terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A REAL E PRESIDENCIAL SOCIOLOGIA

O Presidente da República é legítimo representante da cultura popular iletrada, do linguajar rural espontâneo, periférico, entre o curral, a casa de tolerância e o boteco à beira da estrada.
Expressa singular desprezo pela leitura e pelos modos educados de falar às pessoas, cidadãos do país. Ele conclui, em sua filosofia realista, que a maioria dos cidadãos só compreende a linguagem dos estábulos, da marafonagem, do bêbado excitado ou do valentão de rua.
Minha diarista pouco lê e menos escreve, porque no Maranhão, onde nasceu, não havia escolas há vinte anos. O tempo comeu sua oportunidade infantil de estudar. Comunica-se aos pedaços, mutila palavras, come terminações e esses, mas nunca usa palavras chulas que se dizem em rodas menores pela força da raiva, da intimidade, do hábito ou da cachaça.
Nunca precisei usá-las para que ela entendesse ou percebesse alguma circunstância desafortunada no serviço da casa ou nas relações humanas. Nem mesmo ao falar do comportamento público do Presidente me ocorreu defini-lo e a seus comparsas de governo com palavras que ele brindou ao povo do Maranhão. Creio que os termos corrupto, mentiroso, hipócrita definem suficientemente o comportamento de grande parte dos homens públicos que governam o país na hora atual. Asco e repulsa são sentimentos inevitáveis diante da atuação desses atores.
Um presidente pode ser popular, querido, respeitado sem ser grosseiro, falastrão, burlesco, desmedido, quixotesco, dado a bravatas.
A febre, o delírio do poder avilta o cérebro, embota a percepção, transforma a fantasia em realidade e eleva a demência ao trono de verdade inquestionável e única.

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