segunda-feira, 21 de novembro de 2011

DEGRADAÇÃO E DISPLICÊNCIA






A BR 060 é a rodovia que liga Brasília a Goiânia, passando por Alexânia, Abadiânia e Anápolis. Por essa via pode-se ir a Pirenópolis e Corumbá. No meio do caminho, a represa Corumbá IV atrai turistas, proprietários de chácaras à beira do lago e centenas de pescadores de fim de semana.
Milhares de carros transitam por essa autoestrada por motivos de negócios ou por lazer. A fiscalização do tráfego é feita pela Polícia Rodoviária e agentes do Posto Fiscal, com intervenções esporádicas da Polícia Civil. A BR 060 é canal de transporte comercial intenso e rota de drogas procedentes de Goiás e Mato Grosso do Sul.
Às margens da rodovia, nos últimos dez anos, algumas antigas fazendas como Engenho das Lajes, Tição, Riacho Fundo se transformaram em assentamentos urbanos e condomínios rurais. A rodovia foi traçada sobre o espigão do Planalto Central e de ambos lados brotam mananciais cujas águas correm para o Sul, nascidas na bacia hidrográfica do Descoberto constituída pelo rio Santo Antônio, Ribeirão das Lajes e outros córregos formando a bacia do Paranaíba, rumo ao Paraná e Mar del Plata.
Essa região, como todos sabem, é frágil e delicada, pois é o berço das águas. Todo berço contém uma criatura tenra. No entanto, os usuários da rodovia não sentem nenhum desconforto cidadão em depositar todo tipo de entulho de demolições, ferragens, restos de móveis e cerâmicas no trecho em frente à Samambaia e Recanto das Emas. Em vários pontos da rodovia, com mais frequência do lado esquerdo, direção Goiânia/Brasília, toneladas de lixo orgânico são descarregadas por usuários que retornam de suas casas de fim de semana ou de pescarias na represa Corumbá IV. Tive curiosidade de examinar o conteúdo do lixo depositado junto à cerca de uma Área de Proteção Permanente que possuo no km 26. Pelos itens ali encontrados trata-se de pessoas que, além de dirigir carros do ano, certamente possuem 2 a 3 aparelhos de TV, 150 canais da NET, computador e Internet que lhes dão acesso a todas as informações referentes à ecologia e aos decretos que protegem a natureza, além de programas educativos quase que diariamente transmitidos.
Em razão do crescente volume de lixo depositado à beira da rodovia, próximo às nascentes e córregos da região, enviei sugestões ao Ibram, repetidas vezes, no início de cada nova administração do GDF, para que instalasse, de cinco em cinco quilômetros, placas com orientação e advertência de proteção à natureza. Nada foi feito. Sugeri, como se faz em outros países, que se construíssem galpões simples, em pontos estratégicos da rodovia, para entrega e posterior recolhimento do lixo. Resposta: “Não há orçamento para pequenas obras”. A Caesb instalou meia dúzia de placas tímidas, com letras miúdas, em alguns pontos do acostamento, recomendando proteção às nascentes. Nenhum efeito visível diante dos 15 poços artesianos que se observam entre o km 0 e o km 30 da BR 060. Há planos completos de gestão ambiental aprovados nas instâncias legais e burocráticas. O que falta é pôr o plano em ações práticas, eficazes e eficientes. É para isso que se cobram impostos.
Renato Russo gritava pelos ermos de Brasília “Que país é esse”? Diante de tanto lixo, em maior volume a cada semana, às margens da rodovia BR 060, é de se indignar e perguntar “Que gente é essa”?
Não pretendo inculcar na psique do cidadão brasiliense o complexo de ecoculpabilidade. Mas, por vivermos num país profundamente religioso onde se praticam com igual fervor o candomblé, a magia, a reza do terço, a santa missa, a cura do câncer pela fé em Jesus contra o INSS, a caída do Espírito Santo, a meditação budista, a leitura da Bíblia, proponho que todas as igrejas e religiões do Brasil adotem o 11º. Mandamento:
NÃO JOGAR LIXO FORA DAS LIXEIRAS SOB PENA DE CONDENAÇÃO ETERNA.

Um comentário:

Anônimo disse...

Por aqui devemos agradecer a omissão a prefeitura de LUZIANIA que nao fiscaliza nada... apoia esse tipo de atitude juntamente com seus membros da politica local que tambem participam de orgias a beira do lago...