Abraçar árvores. Ouvir delas
mensagens repetidas de geração em geração, desde milhões de anos, dão-me a
certeza de que partilhamos de parentesco existencial. Elas têm os pés na água.
Água é um princípio de vida. Uma árvore está cheia de água. Acolhe em sua
ramada milhares de vidas. Dos pássaros aos bichos grandes e pequenos insetos.
Elas recomendam, indistintamente, a todas as formas de vida o segredo da sobrevivência:
sombra e água fresca. Aprendi delas esse gesto generoso de acolher outras vidas
sem discriminação. Eis o risco da generosidade silenciosa. Dizer: bom-dia!
Sorrir a um desconhecido pode ficar sem resposta ou provocar temor. Espantei-me
com a beleza natural, sem maquiagem, da moça do caixa do supermercado de minha
quadra e lhe disse: “você é muito bonita”! Encabulada, respondeu: “eu não me
acho bonita”. E das árvores são os desmatadores que não lhe percebem a generosa
beleza.
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