Quando publiquei o pequeno livro O RETORNO DAS ÁGUAS
(edição bilíngue), em 2005, meus experimentos em ações de preservação de
nascentes, no Sítio das Neves, completavam mais de vinte anos. Durante esse
tempo, dediquei-me a observar o comportamento das águas no período seco e na
estação das águas.
A primeira lição que o cerrado me deu referia-se à
rápida evasão das águas da chuva pelas grotas e canais milenares de esgotamento
que as levavam para os córregos e ribeirões. O escoamento rápido era favorecido
pela nudez do solo provocada pelas queimadas anuais estimuladas pela cultura
popular composta de crendices e falsas informações.
Duas iniciativas pareciam brotar do chão sugeridas
pelas leis físicas da natureza. Primeiro, impedir as queimadas; segundo,
captar, conter e reter as águas da chuva por meio de barragens. O resultado
óbvio previsível: as águas permaneceriam mais tempo na área, a vegetação se
expandiria e reteria nas folhas e nas raízes maior volume de umidade.
Leituras e consultas a especialistas ampliaram minha
curiosidade de sociólogo observador. Interessei-me por compreender o ciclo das
águas, os aquíferos subterrâneos, os processos de infiltração e percolação, a
lei da inércia aplicada aos fluxos líquidos, a espetacular solidariedade dos
vasos comunicantes.
O diálogo permanente e intenso com a natureza me fez
compreender que eu faço parte dela. Concluí que eu preciso da água e a água
precisa de mim ou de minhas atitudes coerentes com as leis da natureza.
Minhas observações, reflexões e mensurações
conduziram-me a perceber, depois de alguns anos, sinais de nascentes ou olhos d’água
em pontos mais altos da área. A restauração da vegetação, nesses locais,
antecipava o afloramento da água logo nas primeiras chuvas. Meu Sítio tem, no
período chuvoso dezenas de afloramentos de água que se esgotam com o final das
chuvas. Há outros, porém, que resistem aos veranicos e se prolongam por pouco
tempo depois do término da estação chuvosa.
Atento às leis físicas, ao processo de infiltração e percolação
resultante da captação, contenção e detenção das águas pluviais, acalentei a
certeza de que seria possível emendar as águas da chuva com os aquíferos subterrâneos.
A recarga do lençol freático formaria pressão suficiente para que se
restabelecesse a vida das nascentes.
As leis físicas não me enganaram. Levei amigos,
estudiosos e especialistas da Agência Nacional de Águas para comprovar o retorno das águas, numa das nascentes
intermitentes, depois de quase 30 anos de espera paciente.
Uma tremenda emoção me sacudiu o espírito diante do
milagre da natureza operado pelas
Um comentário:
Muito interessante este estudo e aprendizados.
Goataria de saber dados completos sobre o livro "O Retorno das Águas"
Pois gostaria de adquirí-lo para aprofundar um pouco mais sobre o tema.
Favor enviar para denismmedeiros@terra.com.br
Att.
Denis Medeiros - eng. Civil
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