quarta-feira, 26 de junho de 2013

TELERRUASCÓPIO


 
O universo Rua, há alguns anos-luz, vem emitindo sinais em variadas e não codificadas ondas sociais e políticas. Os telerruascópios do planeta Brasil não são suficientemente sensíveis para captar os sinais orbitais da Rua. Os sinais intermitentes do organismo social chegam ao estetoscópio em forma de números transcendentais que não se encaixam nas equações da matemática política dos governantes do planeta Brasil.
O pi social extraído da circunferência econômica, e que dá a medida imprecisa do diâmetro dos problemas encontrados na rotação dos governos, se liga ao infinito. Todas as aproximações requerem intermináveis operações. Torna-se cada dia mais difícil decodificar os quasares distantes e os pulsares fugazes da explosão do pensamento que se expressa em palavras mágicas ou em atos de convulsão turbulenta.
Os telerruascópios dos governantes do planeta Brasil recebem sinais que formam números primos de significados transcendentais. Os analistas não conseguem dividi-los a não ser por si mesmos. Os números primos desafiam a aritmética, a álgebra e a geometria de que dispõem os burocratas em seus laboratórios antiquados e obsoletos.
O universo Rua possui equipamentos e ferramentas mais avançadas do que as civilizações confinadas nos gabinetes presidenciais e ministeriais. Os sinais da quântica social avariaram os primitivos radioscópios do Congresso Nacional. Os leitores dos quasares, aturdidos pela alta frequência dos sinais, apresentam um palimpsesto com interpretações acomodadas às próprias necessidades de sobrevivência em seu planeta Brasil.
O universo Rua requer a construção de radioscópios e ferramentas ultrassensíveis nos laboratórios do planeta Brasil para interpretar os sinais que chegam dessa desconhecida galáxia chamada Povo.
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Nota: Sou sociólogo naturalista e escritor. Administro uma área liberada da opressão industrial e da tirania do consumo obsessivo, uma reserva natural de cerrado de 70 hectares (Sítio das Neves) para refúgio de variada fauna de ar e terra, reprodução espontânea da flora nativa (3.500 espécies), proteção de nascentes e recarga de aquíferos com captação de águas pluviais. Estudo a ocupação do espaço e a organização de algumas espécies da biocomunidade (mangabeiras, caliandras e catolé).


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