(Foto: Os fenômenos naturais precisam de espaço para se manifestarem)
A organização que se constata nos comportamento humanos,
no meio rural ou urbano, imita a organização genética que se observa na
ocupação do espaço pelas plantas. É notório que todas as espécies vivas tendem
a se organizar para sobreviver e reproduzir. Por que neste lugar e não em
outro? Que relação tem o clima com a organização das plantas sobre uma
determinada área? Que contribuição oferecem os pássaros na disseminação das
sementes? E o vento? E as águas da chuva?
Estudo, há algum tempo, as mangabeiras.
As mangabeiras, no Sítio das Neves, situam-se em
grande parte num raio de 200 a 300 metros. Dão-se bem no alto. Elas se
localizam a sudoeste do Sitio em maior quantidade, a 1.049 metros de altitude
(GPS). Os frutos maduros deixam sementes pelo chão. As águas da chuva as arrastam
para os declives, mas a pouca distância dos pés. Há pássaros que colhem as mangabas
e as depõem a nordeste em pequena quantidade. Os catadores de mangabas cospem
as sementes em suas andanças entre as árvores em zigue-zague.
A sudoeste, elas formam uma comunidade organizada
convivendo com outras espécies. Por que não descem o morro? Os pássaros que
vivem nos altos não frequentam os baixos do Sítio? Saguis e macacos também se
alimentam da mangaba. Nos bosques onde vivem não foram encontrados pés de mangaba.
Parece que os mais aficionados são os morcegos vegetarianos. Colhem as mangabas
e vão comê-las em outras plantas ao redor.
As térmitas têm atacado as raízes das mangabeiras. Os
sinais exteriores do ataque são visíveis. As folhas e as pontas dos galhos
murcham e secam. No pé da mangabeira se instala o cupim. A mangabeira alimenta
a térmita que alimenta o tamanduá e a lagartixa. As frutas da mangabeira
alimentam pássaros, morcegos, pessoas. Estas se organizam em grupos de
catadores para colhê-las no mês de novembro. A interdependência dos seres vivos
contribui para a organização, sobrevivência e reprodução de todos.
Na urbe, a organização humana se estende não só à
reprodução da espécie como à reprodução da cultura, dos conhecimentos, da
descoberta da consciência, da defesa da individualidade e da coletividade dos
grupos.
As necessidades comuns para a sobrevivência e a
reprodução geram tipos diversos de organização. Vão das formas de coletar e
produzir alimentos à distribuição dos bens excedentes. Os bens materiais e os
imateriais convivem e geram formas de relacionamento e interdependência maior
ou menor segundo o tamanho da população e a extensão da cidade que a abriga.
Mas a organização da espécie humana está intimamente
relacionada com as leis da natureza e as leis físicas. Sobreviver e se reproduzir
num determinado lugar ou ambiente depende do clima, do bioma, da água, da
vegetação, do solo, dos alimentos nativos ou da possibilidade de produzi-los.
O convívio entre a natureza e a espécie humana, o
respeito mútuo ou a agressão ao ambiente não só influenciam a sobrevivência e
reprodução física dos seres vivos como também a sobrevivência social, as
decisões econômicas e políticas, a ordem, os direitos individuais e sua
expressão na coletividade. São esses os fundamentos filosóficos do convívio
urbano e do uso das riquezas naturais. Interdependência dos seres vivos.
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