sábado, 26 de outubro de 2013

Evolução urbana e problemas ambientais em Brasília

       Com prazer publico artigo do geógrafo Dr. Aldo Paviani em meu blog para 
ilustração dos leitores.

                                                                       Aldo Paviani
                                               Professor Emérito, pesquisador associado da UnB e
                                               geógrafo da CODEPLAN/DF

            A transferência da Capital do Rio de Janeiro para Brasília, não ocasionou apenas mudanças de órgãos públicos e empresas. Os desbravadores acompanharam os pioneiros. Desnecessário se torna descrever o esforço dos construtores que, em outubro de 1956, ergueram o ‘palácio de tábuas’ – o Catetinho – a residência de JK. Passados 57 anos desse épico evento, por onde passaram os tratores, o ambiente foi modificado – como não poderia deixar de acontecer. O Catetinho é o exemplo de preservação com a exuberante mata e nascentes, ao fundo do terreno. Nas demais obras, primou o modelo, disseminado até hoje, de “terra arrasada”, que trará indesejadas consequências futuras. Portanto, algo a evitar com constância.
            Isso nos mostra que, havendo o primado civilizado da conservação, toda obra pode prosseguir sem acabar com o bioma Cerrado. As plantas nativas deveriam estar por toda a parte, pois elas mantém desejável bonança ambiental e águas subterrâneas. Por isso, as nascentes abafadas, o cerrado eliminado desde o início, por depredação até a última raiz de grama, deve cessar. O esforço de hoje é evitar a história repetitiva do que aconteceu com as sucessivas cidades-satélites, com povoamentos no estilo “um terreno, uma casa, uma família”, tal como aconteceu no Gama (1960), em Ceilândia (1971), Samambaia (1989), etc. e, mais recentemente, com o bairro Sudoeste e com o suposto “bairro ecológico” do Noroeste. No lugar dessa forma de povoar, um novo modelo deve ser introduzido com a preservação de plantas, animais, do ar e do lençol freático.

              O povoamento moderno, deve ensejar a guarda dos bilhões de litros de água vindas das nuvens para os mais diversos fins. Aliás, após os abafados e secos meses de estio, virá o período chuvoso com alagamentos e torrentes avassaladoras.  O que estiver no caminho correrá para o lago Paranoá. Assim, o lixo e os dejetos que a população joga nas ruas e avenidas é um problema ambiental enorme, que resulta não é apenas no atulhamento do lago, mas no desperdício de água por falta de infiltração no solo e as possibilidades de abertura de crateras (voçorocas) ocasionadas pelas enxurradas. Então, cada novo edifício erguido se obrigará a plantar árvores do Cerrado, construirá tanques para estocar milhares de litros de água da chuva, captadas no telhado e superfícies cimentadas – como em estacionamentos. Todo o DF será beneficiado. É o que desejamos.

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