Para os que acompanham meus comentários sobre a tendência inevitável de a
humanidade caminhar para o crescimento zero, agrego alguns dados de economistas
australianos sobre o tema.
Há três pilares que sustentam o crescimento zero: mudança gradual dos hábitos
de consumo freando o consumismo, investimentos em prioridades humanas: alimentação,
vestuário, moradia adequada segundo as necessidades universalizadas e
planejamento familiar democrático atingindo imediatamente todos os países do
planeta.
Os pontos abaixo mencionados ilustram a magnitude da redução do atual crescimento
baseado no PIB e no acúmulo crescente de riquezas em mãos privilegiadas se o
ritmo atual de crescimento demográfico se mantém, mesmo em declínio.
* Se os 9 bilhões
de pessoas que habitarão a Terra em quarenta anos utilizarem os recursos ao
ritmo per capita dos países ricos, a produção anual de bens de consumo teria
que ser oito vezes maior do que é hoje.
* Se os 9
bilhões consumirem uma dieta norte-americana, necessitaríamos de 4, 5 bilhões
de hectares de cultivo, mas só dispomos de 1,4 bilhões de hectares de terra
cultivada no planeta. A desertificação do planeta seria o suicídio.
* A
disponibilidade hídrica é escassa e minguante. Qual será a situação se 9
bilhões queiram utilizar água como se faz nos países ricos e nas regiões privilegiadas
de países emergentes, enquanto o problema dos gases estufa reduz a oferta de
água? Hoje, 2 bilhões de pessoas não dispõem de água para beber e suprir
necessidades mínimas.
* As zonas de
pesca do mundo se encontram, hoje, em sérios problemas. A maioria com superexploração
da pesca e redução de espécies. Que aconteceria se os 9 bilhões tentassem
consumir peixe ao ritmo atual dos australianos?
* É provável
que diversos tipos de minerais e de outro gênero escasseiem muito em breve,
entre eles o gálio, o índio e o hélio. E há preocupação quanto ao cobre, zinco,
prata e fósforo.
* É provável
que comece a escassear o petróleo e o gás e que, em boa medida, não se possa
dispor deles na segunda metade deste século. Se os 9 bilhões consumirem
petróleo ao ritmo per capita australiano, a demanda mundial seria cinco vezes
maior da que é atualmente. A gravidade disto é extrema, dada a onerosa dependência
de nossa sociedade aos combustíveis líquidos. A exploração de outras energias
além de cara é ainda incipiente.
* Análises
recentes da “pegada ecológica” mostram que se necessitam oito hectares de terra
produtiva a fim de proporcionar água, energia, terreno para assentamento humano
e alimentos para uma pessoa que vive na Austrália (World Wildlife Fund, 2009).
De maneira que se 9 bilhões vivessem como australianos, seriam necessários ao
redor de 72 bilhões de hectares de terra produtiva. Porém, isso equivale a
cerca de dez vezes toda a terra produtiva disponível no planeta. O planeta é um
só.
* O argumento
mais inquietante é o que se refere a gases estufa. É muito provável que, com a
finalidade de impedir que o conteúdo de carbono na atmosfera se eleve a níveis
perigosos, se tenha que eliminar por completo as emissões de Co2 até
o ano 2050 (Hansen, 2009, Meinschausen et al. 2009). Mas esta possibilidade é
remota.
Os economistas
que trabalham novas formas de produção e consumo diferentes das capitalistas,
cujo modelo os países emergentes tentam a todo custo seguir em nome do PIB, se
estribam no bom senso humano para a sobrevivência de todas as espécies vivas do
planeta Terra.
Basear a
economia no consumo obsessivo de bens úteis e inúteis, necessários e supérfluos
com o fim de mostrar o crescimento do PIB e estar entre os quatro países que
governam o mundo é trilhar o caminho certo do abismo.
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