quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O RETORNO DAS ÁGUAS



Quando publiquei o pequeno livro O RETORNO DAS ÁGUAS (edição bilíngue), em 2005, meus experimentos em ações de preservação de nascentes, no Sítio das Neves, completavam mais de vinte anos. Durante esse tempo, dediquei-me a observar o comportamento das águas no período seco e na estação das águas.
A primeira lição que o cerrado me deu referia-se à rápida evasão das águas da chuva pelas grotas e canais milenares de esgotamento que as levavam para os córregos e ribeirões. O escoamento rápido era favorecido pela nudez do solo provocada pelas queimadas anuais estimuladas pela cultura popular composta de crendices e falsas informações.
Duas iniciativas pareciam brotar do chão sugeridas pelas leis físicas da natureza. Primeiro, impedir as queimadas; segundo, captar, conter e reter as águas da chuva por meio de barragens. O resultado óbvio previsível: as águas permaneceriam mais tempo na área, a vegetação se expandiria e reteria nas folhas e nas raízes maior volume de umidade.
Leituras e consultas a especialistas ampliaram minha curiosidade de sociólogo observador. Interessei-me por compreender o ciclo das águas, os aquíferos subterrâneos, os processos de infiltração e percolação, a lei da inércia aplicada aos fluxos líquidos, a espetacular solidariedade dos vasos comunicantes.
O diálogo permanente e intenso com a natureza me fez compreender que eu faço parte dela. Concluí que eu preciso da água e a água precisa de mim ou de minhas atitudes coerentes com as leis da natureza.
Minhas observações, reflexões e mensurações conduziram-me a perceber, depois de alguns anos, sinais de nascentes ou olhos d’água em pontos mais altos da área. A restauração da vegetação, nesses locais, antecipava o afloramento da água logo nas primeiras chuvas. Meu Sítio tem, no período chuvoso dezenas de afloramentos de água que se esgotam com o final das chuvas. Há outros, porém, que resistem aos veranicos e se prolongam por pouco tempo depois do término da estação chuvosa.
Atento às leis físicas, ao processo de infiltração e percolação resultante da captação, contenção e detenção das águas pluviais, acalentei a certeza de que seria possível emendar as águas da chuva com os aquíferos subterrâneos. A recarga do lençol freático formaria pressão suficiente para que se restabelecesse a vida das nascentes.
As leis físicas não me enganaram. Levei amigos, estudiosos e especialistas da Agência Nacional de Águas para comprovar o retorno das águas, numa das nascentes intermitentes, depois de quase 30 anos de espera paciente.
Uma tremenda emoção me sacudiu o espírito diante do milagre da natureza operado pelas 

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito interessante este estudo e aprendizados.
Goataria de saber dados completos sobre o livro "O Retorno das Águas"
Pois gostaria de adquirí-lo para aprofundar um pouco mais sobre o tema.
Favor enviar para denismmedeiros@terra.com.br
Att.
Denis Medeiros - eng. Civil