terça-feira, 1 de novembro de 2011

POPULAÇÃO E FOME



O anúncio da chegada do bebê 7bi foi feito em tom de comemoração. Possibilidade de que tenha nascido um novo gênio capaz de solucionar definitivamente problemas e dificuldades que a população mundial terá pela frente. No dia 6 de outubro de 1999, a estatística da ONU contabilizava uma população de 6 bilhões. À época, o mesmo organismo, por meio da FAO, lamentava que cerca de um bilhão padecia de fome aguda, isto é, não tinha o que comer. Quantos milhões morreram de fome de 1999 a 2011? Hoje, a mesma FAO afirma que mais de um bilhão de famintos esperam por uma vaga nos cemitérios. Onde estão os argumentos otimistas que acenam com mais cérebros para resolver nossos problemas? Onde está a mencionada tecnologia de produção agrícola para provocar um crescimento geométrico de alimentos acessíveis às populações em países que não conseguem oferecer sequer a quantidade suficiente de produtos? Há regiões, no Brasil, em que agricultores não produzem para a própria sobrevivência. Tecnologia, terra, água, crédito ainda se comportam como inimigos da agricultura por causa da insuperável incapacidade política e econômica de decidir, planejar e executar.
Se morrem 2 pessoas a cada segundo e nascem 5 no mesmo período de tempo, caso da Ásia e África, qual é a proporção simétrica de produção de alimentos? Não é só de comida que vive uma pessoa. Moradia, escola, hospitais, transporte, estradas, meios de comunicação, teatros, museus fazem parte da vida moderna.
Os meios de comunicação transmitiram afirmações insensatas provando que o planeta Terra pode abrigar 20 bilhões de pessoas. Certamente, essas personalidades não creem que a maioria da população mundial possa desfrutar dos produtos materiais e culturais na mesma proporção de canadenses ou noruegueses e de boa parte da elite brasileira.
A miopia de quem goza de bem estar intocável não abarca as distintas populações do planeta. Não somos apenas nós, hominídeos, os únicos 7 bilhões de habitantes da Terra. Há outros bilhões de animais domésticos para os quais se destina grande parte da produção de alimentos e cujas proteínas não alcançam os famintos. Há bilhões de animais silvestres e marítimos que habitam florestas necessárias e mares gratuitos que precisam de espaço para o cumprimento das leis da vida. Esses três gêneros de populações interdependentes dependem de água para sobreviver. Água e florestas são a origem da vida. Mais uma vez, o organismo internacional lamenta que mais de 2 bilhões de seres humanos não dispõem de água tratada ou potável. E para produzir mais alimentos, precisa-se de mais água.
Em nome da dignidade humana, para estabelecer um equilíbrio do crescimento demográfico, impõe-se medida racional muito mais efetiva do que uma projeção estatística preguiçosa para o ano 2100. A limitação do crescimento das populações do planeta se dá por fenômenos naturais e doenças como pestes, epidemias, AIDS, secas, inundações, tornados, tsunamis, terremotos, erupções vulcânicas. Mas talvez não seja razoável esperar por eles ou estimulá-los com falsas ideias de progresso, de crescimento econômico, desenvolvimento tecnológico, metropolização de cidades, desertificação gradativa de imensas regiões, devastação de florestas. Há outros meios sensatos e racionais.
O planejamento demográfico, estendido a todas as nações do mundo, em nome da sobrevivência de  das populações existentes no planeta, é medida necessária e salutar. Os efeitos não serão imediatos, pois há obstáculos culturais, tabus e conceitos religiosos a superar. Mas a reprodução vegetativa, ou crescimento zero da população, é desejável do ponto de vista humano e necessária para o equilíbrio ecológico e ambiental que assegure a biodiversidade bela e espetacular do planeta. Só temos um planeta disponível para ser desfrutado entre todos os seres vivos.

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