quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O VOTO DA COERÊNCIA

A maioria dos candidatos eleitos para exercer cargos públicos, isto é, decidir sobre o uso do dinheiro provindo dos impostos, rapidamente se enriquece.
Se não forem tomadas as vacinas adequadas, o clima político, úmido e quente, emascula o caráter do eleito, confunde critérios, degenera princípios, apodrece ideais, suprime a honestidade, altera convicções.
Contaminado pela bactéria da mentira cotidiana, atacado de anemia profunda, o político se transforma num disseminador do vírus da apatia democrática resistente a qualquer tratamento, produzindo uma pandemia de indignação e desilusão no espírito do cidadão.
O clima político, úmido e quente, deixa pouco espaço para o voto da coerência destinado ao ideário, ao pensamento, às propostas evolutivas que deveriam manter a lógica dos argumentos e das assertivas.
Ao invés de adaptar processos de ação e métodos de análise do que é a essência da vida e dos comportamentos humanos, opta-se por mudar o pensamento, substituir convicções para melhor responder às tentações do poder.
O casulo do poder metamorfoseia o candidato num travesti político sem identidade, balançando-o na gangorra de valores contraditórios, dando-lhe a aparência moral de um camaleão em busca da cor que o confunde com os diferentes matizes da selva para sobreviver.
Sinto-me feliz por ter votado em Marina Silva. Ela me deu a oportunidade do voto coerente. O mesmo pensamento ecológico que defendeu nos seringais do Acre o expôs durante anos no Senado, aplicou-o no Ministério do Meio Ambiente e o propôs aos eleitores do século XXI, adaptando processos e aperfeiçoando métodos.
Alegro-me com amigos que buscaram, em reduzido número de candidatos, a virtude da coerência. É a ausência desta virtude, na maioria dos candidatos, que dificulta, hoje, expressar o voto da coerência.

Nenhum comentário: