domingo, 19 de junho de 2011

SOCIEDADE


Quando a oposição, ou organismos não governamentais, ou sindicatos e associações de classe vêm a público reclamar que a sociedade não foi consultada sobre uma extravagante decisão do governo central ou de algum de seus brilhantes ministros a que se referem? Esse ministro ou o governo inteiro não pertencem à sociedade? De onde brotaram para espinhar a sociedade com propostas inaceitáveis? A sociedade não os reconhece nem compreende sua língua?
O pré-sal foi lançado como um programa salvador da pátria e da pobreza brasileira. Todos os estados da federação requisitaram parte do futuro dinheiro extraído de uma profundidade de seis mil metros. Esse dinheiro do futuro chegou a ser emprestado ao BNDES e devolvido ao governo num gesto administrativo espetacular justificado como sábio truque de “contabilidade criativa” para beneficiar milhões de brasileiros. A sociedade brasileira não foi ouvida e não sabe até hoje o que é o pré-sal. As empresas de petróleo devem saber. Elas pertencem à sociedade? A qual sociedade?
Dizem que a sociedade organizada deve ser consultada em audiências públicas. Qual é a sociedade que vai às audiências públicas? O governo e as petroleiras pertencem à sociedade desorganizada e, por isso, precisam consultar a sociedade organizada?
O governo quer esconder o volume de dinheiro que jogará pelos ares para ser aplicado em estádios de futebol, transporte público, trem-bala, aeroportos. Vai fechar num quarto escuro todos os segredos de Estado, do Lula, do Sarney, do Collor, da Guerra do Paraguai, das falcatruas dos bancos, das torturas passadas e presentes, dos assassinatos do tempo da ditadura. Tudo isto está fora da sociedade. De qual sociedade? Onde está a sociedade? E essas passeatas diárias são organizadas por qual sociedade?
O certo é que temos de ouvir a sociedade.

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