros cúbicos de água nos troncos, galhos e folhas das árvores mesmo em longos períodos de estiagem? Quanto custa à humanidade a falta de ar puro e de água limpa com a desertificação de imensas áreas do planeta?
Eis minha resposta aos que perguntam com ar de cobrança o que produz a terra do Sítio das Neves: água e oxigênio.
Decisão racional dos Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente deverá ser a de isentar e oferecer subsídios aos que preservam as condições de produção natural de água e oxigênio para contrabalançar as emissões de gás carbônico de milhões de automóveis, aviões e indústrias. Estará, assim, garantida a biodiversidade, essencial fator de sobrevivência de todos os seres vivos do planeta Terra.

Não poupe comentários. Envie por e-mail:
eugeniogiovenardi@gmail.com



Nenhum comentário: