quinta-feira, 6 de junho de 2013

A FALA DAS ÁRVORES




(Foto: Gesticulação dramática de árvore em autodefesa)

Ao entrar no meu refúgio vegetal, Sítio das Neves, percebo a quietude do ar e não resisto a gritar: estas árvores falam! Não é a fala da árvore no sentido ontológico e antropomórfico, mas o que ela inspira ao observador que a olha como ser vivo independente e interdependente.
Sem o respeito à vida das árvores elas continuam sendo mudas e morrem mudas diante do machado ou do fogo. A linguagem das árvores se manifesta na forma como se alimentam e se reproduzem. Elas precisam da liberdade espacial para preparar a reprodução e configurar o ambiente no qual convivem com outras plantas.
A sucessão evolutiva acompanha as variações de clima e as modificações que outras espécies lhe impõem. A arborização natural é polifônica. A limitação de vozes e de sucessão se opera na arborização urbana criando-lhes um ambiente artificial. São árvores sem sucessão, sem cumprir a tarefa natural de promoverem sua reprodução. São árvores aprisionadas, numa espécie de zoo para nossa utilidade e desfrute. São árvores em cativeiro. Escravas da espécie humana, esterilizadas sem os prazeres naturais da reprodução e sucessão evolutiva.

Assumem tamanhos que não são de sua genética e seu crescimento é dirigido por mutilações de podas irracionais.

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