Estou ainda em 2011 e posso imaginar, se um único brasileiro sobrevivesse ao acontecimento final, que teria ele a lamentar.
Aquela dinheirama toda do pré-sal misturada com lavas.
O ganhador da loteria de fim de ano que mal começara a comprar fazendas e o carro importado.
O PIB do ministro da fazenda que levaria o Brasil para a posição de quarta potência mundial.
A frustração da Copa do Mundo de futebol que consagraria o Brasil como hexacampeão, e todos os estádios em ruínas irreconhecíveis.
Os bilionários e seus aviões a jato mergulhados em profundidades oceânicas inalcançáveis.
O Prêmio Nobel de literatura, ciências e artes, não contaria com o aparecimento de um escritor de ficção científica ou pintor de natureza morta.
Os milhões de brasileiros que acabaram de sair da extrema pobreza para comprar sua casa, seu computador, uma cama decente, um celular pré-pago, um carro de segunda mão, um panetone para o Natal e conhecer outras delícias da classe média.
Esse único brasileiro, privilegiado e honesto, lamentaria que os indiciados do mensalão, os acusados de peculato e prevaricação, os assaltantes do Erário público, os anistiados de ficha suja tivessem morrido antes das devidas condenações.
Lastimaria a universal injustiça que milhões de miseráveis e famintos tivessem perdido a oportunidade de sentar num bar de esquina e comprar um refrigerante de cupuaçu aos filhos com o dinheirinho ganho como assistentes de pedreiro de uma construtora de Brasília do único bairro ecológico da América Latina.
Como não estarei aqui no equinócio do outono, apresso-me em publicar esta crônica, antecipadamente, com risco de não ter leitores depois da catástrofe.
Deixo, neste finzinho de 2011, meu adeus ao planeta Terra, sabendo que ele continuará, sem nós, sua rota interplanetária cheia de surpresas astrais nas celebrações do zodíaco.
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