sábado, 3 de outubro de 2015

COLUNA DO EUGÊNIO I

(Publicado no Facebook)

Acordo cedo. Nesta época um sabiá cantador, às cinco da manhã, entoa uma longa canção. Vou à cozinha pôr a água do chimarrão para esquentar. Aproximo-me da janela para ouvir o pássaro. Gravo a melodia num minigravador. Ele finaliza o trinado com uma nota suspensa e vai cuidar dos filhotes. 
Eu preparo a cuia com erva mate moída grossa do Mazuti. Junto umas flores de marcela que têm a propriedade de lavar os intestinos. Mateio durante três horas. Ao mesmo tempo, como pedaços de mamão embebidos em sumo de limão-bergamota que se dá bem lá no meu Sítio. É de manhã que o corpo se livra do desnecessário. O mate, a camomila e o mamão assumem parte da responsabilidade para o descarrego. 
Sozinho, no banheiro higienizado, é que percebo quanto a espécie humana é menos nobre do que as árvores. Elas não passam por esta humilhação. Sentado no vaso, tenho um pensamento esquisito. As pessoas não se escondem para comer uma feijoada com pedaços de porco e beber latas de cerveja. Mas para livrar-se do desnecessário se trancam no reservado como se cometessem um crime ou uma contravenção.

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