quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

CULTURA PERVERSA




– Cuidado! gritou Pedro de Montemor, puxando-me pelo braço.
O sinal verde da faixa de pedestre acabava de abrir e um carro preto passou em disparada.
– Esse carro de 150 mil reais que desrespeitou o sinal e os pedestres é um Peugeot RCZ, disse Montemor.
– E, por causa do preço, o carro não precisa parar no sinal vermelho?
– Não, não precisa. Faz parte da cultura perversa disseminada pela publicidade da montadora e das agências de automóveis.
Ao voltar para casa, folheei a revista Veja onde, entre páginas de acidentes de trânsito e número de 40 mil mortos, em 2011, estava o anúncio da Peugeot RCZ:
NÃO É VOCÊ QUE TEM ELE
É ELE QUE TEM VOCÊ
E, para ironizar os pedestres, no pé da página, em letras miúdas, dizia: Respeite a sinalização do trânsito.
A mensagem da cultura perversa e desumana, apesar das 40 mil mortes anuais, inculca no cérebro do condutor a ideia de que ele é um mero robô irresponsável manejado pela poderosa máquina solta na avenida.
Quanto custa à Peugeot RCZ a publicidade para incentivar a irresponsabilidade em acidentes de trânsito?
Como responsabilizar um condutor que aprendeu e se convenceu de que é um Zé Ninguém escondido numa reluzente caixa preta sobre rodas?
É preciso deseducar o proprietário da Peugeot RCZ.
Senhor Peugeot, inverta a mensagem. Aconselhe-se com seu compatriota Victor Hugo e mude a ordem de importância dessa equação:
É VOCÊ QUE TEM ELE
NÃO É ELE QUE TEM VOCÊ!

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