quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

CATÁSTROFES


A Natureza é bela, atraente, sedutora. Mas não dispensa cautela e prudência de quem a quer esposar e usar. Os pretendentes à sua beleza e a suas riquezas têm tomado decisões às cegas.
A Natureza tem suas leis, regras, princípios. Para garantir um casamento feliz e duradouro, é necessário conhecer suas vontades, seu temperamento e seus segredos. No reino da Natureza, as leis funcionam, permanentemente vigiadas por milícias atentas e secretas.
Quando uma população ocupa um espaço da Natureza, impõe-lhe mudanças segundo critérios de interesse e necessidade imediatos. Modifica o ambiente. Corta árvores. Revira o solo. Abre vias e passagens. Redireciona o caminho dos ventos e das águas. Cultiva produtos estranhos ao local. Constrói áreas de lazer. Edifica seu sonhado paraíso. Não percebe ou ignora que violou as leis da Natureza. Ela acumulou, pacientemente, processos de transgressão. Deu avisos. Alertou. Chamou atenção para os perigos que se escondem no subsolo e para as ameaças que vêm de cima.
Há muito tempo, rompeu-se o diálogo entre população e Natureza. O superpovoamento, a imprudência dos ocupantes, a indiferença com as leis físicas, a necessidade e a presunção das pessoas impediram que ouvissem os alertas diariamente gritados aos ouvidos dos invasores.
Gradativamente, as leis da Natureza, comandadas por fenômenos físicos, se impuseram silenciosamente aos ocupantes cegos e renitentes. A beleza das montanhas, a sedução do verde, a leveza do clima, a pureza das águas que se lançam em cascatas alucinantes, após aguentar por longos anos os danos dos ocupantes, reagem com a fúria ingovernável da lei da gravidade. O peso que a Natureza suportou sobre suas costas, durante décadas, despencou serra abaixo.
Nunca ficará impune o desrespeito às leis físicas. A dor da morte não tem preço. O custo da recuperação das perdas soma-se ao tempo necessário para a restauração da paz entre as pessoas e a Natureza. O planeta Terra somos todos juntos: água, árvores, flores, montanhas, pássaros, seres humanos. Declarar guerra à Natureza é expor-se à derrota inevitável. A superpopulação e o consequente superpovoamento podem ser o começo de um conflito difícil de ser controlado.
No intercâmbio com a Natureza, é necessário certificar-se dos danos que se está causando a ela e dos prejuízos que ela poderá, cedo ou tarde, cobrar aos ocupantes, não importa onde estejam.
O custo da prevenção é infinitamente menor do que o da impossível recuperação.

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