terça-feira, 6 de outubro de 2015

COLUNA DO EUGÊNIO IV


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Elas são admiráveis em sua frescura juvenil. A obediente Ismena retruca à decisão da irmã: “Irás contra o que foi ordenado por Creonte?”  -  Antígona não se dobra à tirania de decretos reais: “Ele não tem poder para me separar dos meus.”  Tio Sófocles confiava na energia vital das mulheres. Não tanto para exercer poder de mando real ou presidencial, mas para praticar o poder social que rege a convivência humana desde o ventre. A mulher pensa exercendo a ação feminina.
Mais maduras, em tempos sombrios, outras duas mulheres me fascinaram. Hannah Arendt agigantando-se em Nuremberg e Marguerite Yourcenar, cujos livros foram concebidos em estações à espera do trem ou em passeios por entre ruínas romanas e gregas. Mulheres do mundo, uni-vos para extirpar a tirania do pensamento fálico. Antígona disse ao rei Creonte no processo do julgamento que a condenaria à morte: “Pode parecer-te que procedi como uma louca, mas é quase a um louco que dou conta de minha loucura”. Há tempos venho assumindo minha loucura neste imenso manicômio de ambições pequenas.

5.10.2015

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