terça-feira, 20 de outubro de 2015

COLUNA DO EUGÊNIO XII



 (Foto Eugênio Giovenardi. Construção de barragens para captação de águas da chuva, Sítio das Neves.)


Os brasilienses estão sentindo na pele o calor de 37º. Pelas ruas, no supermercado, na farmácia as pessoas se abanam com o ar escaldante. De onde vem tanta secura? No mês de agosto de 2014 e de 2015 não caiu uma só gota de água no Distrito Federal. No mês de setembro de 2014, o tempo nos brindou com 31 mm e, em setembro de 2015, com 39 mm. No mês de outubro, até hoje, nenhuma gota. Essas águas do período chuvoso foram insuficientes para recarregar os aquíferos. A escassez de chuva e o alto consumo da população fazem os córregos correrem secos e as represas baixarem o volume a menos de 20% de sua capacidade. Enquanto a ordem oficial é poupar água da torneira, a Geodril Poços Artesianos, a Fluxor Poços Artesianos, a Capital Artesiano, a Alberton Poços Artesianos, a Hidroluz Poços Artesianos perfuram a rocha em busca de água para atender os que podem pagar 20 a 30 mil reais por ponto. A Adasa, dados de 2011, indica que dos 36.500 poços artesianos, 6.500 estão registrados no órgão fiscalizador e 20 mil são ilegais, em condomínios piratas e em invasões, ameaçando os aquíferos do DF. Se a Adasa sabe que são ilegais e onde estão, por que não foram interditados e os solicitantes multados?

Nem os consumidores clandestinos de água, nem os perfuradores de poços artesianos obedecem às normas de outorga estabelecidas pela Adasa. A fiscalização ao cumprimento das normas é uma deficiência crônica do serviço público. A indisciplina, a desobediência e indiferença do cidadão contribuem para a situação caótica do acesso à água. E a complicação não fica por aí. Brasília cresce na proporção de um Núcleo Bandeirante ao ano. Quem, em sã consciência, se diz capaz de administrar uma cidade que a cada ano aumenta em 44 mil habitantes? O tema superpopulação continua sendo um tabu cultural.

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