Elas são admiráveis em sua frescura juvenil. A obediente Ismena retruca à decisão da irmã: “Irás contra o que foi ordenado por Creonte?” - Antígona não se dobra à tirania de decretos reais: “Ele não tem poder para me separar dos meus.” Tio Sófocles confiava na energia vital das mulheres. Não tanto para exercer poder de mando real ou presidencial, mas para praticar o poder social que rege a convivência humana desde o ventre. A mulher pensa exercendo a ação feminina.
Mais maduras, em tempos
sombrios, outras duas mulheres me fascinaram. Hannah Arendt agigantando-se em
Nuremberg e Marguerite Yourcenar, cujos livros foram concebidos em estações à
espera do trem ou em passeios por entre ruínas romanas e gregas. Mulheres do
mundo, uni-vos para extirpar a tirania do pensamento fálico. Antígona disse ao
rei Creonte no processo do julgamento que a condenaria à morte: “Pode
parecer-te que procedi como uma louca, mas é quase a um louco que dou conta de
minha loucura”. Há tempos venho assumindo minha loucura neste imenso manicômio de
ambições pequenas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário