terça-feira, 5 de agosto de 2008

VIADUTO

De repente, num ponto da BR 060, que liga Brasília à cidade de Goiânia, surgem monstruosos pilares de mais de seis metros de altura. Gigantescas máquinas escavam as margens da rodovia e enchem caminhões-caçambas que transportam a terra para um aterro, sobre o qual repousarão novas pistas de alta velocidade.
Uma placa enorme informa que é uma obra do Governo Federal. Outra, não menor, é do Governo do Distrito Federal.
Passo por essa estrada há 34 anos. Nunca me ocorreu que obra tão monumental fosse necessária para facilitar o retorno de poucos veículos que se destinam ao Oeste, no direção de Goiás.
Ouço autoridades que definem as prioridades dos investimentos públicos gerenciados por empresas particulares. Essa transferência de dinheiro do orçamento público a empresas particulares, na linguagem burocrática, é dita terceirização.
− Por que essa obra nesse lugar? − pergunta o repórter.
− É preciso diminuir o risco de acidentes e facilitar a comunicação entre as economias dos municípios goianos que limitam com o Distrito Federal. É a previsão do crescimento. Estamos eliminando todos os pontos redutores de velocidade para que o trajeto entre as cidades se faça no menor tempo possível.
− Mas há, pelo menos, três outras formas de desviar o tráfego para essa direção − insistiu o jornalista. Por que se decidiu pela mais cara?
− Evidentemente, há outros critérios. Uma obra dessas gera crescimento, cria empregos, estimula o consumo e, principalmente, aumenta o PIB regional. É a previsão do crescimento econômico − afirmou com segurança a autoridade.
Uma das atitudes do cidadão, que acredita viver numa democracia participativa, é ouvir calado as justificativas cínicas das autoridades do país.


04/08/2008

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