terça-feira, 5 de agosto de 2008

INFLAÇÃO DE ECONOMISTAS

Há alguns meses, economistas e jornalistas ditos de economia − especialistas em porcentagens − que freqüentam os noticiários estavam eufóricos com o sucesso do PIB e do “crescimento”. Diziam que estávamos imunes aos preços do petróleo, das commodities e dos alimentos. Reservas em dólares alicerçavam nossa condição de celeiro do mundo. Por sobre tudo, a fonte inesgotável do etanol e do biodiesel nos afiançaria como potência emergente.
− Qual seu comentário sobre o recrudescimento da inflação? − perguntou o economista à jornalista especializada.
− É. Está de volta. Não só aqui. É um fenômeno mundial, né. Mais consumo, mais salário, mais emprego. Começou a virada. É mais gente comendo.
− O pessoal aí tá dizendo − pessoal são os economistas nacionais, gente do governo e analistas internacionais − que faltou previsão, planejamento, percepção.
− Mas o índice do primeiro quarto do mês é menor do que o anterior − explica a jornalista. A tendência é de queda.
− Os preços nos supermercados ainda não sabem disso − provoca o economista com um riso amarelo.
− Mesmo que o preço do arroz não recue, o importante é o índice menor da pressão inflacionária.
− Como é possível conciliar a melhora do índice com a subida do preço de feijão, do tomate, do arroz, da carne? − se inquietou o economista.
− É. Vamos ver como as coisas ficam na semana que vem.
− Vamos esperar. Até segunda-feira. Bom fim de semana. Uma pausa. Já voltamos.
Enquanto o comentarista econômico tomava seu café, durante os comerciais, aproveitei para rir de tanta comicidade.
Se é verdade que, nos últimos anos, foram criados 4 milhões de empregos, hoje, o consumo mensal adicional é, pelo menos, de 4 milhões de quilogramas de arroz e de feijão. Sobra feijão no supermercado enquanto milhões de brasileiros não comem, o que ajuda a conter os índices de inflação.
O país não produz arroz e feijão todos os meses, não é mesmo?.

04/08/2008

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