quinta-feira, 21 de outubro de 2010

LIMA -PERU




Em Lima, uma das anedotas quase inacreditáveis e simpáticas, é discutir com um dos milhares de taxistas o valor da corrida para o local que o cidadão quer alcançar. Na capital do Peru, o diálogo, a negociação e os acordos bilaterais fazem parte da vida da cidade.
Visitei Lima quatro vezes, desde 1978 até esses últimos dias de 2010. Há horas em que Lima é asfixiante. Nove milhões de habitantes esparramados à beira do Pacífico, sobre areais desérticos, em altos edifícios, em casas baixas. O verde, como em quase todas as grandes cidades foi sacrificado pelo aumento descontrolado da população, pelas migrações campo-cidade, pela incúria e falta de  previsão dos administradores.
Peru e suas cidades vivem sob a influência de culturas milenares que apontam a destruição do passado e resistem aos atropelos do presente. O Inca está por toda a parte. No rosto, na fala, na estatura das pessoas, nas receitas culinárias mais e mais famosas no mundo gastronômico, nas confecções artesanais e na lenta adaptação ao modernismo urbano. Chineses e japoneses vieram cruzar seu DNA com o povo e a cultura peruana, de onde brotou uma singular mistura de comida oriental condimentada com saborosos produtos locais.
Lima enfrenta, tardiamente, os desafios da metrópole superpovoada. Está diante de dois megaproblemas: escassez de água e déficit habitacional. Mais de um milhão de limenhos vive sobre areias desérticas que circundam a cidade com precário abastecimento de água e deficiente serviço de esgoto. Outro desafio gigantesco será ordenar o tráfico urbano, invadido por automóveis individuais, micro-ônibus e kombis de transporte de passageiros, taxis sem taxímetro, enchendo as ruas e dominando os espaços públicos. As linhas diretas de transporte público ainda estão no início e o plano do metrô se arrasta por dezenas de anos.
Lima, ã exceção de algumas garoas, que se escondem nas altas massas de nuvens cinzentas, não recebe o conforto de chuvas tropicais reparadoras das energias perdidas durante o ano. Este fenômeno, por sua excentricidade, subtrai a preocupação pela cobertura dos edifícios e casas podem ser construídas sem teto. Mas isto não impede que a capital de Peru seja irrigada de música, de vida literária, de riquíssimos museus e casas de cultura fazendo jus ao Nobel de Literatura. A cidade, voltada para as águas misteriosas do Oceano Pacífico, onde moram os travessos El Niño e La Niña, encanta por suas praças monumentais e por parques aprazíveis para orgulho e descanso de seus habitantes e admiração dos visitantes.
Lima revolucionou a gastronomia. Seus chefs estão nas graças das melhores avaliações culinárias do mundo e oferecem uma imensa variedade de pratos com sabores raros extraídos de suas especiarias. Satisfazem os melhores paladares e acalmam a gulodice dos gourmands mais exigentes.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eugenio, querido amigo:
Si que tomaste el pulso dela ciudad en tus breves pero intensos días de visita.
Habrán otros viajes, otras ocasiones para rendir culto a la amistad y renovar la promesa de ser mejores, de seguir en la brega por un mundo justo y solidario.
Recibe un abrazo a todo sí, abarcante para que alcance para Hilkka tu encantadora compañera.

Jaime