domingo, 7 de março de 2010

A GUERRA E O ESPORTE

Guardo as fontes de informação. Só as darei em caso extremo. Coloque-se no tempo, três ou quatro séculos antes de nossa era. Exércitos de homens fortes, seminus no verão ou cobertos de peles no inverno, marcham pelas montanhas da Macedônia ou acampam nas planícies do Eufrates. Homens brutos, musculosos, treinados para esticar arcos, lançar dardos, disparar catapultas.
Um homem ambicioso, de olhar decidido, rodeado de serviçais submissos, comanda pelotões de jovens sedentos de luta corporal. Atracam-se a homens corajosos, fortes, corpos sarados, suados, braços de serpente, punhos de rocha. Os prisioneiros homiziados reconhecem a derrota e os vencedores festejam a masculinidade. As mulheres e as crianças de ambos os lados não verão mais esses homens fortes caídos na batalha, o peito transpassado, a cabeça rolando no chão.
Lisístrata (411 a.C.), negou-se a servir o esposo guerreiro, enquanto não desistisse de correr atrás de homens a pretexto de guerra. Perguntou-lhe:
− Como fazeis essas coisas, meu marido, de forma tão estúpida?
Humilhado ao ouvir a doce voz da esposa a fazer-lhe uma reprimenda, retrucou:
− Mulher, guerra é coisa de homens.
Não há na história das guerras uma só que tenha sido declarada por mulheres. Onde estava a mulher de Napoleão, Stalin, Hitler, Mussolini ou Bush?
O período de caça terminou há 10 mil anos. Acabaram-se os animais ferozes e logo foram substituídos por homens feras. Que desejo compulsivo é esse de homens caçarem homens? De homens prepararem-se durante anos para matar homens? Que há de errado com os homens que recrutam homens para a guerra? Distinguem-se esses homens pelo valor, pela virtude ou pelo uniforme?
Em outro cenário, nas arenas olímpicas, também brilhavam, cobertos de óleos e perfumados de sândalo, corpos atléticos, músculos ressaltados, agarrados uns nos outros, enlaçados na areia, extravasando a força masculina. Reminiscência evoluída dessas exibições do corpo macho está nos ringues e nos campos de futebol. Homens contra homens encontram o orgasmo esportivo quando a esfera de couro penetra a fenda procurada e culmina em abraços e beijos apaixonados, rolando sobre o gramado do campo.
Como será a civilização humana quando as mulheres decidirem comandar legiões femininas contra as guerras dos homens. Lembrem-se que, até pouco tempo, a cozinha e os bancos da igreja eram reservados às mulheres. O altar é ainda privilégio dos homens que se arrogam o direito de falar com Deus por ser masculino.
Aristófanes, ao final de sua comédia, podia ter dito:
− Há homens de mais e decisões inteligentes de menos.

2 comentários:

Mário Machado disse...

Acho que a Rainha Guerreira Boudicca nos mostra que a guerra e seus fatores são mais complexos que a pura selvageria da testosterona.

Abs,

O OBSERVADOR disse...

É VERDADE,MARIO.
O QUE COMPLICA AINDA MAIS ESSES FATORES É QUE O HOMEM É UM ANIMAL QUE NÃO DEU CERTO.
USAR O CÉREBRO É UMA AVENTURA AINDA DIFÍCIL.