quinta-feira, 8 de novembro de 2012

CICLISTAS BRASILIENSES



Ciclovias para quê? Ciclovias para quem?
Quem são os ciclistas de Brasília? Quantos são? Para onde pedalam? Para onde vão e por quê?
Desde que o Eixo Rodoviário, também chamado Eixão (18 quilômetros de extensão), que risca a cidade de Sul a Norte, foi restrito, nos domingos e feriados, aos pedestres, ciclistas, esqueitistas e patinadores, muitos brasilienses aderiram ao ciclismo como esporte semanal.
Funcionários públicos e de empresas privadas, de ministérios e autarquias, bancos e hotéis, de músculos embotados pelo sedentarismo semanal se encontrariam no Eixão aos domingos e feriados, antes de ir aos clubes assar carnes, comer pastéis e beber cerveja.
O que é que o Plano Piloto tem? Tem ciclovias? Por que Sobradinho não tem? Por que o Lago Sul não tem? Por que Taguatinga e Ceilândia não têm? A pergunta virou bandeira política. Promessa de campanha de todos os candidatos ao governo distrital. Justificou-se.
A planura de Brasília é adequada à bicicleta como alternativa de transporte.
O exercício físico colabora com a saúde mental, relaxa os músculos, retarda o envelhecimento do corpo.
O uso da bicicleta é ambientalmente correto e necessário. Reduz drasticamente a emissão de poluentes na cidade.
Diminui os espaços de estacionamento perto de prédios e estimula o plantio de árvores em torno deles.
O custo da bicicleta é menor do que os requeridos para manter um carro em circulação.
A primeira estimativa, além da manutenção do Eixão como recreio ciclista, entremeada de ameaças de extinção, anunciava a construção de mais 10 quilômetros de ciclovias. A extensão delas aumentou com o advento festejado do milionésimo automóvel para 250 quilômetros. Neste ano de 2012, a meta foi erguida para 600 quilômetros disseminada em todo o Distrito Federal.
Quem é contra a ciclovia? Quase ninguém. Quem defende as ciclovias? Quase todos.
Quantos usam as ciclovias para divertimento saudável? Não sei, mas pressuponho que muitos aos domingos e fins de tarde no horário de verão.
Quantos usam a ciclovia como alternativa de transporte para chegar ao local de trabalho? Os institutos de pesquisa, os ambientalistas, as empresas contratadas para abrir ciclovias poderiam nos dizer.
Minha diarista não vem de Valparaíso ao Plano Piloto em bicicleta. Enfrenta duas horas e meia de ônibus para vencer escassos 40 quilômetros.
Os governadores que prometeram ampliar a quilometragem de ciclovias vêm a seus gabinetes de carro oficial ou helicóptero. Os deputados distritais que aprovaram os orçamentos para ciclovias acabam de renovar a frota de carros flex “ecológicos”. Os deputados federais e senadores da república, grande número deles acima do peso ideal, não são vistas rodando de bicicleta pela Esplanada.
Ministras e ministros não saem de suas mansões do Lago a bordo de suas bicicletas para dar testemunho das convicções do governo em defesa do ambiente.
Quantos dos mais de 300 mil cidadãos, que vem ao Plano Piloto ou nele estão para defender o pão de cada dia, se decidirão a pedalar pelas amplas vias de nosso Patrimônio Cultural da Humanidade?
Tenho bons amigos, defensores das ciclovias, com irrefutáveis argumentos para estar a bordo de carros automáticos que saíram das garras dos tigres asiáticos.
Sobram 600 quilômetros de ciclovias. Faltam ciclistas.

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