sexta-feira, 11 de abril de 2008

OS SEGREDOS DO PRESIDENTE

Recebi de Pedro de Montemor o resultado de sua pesquisa virtual aos computadores da Casa Civil, da PR do Brasil.
Mantenho-me fiel ao texto recebido e compartilho com os estupefatos cidadãos brasileiros diante das despesas lícitas, necessárias e sigilosas de nossos próceres da república.

Meu caro concidadão,
Escrevi uma carta à companheira Dilma, recordando nossos tempos de universidade, os sonhos revolucionários de estatizar todos os bancos e extinguir o imperialismo yanki, bem como os dias sombrios atrás das grades, naquele inesquecível período governado por marechais e generais. Ao final da carta, em tom humorístico, pedi-lhe a chave dos computadores da Casa Civil para olhar com meus olhos imparciais de companheiro de lutas, as supostas despesas sigilosas do Presidente Lula e sua imperturbável esposa. Seriam realmente comprometedoras da segurança nacional, isto é, o povo brasileiro correria perigo de extinção se esses gastos não tivessem sido feitos? Provocaria um levante incontrolável das massas trabalhadoras amontoadas nos bairros pobres e favelas de nossas grandes capitais a revelação dessas despesas? A resposta é sim.
A senhora plenipotenciária Dilma, como a denomino na intimidade epistolar, respondeu-me que qualquer pessoa de bom senso poderia imaginar os gastos de um presidente, sem ter acesso aos segredos dos arquivos eletrônicos.
O conhecimento acumulado nesses quase seis anos de mandato sobre hábitos, desejos e gostos do casal presidencial, ajudou-me a especular sobre as possíveis despesas em alguns setores do consumo diário que poderiam pôr em risco a população brasileira, a fauna e a flora nacional.
Suponhamos que os assessores etílicos da Casa Civil tenham estimado um consumo de whisky de dois litros por semana e cinco garrafas de aguardente mineira da boa. 520 litros de whisky e 1.300 garrafas de cachaça, em cinco anos, a serem esvaziados nos salões de dois palácios presidenciais, na Granja do Torto, em merecidas férias nas residências da Marinha à beira-mar, em casas de investidores que sustentam o crescimento da economia e de amigos fiéis, são uma gota d’água comparados com o que milhões de pinguços ingerem por este Brasil afora.
O álcool, sob qualquer forma, é imprescindível ao funcionamento da máquina estatal. O racionamento de seu consumo paralisaria a administração pública de todos os ministérios. Deixaria o país à deriva e qualquer exército vizinho invadiria nossas fronteiras do Oiapoque ao Chuí. Nada mais estratégico, em termos militares e administrativos que se mantenha sigilo sobre o uso desse armamento explosivo.
Alguém dirá que esqueci dos vinhos. Não me atrevi a entrar virtualmente nos arquivos do Itamaraty, a cujos sommeliers está afeta essa complicada competência, pois em minhas viagens ao exterior, precisarei eventualmente de seus representantes.
Procurei outro item virtual: os ternos Armani do Presidente. Aqui, todo sigilo é pouco. Seria temerário saber com qual deles o Presidente sairá à rua para inaugurar um projeto de obra do PAC. Seus inimigos o identificariam imediatamente e se tornaria alvo fácil de uma bala perdida nos morros do Rio de Janeiro.
Pensei na contratação de espiões qualificados para a Agência Nacional de Inteligência. O espião, os seguranças pessoais e o detetive devem ser irreconhecíveis. A gabardine, o chapéu preto e óculos escuros não passam de disfarces. Os verdadeiros guarda-costas estão em manga de camisa.
Num país onde são pouquíssimas as leis que colam, seria uma gritante injustiça condenar ministros que, no exaustivo cumprimento de seus deveres, num momento de profundo estresse, tivessem se equivocado de cartão para comprar perfumes, bebidas, delicatéssen em free-shop, hotéis cinco estrelas ou restaurantes de luxo.
Não especulei em profundidade os gastos com hotéis de cinco estrelas, restaurantes refinados, boates e motéis, pois é nesses ambientes reservados e discretos que se decidem os grandes projetos, se traçam as linhas estratégicas e se tomam decisões políticas de países emergentes à imitação dos governantes de nações poderosas.

Pedro de Montemor
Anistiado político

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