quarta-feira, 13 de agosto de 2008

SE EU FOSSE

“Não sabia que isso era um crime. Nunca parei para pensar nisso” – disse Paulo Vale ao ser interpelado por tirar água de um córrego com caminhão pipa.
“Em pouco mais de 40 anos de ocupação, o Distrito Federal traçou o mapa da degradação ambiental dos seus rios. A destruição chega aos poucos. O córrego fica cada vez mais raso e tomado por plantas aquáticas. É o aviso de uma natureza doente. Depois de algum tempo, a água escurece, os peixes somem, o lixo aparece. O rio adquire cor cinzenta, espuma e cheira ruim. Está morto” – escreveu´ Rovênia Amorim no Correio Braziliense, em 2008.
Quase metade de toda a água que é captada volta para natureza em forma de esgoto. Milhares de litros de esgoto por segundo, sem tratamento, são jogados nos rios, córregos e lagos do Distrito Federal. Mais de dois milhões de litros de esgoto in natura das cidades de Taguatinga e Ceilândia são despejados diariamente no rio Melchior.

Se eu fosse governador do Distrito Federal, formaria um batalhão de cem jovens para uma força-tarefa, durante dois anos, recrutados nos locais de seu futuro trabalho.
Se eu fosse governador, ordenaria que se lhes desse treinamento intensivo, durante dois meses, sobre preservação ambiental, proteção e plantio de espécies nativas, recolhimento de lixo, cuidado e fortalecimento de nascentes de água.
Se eu fosse governador, sediaria esses jovens ao longo dos córregos que sobrevivem no DF, com a missão de visitar todos os moradores ribeirinhos do Guará, Vicente Pires, Bananal, Riacho Fundo, Gama, Tição, Engenho das Lajes, Santo Antônio do Descoberto, Urubu, Samambaia, Cabeceira de Valo, Barracão, Capão da Onça, Cana do Reino, Três Barras, Tortinho, Santa Maria, Torto, Melchior e outros.
Cada jovem se ocuparia de um trecho de dois mil metros de córrego, orientando as famílias residentes a recolher todo tipo de lixo, expandir a mata ciliar e a construir pequenas represas de pedra para recolher as águas da chuva.
Se eu fosse governador, ordenaria:
– que se incluísse no orçamento o montante de recursos suficientes, pouco mais de dois milhões de reais, para a força-tarefa de dois anos;
– que o Secretário da SEDUMA, os diretores da CEB e da CAESB, antes de qualquer autorização para construir avenidas e viadutos, estender redes elétricas ou abastecer de água condomínios e residências ouvisse, na presença do governador, os depoimentos do batalhão de jovens contratados para essa tarefa.
Ao cabo de quatro anos, a natureza estaria mudada, as águas limpas, o povo educado.
Como sou apenas um cidadão solitário que vota a cada quatro anos e nenhum candidato tem interesse em conhecer minha opinião, deixo essa sugestão ao atual e aos futuros governadores do Distrito Federal.


07/08/2008

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