quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

NO MEU TEMPO


Quanto tempo tem o tempo para eu ter tempo de viver meu tempo, dando tempo ao tempo?
Tempo para pensar no tempo dos que não têm tempo e dos que perdem o tempo em passatempos.
Quanto tempo teve o tempo para juntar todos os tempos no meu tempo?
São tantos os tempos, que eu tenho tempo de dividir o tempo em muitos tempos.
Foi preciso incontável tempo para o tempo pôr, ao mesmo tempo e num só tempo, a lágrima e o sorriso, a liberdade e a servidão, a mentira e a verdade, a desgraça e a felicidade, a vida e a morte.
Passou o tempo, o tempo voa, não há mais tempo, perdeu-se o tempo em recolher migalhas para outros tempos.
Basta-me o tempo que ainda tenho para trazer os tempos de ontem aos tempos de hoje sem me inquietar com o tempo que fará amanhã.
Para ter mais tempos, somo o tempo das árvores, dos pássaros, dos bichos, das pedras do caminho, o tempo de Aldebarã, o tempo das galáxias para antecipar o tempo inesgotável da eternidade que é a soma infinita de todos os tempos.
Não há mau tempo, há apenas maus em todos os tempos e o bom tempo é uma dádiva a quem reserva seu tempo para ter tempo de viver o tempo sem medo de perder tempo.
O tempo é o resumo do ontem, do hoje e do depois, por isso, não corro contra o tempo para que o tempo me seja favorável.
Vivo meu tempo sem ter tempo de dizer que não tenho tempo.
Tenho tempo e o tempo me tem.
Não sei por quanto tempo.
Só o tempo dirá.


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