Quem venceu o poder monolítico do partido comunista da ex-União Soviética?
A alfabetização universal e, na teoria, a informação generalizada de uma classe
única dos trabalhadores, com os mesmos direitos, deveres e necessidades. Diante
da real-politik, quando todos sabem
ler, o próximo passo iniludível é começar a pensar. A força do pensamento
derruba qualquer império. Oficializar os meios de informação é a sentença de
morte do autoritarismo partidário e pessoal. A glasnost, a
transparência dos fatos explode.
Quem estraçalhou o autoritarismo instalado no Brasil pelos militares? A
abertura lenta, gradual e segura. O substantivo se impôs aos adjetivos e a
volta à democracia se fez com atos de impressionante participação popular nas decisões
tomadas em clima de insegurança, mas também de convicções em amadurecimento.
Quem esfrangalha, nas ruas, o autoritarismo do pensamento único que
destruiu os canais de diálogo político nos últimos anos? O acesso à informação
universal on line à população por
meio de modernos meios e equipamentos de comunicação: cento e catorze milhões de
celulares, computadores, internet (facebook, twitter, youtube, instagram, Google,
Amazon...), TV, rádio, automóveis desonerados, pacotes aéreos a perder de
vista. A população jovem penetrou nas caixas pretas do governo e suas dezenas
de ministérios e secretarias, do Congresso Nacional, do STF, do TCU, das
empresas de construção e de transporte, dos supermercados e bancos, e descobriu
o caminho do pensar. Violou os segredos de Estado e jogou nas ruas as cartas
que se escondiam nas mangas do poder.
Só os donos do poder não perceberam, por arrogância e pobreza mental, o que
se passava nas redes de intercomunicação eletrônica. A Internet e os meios de comunicação
eletrônica, invisível e silenciosa não serviam apenas para clonar cartões de crédito,
assaltar contas bancárias ou desviar milhões de reais do erário público.
Os segredos da república foram revelados publicamente. Os guardiães dos
segredos não compreenderam, tomados de surpresa e ainda adormecidos no leito
autoritário, que lhes resta apenas reconhecer que a chave do cofre está em
outras mãos. Nem é possível mudar a chave, pois não há segredos a guardar no
cofre roto.
Assim caminha a humanidade. Avançamos graças aos erros dos que nos
precedem.
– – –
Nota: Sou sociólogo naturalista e escritor. Administro uma área liberada
da opressão industrial e da tirania do consumo obsessivo, uma reserva natural
de cerrado de 70 hectares (Sítio das Neves) para refúgio de variada fauna de ar
e terra, reprodução espontânea da flora nativa (3.500 espécies), proteção de
nascentes e recarga de aquíferos com captação de águas pluviais. Estudo a
ocupação do espaço e a organização de algumas espécies da biocomunidade
(mangabeiras, caliandras e catolé).
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