A BR 060 é a rodovia que liga Brasília a Goiânia, passando
por Alexânia, Abadiânia e Anápolis. Por essa via pode-se ir a Pirenópolis e Corumbá.
No meio do caminho, a represa Corumbá IV atrai turistas, proprietários de
chácaras à beira do lago e centenas de pescadores de fim de semana.
Milhares de carros transitam por essa autoestrada por
motivos de negócios ou por lazer. A fiscalização do tráfego é feita pela
Polícia Rodoviária e agentes do Posto Fiscal, com intervenções esporádicas da
Polícia Civil. A BR 060 é canal de transporte comercial intenso e rota de
drogas procedentes de Goiás e Mato Grosso do Sul.
Às margens da rodovia, nos últimos dez anos, algumas antigas
fazendas como Engenho das Lajes, Tição, Riacho Fundo se transformaram em
assentamentos urbanos e condomínios rurais. A rodovia foi traçada sobre o
espigão do Planalto Central e de ambos lados brotam mananciais cujas águas
correm para o Sul, nascidas na bacia hidrográfica do Descoberto constituída pelo
rio Santo Antônio, Ribeirão das Lajes e outros córregos formando a bacia do
Paranaíba, rumo ao Paraná e Mar del Plata.
Essa região, como todos sabem, é frágil e delicada, pois é o
berço das águas. Todo berço contém uma criatura tenra. No entanto, os usuários
da rodovia não sentem nenhum desconforto cidadão em depositar todo tipo de
entulho de demolições, ferragens, restos de móveis e cerâmicas no trecho em
frente à Samambaia e Recanto das Emas. Em vários pontos da rodovia, com mais
frequência do lado esquerdo, direção Goiânia/Brasília, toneladas de lixo
orgânico são descarregadas por usuários que retornam de suas casas de fim de semana
ou de pescarias na represa Corumbá IV. Tive curiosidade de examinar o conteúdo
do lixo depositado junto à cerca de uma Área de Proteção Permanente que possuo
no km 26. Pelos itens ali encontrados trata-se de pessoas que, além de dirigir
carros do ano, certamente possuem 2 a 3 aparelhos de TV, 150 canais da NET,
computador e Internet que lhes dão acesso a todas as informações referentes à
ecologia e aos decretos que protegem a natureza, além de programas educativos
quase que diariamente transmitidos.
Em razão do crescente volume de lixo depositado à beira da
rodovia, próximo às nascentes e córregos da região, enviei sugestões ao Ibram, repetidas
vezes, no início de cada nova administração do GDF, para que instalasse, de
cinco em cinco quilômetros, placas com orientação e advertência de proteção à
natureza. Nada foi feito. Sugeri, como se faz em outros países, que se
construíssem galpões simples, em pontos estratégicos da rodovia, para entrega e
posterior recolhimento do lixo. Resposta: “Não há orçamento para pequenas obras”.
A Caesb instalou meia dúzia de placas tímidas, com letras miúdas, em alguns
pontos do acostamento, recomendando proteção às nascentes. Nenhum efeito visível
diante dos 15 poços artesianos que se observam entre o km 0 e o km 30 da BR 060.
Há planos completos de gestão ambiental aprovados nas instâncias legais e
burocráticas. O que falta é pôr o plano em ações práticas, eficazes e
eficientes. É para isso que se cobram impostos.
Renato Russo gritava pelos ermos de Brasília “Que país é esse”?
Diante de tanto lixo, em maior volume a cada semana, às margens da rodovia BR
060, é de se indignar e perguntar “Que gente é essa”?
Não pretendo inculcar na psique do cidadão brasiliense o
complexo de ecoculpabilidade. Mas, por vivermos num país profundamente
religioso onde se praticam com igual fervor o candomblé, a magia, a reza do
terço, a santa missa, a cura do câncer pela fé em Jesus contra o INSS, a caída
do Espírito Santo, a meditação budista, a leitura da Bíblia, proponho que todas
as igrejas e religiões do Brasil adotem o 11º. Mandamento:
NÃO JOGAR LIXO FORA DAS LIXEIRAS SOB PENA DE CONDENAÇÃO
ETERNA.
Um comentário:
Por aqui devemos agradecer a omissão a prefeitura de LUZIANIA que nao fiscaliza nada... apoia esse tipo de atitude juntamente com seus membros da politica local que tambem participam de orgias a beira do lago...
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