Perguntam-me, frequentemente, qual é o produto cultivado no Sítio que preservo no perímetro do Distrito Federal. A exploração da terra, para arrancar dela algum produto, é uma preocupação atávica. Originou-se, há dez mil anos, quando os seres humanos começaram a desenvolver a ideia de propriedade, isto é, um lugar fixo para sobreviver cultivando a terra.
Evoluí desse ponto atávico para um entendimento mais
universal das propriedades oferecidas pelo planeta Terra. Os fatores e as
condições essenciais de sobrevivência dos seres vivos, como água, carbono e
oxigênio, perderam espaço de importância na exploração desses mesmos elementos
com o fim de produzir alimentos e riquezas. O resultado tornou-se mais
importante do que os elementos necessários para produzi-lo. Só o fato de que
dois bilhões de pessoas não tenham acesso à boa ou à suficiente comida para
sobreviver demonstra que a prática agrícola atual não é a mais acertada. É preciso
produzir mais com menos água e com menos agressão à natureza.
No Sítio das Neves (70 ha), invisto parte de meus
rendimentos na proteção das condições e elementos físicos para a biodiversidade
vegetal e animal. É simplesmente inumerável a quantidade de espécies vivas da
fauna e da flora que sobrevive ao refrear o assalto da exploração agrícola
desordenada e irracional. Da quase invisível gramínea ao frondoso jatobá vivem,
nessa área protegida, milhares de espécies cujo papel é nada menos que a vital
transformação de carbono em oxigênio e proteção de nascentes de água.
Quanto custa aos seres vivos, pessoas e animais, a produção
permanente de milhões de metros cúbicos de oxigênio? Quanto custa para eles a
manutenção de milhares de metros cúbicos de água nos troncos, galhos e folhas
das árvores mesmo em longos períodos de estiagem? Quanto custa à humanidade a
falta de ar puro e de água limpa com a desertificação de imensas áreas do
planeta?
Eis minha resposta aos que perguntam com ar de cobrança o que
produz a terra do Sítio das Neves: água e oxigênio.Decisão racional dos Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente deverá ser a de isentar e oferecer subsídios aos que preservam as condições de produção natural de água e oxigênio para contrabalançar as emissões de gás carbônico de milhões de automóveis, aviões e indústrias. Estará, assim, garantida a biodiversidade, essencial fator de sobrevivência de todos os seres vivos do planeta Terra.
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