quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

PRESERVAÇÃO, CONSERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO


As grandes chuvas, as inundações de cidades, os deslizamentos de morros desmatados são avisos, sinais e fenômenos que devem acordar a população e pôr de sobreaviso as autoridades públicas. Com a natureza não se pode ser imprudente. As leis físicas funcionam permanentemente e desobedecê-las custa caro aos seres vivos.
Todas as áreas de um ecossistema, por menor que seja sua vegetação, devem ser preservadas, na cidade e no campo. Preservar, portanto, é a primeira letra do alfabeto ambiental. Para preservar é preciso conservar. Não se trata apenas de leis físicas. Trata-se de conhecimentos, de técnicas, de boa vontade, de amor à terra que nos abriga. Bosques, florestas e parques tem  legislação própria e tem que ser obedecida. É comum dizer-se que temos as melhores leis ambientais do planeta.
As leis para que tenham efeito é preciso que as pessoas as conheçam. Os órgãos responsáveis tem que estar equipados para fazer cumprir a lei, orientando as pessoas, notificando-as se não a cumprirem e as sancionando, se contumazes. Os administradores devem  comprovar a capacidade de sustentação do ecossistema da área a ser ocupada e determinar o número máximo de habitantes autorizados a habitá-la, reprimindo invasões de qualquer origem. A ocupação do solo, devidamente autorizada, precisa ser racional e inteligente, respeitando a biodiversidade local e a captação de águas da chuva. Um rígido controle da expansão demográfica precisa ser implantado, no DF, como unidade integrada ao Cerrado e ao Planalto Central. É imprescindível que se faça análise prévia do impacto da mão humana sobre a natureza e a da consequente reação do ambiente sobre a população.
Em razão do crescimento da população, das práticas de exploração agrícola, principalmente das monoculturas e da agropecuária, da exploração imobiliária, do inchaço das cidades, muitas áreas estão degradadas, pauperizadas, esgotadas e abandonadas. Todas essas áreas devem e podem ser recuperadas.
O primeiro passo é a decisão política de manter a área degradada intocável e inexplorável por um período de tempo que pode variar de um a trinta anos. O próprio ecossistema determinará o tipo de vegetação nativa original e atrairá a multiplicidade de fauna necessária e útil a seu desenvolvimento. Complementar a vegetação com plantio de espécies nativas nem sempre é necessário e depende das condições geológicas da área. Nos parques, a frequência dos visitantes deve ser limitada em numero de pessoas e horas. O Jardim de Luxemburgo, de Paris, fecha por doze horas durante a noite. Os parques também precisam de repouso, de manutenção e conservação a cargo de jardineiros treinados e especializados.
O segundo passo se refere à captação, contenção e detenção de águas da chuva, mediante construção, nos canais de esgotamento das águas ou grotas, de pequenas barragens adequadas ao volume e intensidade das precipitações da região. Existem técnicas simples e baratas para este efeito. Utilizam-se somente pedras ou madeiras secas e terra de cupim (barragens-castor), em sequência, de cinco em cinco metros. Reduz-se, assim, a velocidade das águas, retém-se as por alguns dias ou meses, em minúsculos lagos, o que permite infiltrarem-se e percolarem na direção das águas profundas, recarregando os mananciais interiores. (O Sítio das Neves, BR 060, Km 26, DF, é um modelo e um sistema comprovado de recuperação de 100 hectares de área degradada.)
O terceiro passo consiste em eliminar da cultura do povo a piromania, a tendência incontrolável de atear fogo no período seco. Placas, fiscalização intensa por meio de brigadas preventivas contra incêndios, avisos frequentes pelo rádio e TV, sanções severas contra incendiários devem ser ações diárias durante os meses de estiagem, especialmente nas áreas de risco, as quais todos os anos sofrem com o fogo.
O quarto passo é multar severamente os que depositam com caçambas, pick-ups ou carros de passeio, entulho de construções e toda sorte de lixo não degradável ao longo das rodovias. (Vide BR 060 e DF 290, como exemplos.)
O quinto passo e proibir a circulação de automóveis nos parques. A circulação de automóveis no Parque da Cidade deveria ser terminantemente proibida ou pelo menos, durante doze horas noturnas. A presença do automóvel é incongruente com a conservação de um parque de lazer.
O sexto passo é introduzir nas escolas o ensino do respeito à natureza, proporcionando às crianças contato com a fauna e a flora em escolas-parque, como portadoras de mensagens ecológicas à família.
A natureza agradece e o nosso bem-estar aumenta à medida que trocamos o habito do desperdício, da irresponsabilidade ambiental por atitudes de respeito às árvores, ao uso parcimonioso das águas e ao apreço pela limpeza, indicador de boa educação.

Nenhum comentário: