quarta-feira, 9 de junho de 2010

CANDIDATURAS ESTÉREIS

Agora não tem mais jeito.
Os donos do poder impuseram aos 120 milhões de eleitores do Brasil duas candidaturas estéreis à Presidência da República. Institutos de pesquisa, jornalistas, economistas, analistas políticos, partidos de direita e esquerda, encegueirados pelo consumismo econômico não encontram indicio algum de que esses dois satélites teleguiados girem em torno de outro eixo que não seja o PIB.
Impulsionados pela inércia política, sem vida própria, apáticos, inflexíveis, os dois bólides se mantêm no ar a uma mesma altura e velocidade, prestes a cair sobre nossas cabeças. São duas sementes chochas, sem viço e sem germe. Ambos se equilibram com um pé sobre uma única coluna – o PIB. Pode haver um assunto mais estéril que melhor se adapte à esterilidade dos dois candidatos? Pode haver um tema mais indigesto, sem sabor, capaz de manter longe da mesa os convidados eleitorais?
E as filas de doentes em todos os postos de saúde e hospitais do país não entram no PIB? E os milhões de crianças que saem das escolas sem compreender o que leem ou sem dominar as 4 operações, depois de 8 anos de merenda escolar e de professores malpagos, não entram no PIB? Esses milhares de quilômetros de rodovias e a ausência lamentável de ferrovias não entram no PIB? Essa desertificação da Amazônia, do Cerrado, esses rios poluídos, nascentes arrasadas e cidades inundadas anualmente não entram no PIB?
E quem se preocupa com o Congresso Nacional que receberá os mesmos senadores e deputados aloprados e corrompidos para nos brindar com leis que não pegam? Que importa a opinião desses dois autistas políticos sobre aborto e casamento gay se a decisão será tomada pelos representantes do povo, futuros habitantes da casa legislativa?
Parece evidente que a faculdade humana de pensar foi esquecida e abandonada. A bola substituiu o cérebro. A corrida eleitoral com dois galopantes mancos não atrai apostas nem desperta interesse pelo hipódromo.
Pensar, caro eleitor, é um esporte radical. Se bem praticado, pode mudar o rumo da política, da cidadania e dos governos.

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