terça-feira, 22 de junho de 2010

APOSENTADOS

Sou um dos milhões de aposentados cujo benefício foi acrescido, neste ano, em 7,7%. Quando solicitei a aposentadoria, após 35 anos de contribuição ao INSS, deram-me 70% da média dos últimos salários. Os sucessivos pacotes econômicos quase arrasaram esses valores. Recuperaram-se vagarosamente ao longo de duas décadas, mas representam, hoje, 1/3 do salário recebido durante o exercício da profissão. Se o valor de 70% tivesse sido mantido, minha aposentadoria seria o dobro do que hoje é.
Quem pena, porém, com baixas aposentadorias são os idosos que se jubilam aos 65 anos, com um salário mínimo (R$ 510,00). Os aumentos são ilusórios e se prestam a manipulação política. Há dez anos, com esse valor, comprava-se muito mais. As diferenças de salários pagos a trabalhadores, empregados e funcionários públicos são de até 30 vezes: de 510 a 15.000 reais. Essa diferença manterá o índice de desigualdade entre trabalhadores. Nos países escandinavos, essa diferença de salários não passa de 8 vezes. Mas o impacto maior e, talvez insanável, é a diferença entre o salário dos trabalhadores e a renda de executivos de grandes empresas, os apostadores da bolsa de valores e compradores de moedas fortes. As diferenças alcançam a mais de duzentas vezes.
O preocupante, no Brasil, é preciso lembrar, são os 56,9 milhões de cidadãos abaixo da linha de pobreza sustentados pelo programa de compensação salarial Bolsa Família. Os 24, 7 milhões que sobrevivem na extrema pobreza, dos quais 70% são afrodescendentes e 50% vivem no Nordeste. Para completar esse quadro de anomalias, a diretora da TV Brasil, informa publicamente que existem, no país, 20% de deficientes físicos, isto é, quase 40 milhões. São números suficientes para um plano de investimentos prioritários.
No Brasil, as políticas governamentais seguem as da iniciativa privada. Investe-se muito onde pode dar certo e quase nada onde deveria dar certo: educação.

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