sexta-feira, 9 de outubro de 2015

COLUNA DO EUGÊNIO VII


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Amanhece devagarinho. Dou água às plantas que enfeitam o parapeito da janela. Ipês-roxos e amarelos, hibisco, samambaias que trouxe do Bosque das Borboletas Azuis, do Sítio das Neves, pimenteira da Amazônia que Mário me deu, jacarandá e flor-de-maio. Olho para as árvores que despertam lá fora. Assalta-me um estranho pensamento. Que me daria maior tristeza: uma árvore derrubada, uma criança morta ou um pássaro abatido? Que faria uma criança viva sem a água e a sombra da árvore e sem o canto do pássaro? Que faria o pássaro sem a árvore para construir seu ninho e sem a criança para ouvir seu canto? Que faria a árvore viva sem a tagarelice dos pássaros e sem a criança para trepar por seus galhos? Ficaria triplamente triste vendo a árvore derrubada, a criança morta e o pássaro abatido. E todos os dias derrubam-se árvores, morrem crianças e abatem-se pássaros. A vida é um constante prenúncio da morte.

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