O preconceito existe desde que a espécie humana se atreveu a
expor opiniões, ideias e conceitos sobre fatos ou pessoas em suas relações de convivência.
O papel vital do homem e o da mulher, o fraco e o forte, o
enfermo e o sadio, o bom e o ruim, o conquistador e o dominado, a cor da pele
ou os ritos religiosos, quem pode mandar e quem deve obedecer são personagens
ideológicos do drama diário do preconceito, de ideias preconcebidas no âmbito
subjetivo da verdade impositiva.
A palavra preconceito mais e mais é aplicada como alarme de
trânsito de opiniões, ideias e interpretações dos fatos ou do comportamento de
pessoas. Chamar uma pessoa negra de negro, criticar políticas ou programas de
governo dirigidos aos que não podem decidir por serem pobres, ou recusar o
crescimento econômico pela via do consumo, ou indignar-se com o comportamento
impróprio de um líder político proveniente da classe trabalhadora ou de família
indigente logo soa a sirene do preconceito. Não concordar é preconceito e discriminação.
O preconceito se tornou o código filosófico, ético, moral. Atinge
o pensamento mediano, as opiniões de massa fortalecidas por estatísticas e
percentuais indiscutíveis. O pensamento ético ou político se torna linear, uma
espécie da trilha única, sem alternativa. Ou se admite a verdade proposta ou se
cai preso na armadilha e vítima da conspiração do preconceito.
É uma forma sutil de
monitorar opiniões e ideias. Faz parte dos regimes totalitários,
verticais, ditatoriais e dogmáticos para submeter o pensamento à disciplina dos
quartéis.
A acusação de preconceito é usada para preservar o poder e
alinhar os fatos a ideias e programas e não à liberdade de expressão. O
preconceito tremula no ar como azorrague do patrulhamento ideológico dos que
empunharam a mentira econômica e o engodo social como bandeira.
O mais trágico diante do tribunal da consciência é
submeter-se ao domínio do preconceito e acomodar-se às grades da liberdade
vigiada por câmeras de segurança patrimonial.
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