sexta-feira, 5 de março de 2010

O OVO DA SERPENTE

Deveras, com a Caixa de Pandora e o tríplice mensalão que conspurcou a esquerda desvirtuada e a direita desvairada, experimenta-se a sensação de que a banalidade tomou conta das ruas e se alastra pelos comportamentos humanos.
Tratam-se os engarrafamentos do trânsito cotidiano, os cuidadores de carro, os pacientes da fila dos hospitais ou vendedores de crack com a mesma displicência. A banalidade do mal é ainda mais flagrante. Mesmo com algumas decisões esporádicas da justiça, a audácia a que chegou a corrupção em atos públicos e privados demonstra, por um lado, a arrogância do poder e, por outro, a sofreguidão de tirar vantagem pessoal.
O impróprio, o condenável, a desfaçatez, os males minúsculos e maiúsculos se banalizaram. Estamos todos chocando os ovos que a serpente, sorrateira e solerte, acomodou em nossos ninhos.
A escolha está entre chocar os ovos ou capturar a serpente.
Segundo o filósofo Pedro de Montemor, há, pelo menos, duas pedras enormes sob as quais dorme a serpente: a do poder insensato que se compraz em estar acima das leis e a do dinheiro que arrebata com escárnio a frágil vontade das pessoas para chegar ao poder.
A serpente se enrosca escondendo o rabo e a cabeça.

2 comentários:

Nilo Geronimo Borgna disse...

Texto forte vigoroso! gostaria de repeti-lo em meu/nosso blog pode?
mesmo que nao possa, eu então farei referencia.

O OBSERVADOR disse...

Nilo,
Claro que pode. As ideias precisam circular.
Humanamente
Eugênio