sábado, 14 de maio de 2011

UM MUNDO MELHOR


No filme MUNDO CÃO (Ghost World), de Terry Zwigoff, diz Seymur, colecionador de discos, solitário e tímido: “Não consigo me relacionar com 99% da humanidade”. O ser humano pode ser brutal e terno. Será ele diferente do leão ou do cisne?
Quando entramos num restaurante self-service com filhos e netos para cumprir um dos rituais da convivência, raramente nos lembramos da miséria e da fome que assolam a humanidade. Nem sequer sabemos o que sofrem milhares de crianças nos acampamentos de refugiados na África depois de centenas de anos de exploração econômica brutal preservada pelos investidores europeus.
Quando levamos nossos netos aos melhores centros de ensino, onde o termo educação é batido pelo termo conhecimento das ciências, nas escolas da periferia das cidades ou nas áreas rurais as crianças se sufocam em salas ou tugúrios apertados na esperança de se alimentar de merenda escolar já deteriorada.
Quando entramos num avião, felizes de poder gozar da “qualidade” do transporte rápido, achamos normal que os passageiros da Central do Brasil ou do metrô de São Paulo se espremam nos vagões a uma temperatura de 40 graus para garantir um ou dois salários mínimos.
Pagamos uma fortuna para nos submeter à tomografia do crânio ou do pulmão e filas de cidadãos comuns esperam o moroso atendimento a fim de detectar o dengue ou a pneumonia. Numa frase podemos registrar o otimismo e o pessimismo da vida real: algumas coisas melhoram com o tempo, outras pioram. Nesse jogo do melhor e do pior há uma habilidade intrínseca no ser humano: a possibilidade de sempre fazer o bem ou o que é bom. Disparar a tecla do bom senso para prevalecer contra a idiotice. A idiotice é uma ideia devastadora. Revidar o mal com o mal ou com indiferença é uma idiotice. O que Obama fez com Osama é uma idiotice histórica tão grande quanto a de Osama.
A humanidade caminha somando idiotices perigosas em atentados fatais contra o bom senso. Um mundo melhor e possível se fundamenta no diálogo, na conversa e na justiça. O grau de felicidade possível cada pessoa determina livremente para si.

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