Corre o riacho ao ribeirão, o ribeirão ao rio, o rio ao mar.
Onde, o mar?
Corre o vento para o sul e para o norte, para os vales e
montanhas.
Onde, o mar dos ventos?Cai a nuvem de chuva no riacho, cai no ribeirão, cai no rio e cai no mar.
Onde, o mar das nuvens?
Ilumina o raio a noite, risca o céu, estala no ar, racha a árvore.
Onde, o mar dos raios?
Corre a criança, corre o adulto, corre o ancião, do começo ao fim.
Onde, o mar da humanidade?
Corre o ambicioso, o prepotente, o arrogante, o pretensioso.
Onde, o mar do poder?
Giram as estrelas, giram os planetas, giram as galáxias, giram os cometas.
Onde, o mar dos astros?
Corre o leão, corre o tigre, corre a girafa, correm todos os animais, arrastam-se as cobras, as lesmas e os caracóis.
Onde, o mar da bicharada?
Voa a águia, voa a borboleta, voa o sabiá e voam todos os alados.
Onde, o mar das aves?
Só não correm nem voam as árvores.
Elas observam a corrida das águas, a caída das chuvas, o fulgor dos raios, o andar da criança e do ancião, os tropeços do ambicioso e do prepotente, o giro dos astros.
Sombreia os animais famintos.
Abriga o ninho dos pássaros.
Onde, o mar das árvores?
A floresta é o mar das árvores.
Protege a fonte, o riacho, o ribeirão, e o rio.
Recolhe os ventos, guarda as chuvas, amaina o raio.
Acolhe a criança e o ancião.
Acoita o leão, o tigre, a cobra, a lesma e os caracóis.
Contempla a Lua, abraça o Sol, namora galáxias.
Abriga a águia, a borboleta e o sabiá.
Hospeda o pretensioso e o prepotente.
A floresta não corre nem voa.
Não teme a chuva, o vento, o raio.
Não se amedronta ao passo do leão e do tigre.
A floresta só teme a mão imprudente do pretensioso e do prepotente.
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